Gabriella123 29/03/2023
Uma fada, um anjo, uma deusa, uma mulher!
Eu fiquei muito satisfeita de finalmente colocar meus olhos em mais uma literatura nacional e adorar cada capítulo lido. Na escola, só havia escutado menções sobre, mas nunca tinha chegado a ler uma mera página, agora vejo que tardei uma convidativa leitura.
Sendo ?A Escrava Isaura? um livro romântico, eu não me surpreendi ao ver o quão maravilhosa era Isaura e o quão apaixonante ela era, não só para nós, como para os personagens da trama. A cruz que ela carrega é a de literalmente ser dotada de uma beleza divina, inteligência e um bom coração, e para sorte dela, Álvaro entra em concordância com seu límpido espírito! É simplesmente fomentador a forma como o autor nos envolve na trama e torce pela felicidade dos dois!
Contudo, esse livro me foi vendido (e ainda é, pelo visto) como algo revolucionário por mostrar a campanha anti-escravagista através do fidalgo Álvaro, que era republicano e abolicionista. Na minha opinião, não vi nada disso no livro, óbvio que houve frequentes menções ao movimento e falas explícitas sobre, mas mesmo Isaura, que é o foco central da trama, era uma escrava branca que foi muito bem educada (tanto que muitos sequer suspeitam que ela é escrava por conta de sua beleza assomado com seus ensinos), o que em nada se casa com a realidade. A motivação maior de Álvaro era apenas libertar Isaura e, como seu confidente amigo havia dito, para a época, acabar com a escravidão era quase utópico ? ou seja, partindo para o final da meada, era que as atitudes do fidalgo eram em prol de sua amada, e não por uma causa verdadeira. Inclusive, a única negra que teve sua beleza reverenciada foi Rosa que, através da narrativa, só se mostrou uma mulher magoada, invejosa e que nos causa asco.
Agora, afastando esse lado, não há o que reclamar da narração. Bernardo Guimarães fez um ótimo trabalho no seguimento das informações e a trauma é, nada mais e nada menos, que cativante!
?As leis civis e as convenções sociais são obras do homem, imperfeitas, injustas e muitas vezes cruéis. O anjo padece e geme sob o jugo da escravidão, e o demônio exalta-se ao prestígio da fortuna e do poder.?
? Guimarães, Bernardo - A Escrava Isaura.