Coisas de Mineira 20/01/2022
Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, foi publicado no ano de 1719. Essa edição está muito caprichada, é ilustrada e comentada. A Editora Zahar torna possível a você, além de fazer a leitura esperada, também irá agregar diversas informações além. As notas são extremamente pertinentes e funcionam como um norte a mais nessa incrível jornada. Acompanhe comigo então um pouco mais sobre esse romance um tanto epistolar, e uma espécie de diário, mas de fato, das aventuras de Robinson Crusoé. Você ficará encantado com essa autobiografia fictícia!
A história se dá, porque nosso aventureiro naufragou. Não cheguemos à essa obra esperando verdades absolutas, ensinamentos profundos, ou qualquer tipo de epifania. Aqui, tão simplesmente, iremos descobrir o que Crusoé passou e enfrentou nesta ilha deserta. Pode ser que por alguns momentos sintamos uma linguagem um pouco mais rebuscada, ou que a narrativa não esteja tão fluída. Creio que isso faz parte do espírito do livro. Pois, o próprio narrador afirma que irá se concentrar em registrar fatos mais objetivos e importantes a partir de certo ponto. O que faz tudo mais divertido e dinâmico.
“Mas, ai de mim! Não era de admirar que estivesse enganado, pois nunca fazia nada certo. Não havia outro remédio senão persistir…”
Teremos, durante as facetas de Crusoé para sua sobrevivência, toques tanto sobrenaturais, quanto realistas. A mistura de gêneros é algo intrínseco aos acontecimentos e experiências, bem como à própria narrativa. Alexander Selkirk foi um marinheiro escocês, e a inspiração de Defoe para seu Robinson Crusoé. A fama do autor nasceu aí, uma vez que possivelmente tendo entrevistado Selkirk, e com adições de sua própria imaginação, a obra ficou tão conhecida. É isso que dá quando se escreve a respeito de um sujeito que ficou em uma ilha deserta por 28 anos…
Dessa forma, poderemos ter inúmeras aventuras explanadas por Robinson Crusoé. Ele conseguiu construir um local pra viver, e recolher alguns suprimentos de sua embarcação. Nosso protagonista encarou diversas situações inusitadas, desde a presença de canibais, piratas e até mesmo outros naufrágios. Uma visão religiosa/bíblica também pode-se ser enxergada na trama, uma vez que como o filho pródigo que deixa seu lar, Crusoé também saiu. O que era para ser uma aventura e conhecimento do mundo, foi de encontro a grandes calamidades. Outro trecho que pode ser uma analogia religiosa, é relacionado a doença de Crusoé e a personalidade bíblica Jó.
“Isso tocou meu coração um pouco, e arrancou lágrimas de meus olhos, e comecei a sentir-me abençoado que tal prodígio da natureza acontecesse em meu benefício…”
Foram mais de 20 anos sem contato com outra pessoa. Faz alguns companheiros daí em diante. E finalmente há a chance de resgate. Ao ajudarem o britânico capitão do navio a tomar posse de sua embarcação contra amotinados, os “ilhados” ganham a chance de libertamento. Crusoé contabilizou seu tempo de “cativeiro” em de passar 28 anos, 2 meses e 19 dias na ilha. As coisas mudaram na Inglaterra e ele terá uma grande surpresa a respeito de sua vida.
“Qualquer um pensaria que naquele estado de ventura eu jamais voltaria a sujeitar-me a riscos, e assim, na verdade, seria, se outras circunstâncias tivessem concorrido; mas eu havia me habituado à vida errante, não tinha família direta nem muitos parentes…”
De certo modo, podemos até acessarmos um “modo” reflexivo ao conhecer a história de vida de um homem tão solitário, que conseguiu sobreviver por tantos e tantos anos sozinho, sem qualquer interação humana – esse foi Robinson Crusoé. Lá (na ilha) ele precisou aprender a viver de outra forma. Necessitou instruir-se e reaprender maneiras de lidar com as adversidades que iam surgindo. Foram anos de certo tipo de sofrimento, de aprendizados, e de novas jeitos de encarar a realidade.
Robinson Crusoé, de Defoe, acabou por conquistar uma figura arquetípica na literatura mundial: o homem universal. Suas façanhas são conhecidas há alguns séculos, marcando e denotando acontecimentos semelhantes ou inspirados. Dificilmente alguém acostumado com a literatura ter contato com fatos semelhantes à naufrágios e ilhas desertas, e não associarem ao nosso protagonista.
Por: Carol Nery
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