Amy 07/07/2021
Interessante
Tinha curiosidade sobre essa história há muitos anos, finalmente pude matá-la. É um livro que me prendeu em muitos momentos, mas que tem uma certa barriga e que me fez questionar muitas coisas sobre o pensamento dos personagens. Sei que é incorreto esperar que pessoas de um século tão diferente e distante do que vivo pensem como eu, mas o livro faz toda a questão do abolicionismo parecer uma grande bobagem. Ele é citado de maneira totalmente rasa e, se Isaura fosse preta, haveria toda essa comoção? Oh, como é cruel a escravidão da moça branca. E só. Porque o tempo todo, parece que só por isso (já que foi o que lhe deu privilégios na família dona da casa grande) ela é melhor que todo mundo; até que as outras pessoas brancas, pasmem.
O romance é do jeito exagerado e corrido da época, compreensível, mas demasiadamente (hehehe) dramático em suas demonstrações.
Seria Leoncio o primeiro macho abusivo? Fica aí o questionamento.
No mais, é uma história legal, que até nos dá vislumbres do passado contando um pouco sobre a mãe de Isaura (essa, sim, merecia um livro só seu, mas acabou ganhando uma telenovela muitos anos depois) e Miguel. E é bem menos lenta do que eu estava esperando, inclusive, com um destaque até que considerável aos personagens secundários. Uma coisa que, apesar de me fazer revirar os olhos lendo, mas achei interessante dada a época do livro é quando Isaura questiona de que vale ter tido tantos privilégios se vai ter um destino péssimo ? como se por um momento, em seu desespero, desse a entender que é melhor que as outras moças (provavelmente as outras escravizadas como ela, mas diria que qualquer moça sem fortuna também). Isso me pegou de surpresa, me fez até achá-la sonsa por um momento, o que tornou a personagem mais interessante, mesmo que nos 45min do 2° tempo.
Um ponto que me irritou (e irrita nesta ou qualquer história) é a protagonista ser uma mulher por quem todos os homens se apaixonam, um estereótipo batido.