stopmakingsense 24/03/2024?Se as pessoas deste mundo querem sentir o gosto do mal por intermédio de suas vidas ou ações, então quero mergulhar tão fundo quanto possível no mal que há em meu mundo interior.?
?O futuro será algo desconhecido, que restará quando as chamas se extinguirem. O pavio do futuro acha-se mergulhado em um combustível transparente e frio. Quem neste mundo precisará prever o que lhe restará, no final, da própria inocência e pureza? Se é que algo restará.?
Acho que essa é a primeira vez em que me senti conectada de verdade ao Yukio Mishima. Minhas duas experiências prévias foram agradáveis, porém passageiras.
Lendo o pavilhão dourado, pude absorver melhor um pouco da grandiosidade e erudição do autor. Fiquei fascinada com suas reflexões sobre beleza e com a construção do Mizoguchi.
Li esse livro com muita calma, muito cuidado. Acho que é o tipo de leitura que pede um momento para compreensão, para sentimentos e considerações. É ótimo conseguir ?saborear? cada ideia com certa tranquilidade. Demorei um pouco mais para terminar o pavilhão dourado justamente para conseguir ler e tentar absorver sua grandiosidade.
Não acho que com uma única leitura eu tenha compreendido tudo, e nem tenho essa pretensão. Esse primeiro contato serviu mais para me aproximar da escrita do Yukio Mishima, apreciar sua estética e construção de enredo e personagens.
Essa experiência foi muito bacana e imersiva. Marquei muitos trechos interessantes e pensei bastante sobre muitos temas abordados. Também achei incrível conhecer um pouco sobre o Japão naquele período específico.
Fiquei com muita vontade de ler tudo o que o Yukio Mishima escreveu. Sua figura controversa e curiosa me fascina, e tenho certeza de que encontrarei mais tramas instigantes em seus outros trabalhos.
?Eu me sentia mergulhado até o pescoço naquilo que é a própria existência do meu ser. O mundo externo se fazia, em diversos pontos, alternativamente frio e quente. Como poderei dizer... sim, é isso, ele se mostrava manchado, formava um mosaico. O mundo externo e o meu mundo interior trocavam lugares de forma descompassada e leniente.?
?Se, por um lado, a figura perecível do ser humano deixava emanar um vislumbre da eternidade, por outro, a beleza indestrutível do Pavilhão Dourado fazia perceber a possibilidade de destruição. Seres mortais como o homem eram inextinguíveis, e seres imortais como o Pavilhão Dourado, passíveis de destruição.?