Nalí 26/04/2020Gostei muito!“A escrava Isaura” é um romance bem conhecido, pois foi adaptado algumas vezes para a Teledramaturgia, mas só recentemente tive a experiência de conhecer a história original.
Isaura é filha da relação de uma escrava com um feitor português, Miguel. Nascer branca não lhe poupou da escravidão, porém fora criada pela esposa do Comendador Almeida, que lhe deu uma educação primorosa. A única coisa que a boa senhora não foi capaz de lhe dar foi a liberdade.
Miguel fora presente na vida da filha cativa e por várias vezes tentou comprar-lhe a liberdade, porém os donos recusavam suas propostas. Quando o Comendador finalmente aceita vende-la, ele morre antes que Miguel possa juntar a quantia cobrada.
Leôncio é um homem vil, sem caráter e ardiloso, e único herdeiro do Comendador Almeida. Ele nutre sentimentos luxuriosos por Isaura e está disposto a tudo para tê-la. Agora Isaura é sua propriedade e ele não irá medir esforços em seus assédios para “conquista-la”.
Escrito em plena campanha abolicionista (1875), com o intuito de fazer um apelo anti-escravagista e libertário, o autor expões as situações intoleráveis do cativeiro em contraste com a vida privilegiada da sociedade elitista da época. A fim de exercer alguma influência nas mulheres o assunto fora abordado de forma sentimental com a idealização romântica, Isaura só iria se entregar para o homem que amasse e iria resistir a todos os assédios contra sua honra.
A história possui a tríade básica dos romances, mas de forma bem estereotipados (e isso se estende aos demais personagens): a heroína, bela, nobre, corajosa; o herói galante, bom, nobre e generoso; e o vilão, um antagonista totalmente desprovido de qualidades.
A narrativa é rápida, mas dependendo da edição que leias, a linguagem pode ser um pouco mais rebuscada, porém não creio que isso dificulte a compreensão da obra. Apesar de ser um livro curto há discussão abolicionista, tendo como voz os personagens Álvaro, abolicionista, e seu amigo Dr. Geraldo, contrário a ideia.
“A escrava Isaura” foi um grande sucesso e permitiu que Bernardo Guimarães se tornasse um dos romancistas mais populares da época. É inegável que o livro tem seus méritos, principalmente no contexto da época.
Comparado com um romance atual, a história é bem simplista e rápida. Não explora tanto as emoções de Isaura e nem o porquê da obsessão de Leôncio por ela, ele simplesmente a quer e acha que pode passar por cima de tudo e todos para tê-la.
Por fim, concluo dizendo que ler essa história foi uma experiência enriquecedora, mesmo o romance sendo superficial, pois o intuito era abordar a desumanidade da escravidão, consegui imaginar-me vivendo naquela época e sendo chocada com o quanto o autor expunha a situação.
Se você quer ler/conhecer um clássico da literatura nacional, recomendo que leia “A escrava Isaura”.