Rosana 21/06/2013Proteja-meOlá! a resenha de hoje é Proteja-me de Juliette Fay
Proteja-me é uma narrativa repleta de emoções e humor, cuja história nos leva às lágrimas, mas também nos faz rir diante das reações de Janie nos meses subsequentes à brusca perda do marido. Tudo o que ela tem são as memórias de Robby a quem muito amou, os filhos Daylan que está na pré-escola, e Carly, bebê de colo.
Nada faz sentido para Janie; apenas a dor, é claro, e raiva.
“ A campainha tocou...ela se esforça para enfrentar a intrusão, esperando não fosse outra oferenda penalizada de quiche..ou a porra de um presunto assado.”
Os amigos e vizinhos pararam de visitá-la, percebendo que a companhia deles era insuportável para Janie. Fazia exceção Tia Jude que, embora falasse demais, vinha vê-la, diariamente. Carly só aceitava a mamadeira quando tia Jude a oferecia. Vinha,também, semanalmente, Jake ( o padre menino, o padre ouvinte). Foi dele a ideia de escrever um diário. por sinal, revelador.Todas as sextas, vinha o padre,sempre no mesmo horário, para ouvir o que Janie tinha para desabafar.
Depois de dois meses de visitas,o padre diz que Janie não fala, ainda, nada de bom.
” Ele acredita que a dor a está vencendo.”
Aos poucos, ela começa a fazer caminhadas com o padre; ela o hostiliza; aliás a todos os que dela se aproximam.
“Você me antagoniza, é desdenhosa e uma péssima ouvinte.”
Nas noites de insônia, começa a trocar e-mails com ele. A convivência os aproxima, e ele abre o coração, falando do passado. Já foi noivo. Diz que a solidão, hoje, tem um propósito: “abre espaço para irmos atrás do mundo”. Janie se opõe: a solidão a fez chata e infeliz. diz ela.
Vulnerável, Janie entrega o coração, se apaixonando pelo sacerdote. Porém a intervenção da mãe, Noreen, a traz de volta à realidade. E é odiada por isso, para sempre. Ela não se conforma.
Janie se vê abandonada por muitas pessoas na vida. Através do diário, e com a rotina dos filhos e a casa, procura, embora com muitos erros, lidar com o cotidiano sem o marido que era o amigo e confidente. A vizinha Shelly, que embora pouco visse, mudou-se, o padre que se afastou completamente, e a mãe que estava na Itália.
Janie recebe da mãe uma carta explicando o motivo de ter pedido o fim do relacionamento dela com o sacerdote.
“Uma filha precisa da mãe quando uma tragédia ocorre, porém não consigo ficar assistindo você se tornando eu. Trabalhei duro... A velha dor me avassalou ...”
O marasmo da amargura e do sofrimento a perturbam e, como armadura, recorre à ironia e ao sarcasmo em relação a todos que a cercam.
Em casa, tem um empreiteiro que está construindo a varanda nova ; presente do marido. A rotina segue.Ignora a tudo e a todos. A obra fica pronta, e eis que Tug, o empreiteiro, afeiçoado à família continua visitando-os. Mal percebe Janie que estava caminhando na direção de uma mudança na vida. Ela, os filhos e Tug se dão bem, salvo algumas “escaramuças” entre eles. Nada importante. Eles se desabafam, falam do passado. Fazem uma viagem. Sentem-se semelhantes. Porém, Janie não tira a aliança do dedo.. A falsa armadura a separa o amigo. Perto do Natal, Shelly, vem vê-la . Horroriza-se com o que ouve. Ordena a retirada da aliança. Embora relutante, Janie o faz.Descobre, por fim, que tudo ficará melhor com a ajuda dos outros e, principalmente, daqueles com quem menos se espera.
Uma ótima história, com boa diagramação, levando em conta o papel, o projeto gráfico todo. Recomendo.