Lane 01/01/2021
Tive vontade de ler "A escrava Isaura" após assistir pela terceira ou quarta vez a adaptação para para televisão, feita por Tiago Santiago. Grande foi a minha surpresa ao descobrir que a maior parte daquela trama e desenvolvimento de personagens é mérito do Tiago, já que no livro a história é mais concisa e fluída, e centrada em Isaura e em outros personagens que interagem com ela, o que me deu uma decepcionada, pois eu esperava ver ali os vários enredos que tinha visto antes na novela.
Fui ler cheias de expectativas, e essas "decepções" acontecem, mas a minha real decepção foi com a representação feita dos demais escravizados. Meros coadjuvantes, em metade das cenas em que aparecem, as suas características físicas são ridicularizadas, e eles não recebem um terço da comoção que Isaura recebe de outros personagens. O motivo? Infelizmente já sabemos.
Por se tratar de uma obra de 1875, onde pessoas pretas eram desumanizadas e ainda escravizadas com permissão da lei, estranho seria se estes fossem representados de uma forma melhor. Apesar do desgosto que senti ao ler certas coisas repugnantes acerca dessas pessoas, depois de ler "A escrava Isaura" eu passei a admirar mais ainda a adaptação de 2004, onde os escravizados recebem maior importância e tempo em cena, além da representatividade à cultura afro-brasileira que estava se desenvolvendo ali.
Quanto ao livro em si, achei bom, tem um desenrolar que provoca a curiosidade do leitor. Mas, talvez por interferência da adaptação na minha mente, não consigo achar que seja grande coisa.