O Espelho

O Espelho Jorge Plá Y Cid




Resenhas - O Espelho


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Fernanda 12/07/2013

[Resenha] O Espelho - Jorge Plá Y Cid
Olá!
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Pessoal a resenha de hoje é do livro "O Espelho" - Jorge Plá Y Cid. Conheci a obra do Jorge e fiquei super interessada, espero que você também possa ler.


O Livro se passa em um vilarejo Espanhol, onde pessoas se arrastam em meio a lugar perdido no tempo e parece que tudo esta esquecido e fora da realidade do mundo real. A escrita do Jorge é totalmente diferenciada de tudo que já li, se você não estiver muito atento a leitura você deixar escapar coisas importantes para a finalização da história.

Pedro e seus amigos, passaram boa parte de sua infância neste lugar perdido e cheio de mistérios esquisitos. Pedro foi uma criança digamos não muito boa e de verdade sempre sentir um certo medo dele. Já adulto Pedro se aflora como na infância um pessoa traiçoeira e ambiciosa.

No decorrer da história vemos muitos coisas estranhas que rondam a vida de Pedro. O principal delas é um espelho. Este livro nos faz perguntamos porque temos nossa parte do mal, será a sociedade que nos transforma ou é apenas uma características que muitos de nos escodemos de nós mesmos?.

O livro do Jorge leva seu leitor do sobrenatural a vida cotidiana (digo normal),mas chega-se a um momento em que chegamos a beira da loucura, pois entender o sobrenatural do livro é difícil. Será que somos todos malucos a beira da morte? ou será que um dia perderemos e nossa sanidade?.

Venha ler O Espelho e descobrir até onde vai a sua sanidade.

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Beijos!
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Maldito 27/04/2013

Resenha de 'O Espelho' originalmente postada no blog Dito pelo Maldito
Recentemente passei tanto tempo preso como leitor de um livro específico, que nem sei mais se ainda consigo realizar o caminho inverso e escrever, ao invés de apenas ler. Portanto, peço que me perdoem caso eu pareça um tanto enferrujado em minhas palavras, ou mesmo demasiadamente influenciado pela minha última leitura.
Sim. Por que o estilo meticuloso dos grandes mestres do horror literário não precisa morrer com eles. Ainda pode ser revisitado através das mãos de novos escritores em algumas obras realmente competentes no gênero.
Foi o que descobri enquanto lia a obra ‘O Espelho’ do escritor Jorge Plá Y Cid, uma narrativa próxima a Edgar Allan Poe, mas com uma forma própria de levar o leitor através de universos diferentes dentro de um mesmo enredo. Para que minha mente conseguisse absorver toda a carga contida nas páginas deste livro, senti necessidade de dividi-la em duas partes,... E é assim que tentarei compartilhar esta resenha com vocês.

A primeira parte nos leva a um supersticioso vilarejo espanhol, onde lidamos com uma descrição tão rebuscada, que apenas esses capítulos soltos poderiam facilmente ser confundidos com algum fragmento perdido, de algum clássico do início do século passado. Se você é afiado em literatura, neste momento já deve estar listando mentalmente os títulos que se imortalizaram neste período. E aviso que é bem por aí mesmo.
Com isso quero dizer que este início do livro, definitivamente não é para leitores amadores. A obra se utiliza de uma linguagem crua, nitidamente livre de qualquer influencia editorial, que já nas primeiras folhas te apresenta um parágrafo que se sustenta por cinco páginas. Algo que, creio eu, dificilmente passaria pelos padrões atuais de um editor.
Uma escrita que exige atenção redobrada por parte do leitor, não pelo perigo de se perder em meio à história, mas pelo sério risco de deixar escapar algum detalhe importante e se arrepender mais na frente.
Enfim, esse pedaço representa apenas a ponta dessa trama, e metade desse livro. Mas confesso que me envolvi tanto com aquela atmosfera, que me daria satisfeito se tudo acabasse por ali mesmo. E acabaria perdendo o melhor que estava por vir.

O que nos leva a segunda parte, em que todo o mistério já apresentado é reconstruído e transplantado para os tempos modernos. Nesse meio tempo acompanhamos a trajetória de dois fortes elos, o amadurecimento do ‘pseudo-protagonista’ Pedro, e o caminho do misterioso espelho que intitula a obra, e dita as regras dentro das vidas dos personagens.
A partir daí ocorre uma quebra naquele clima folclórico de interior, e o autor nos joga em uma Barcelona acinzentada, enorme em sua estrutura, mas com sua base minada pela corrupção de seus habitantes. Nesse ponto dá pra sentir uma proposital quebra no estilo da escrita, que é levemente atualizada junto com todo o resto dentro do enredo. Exceto pelo sombrio espelho que abriga segredos tão antigos quanto sua própria existência.
Aqui também funcionaria perfeitamente bem como outra história independente, já que antes das cem últimas páginas não tem como você deduzir o terceiro elo que une o presente e o passado dessa narrativa.

A obra flerta com o sobrenatural, mas o elemento foi brilhantemente usado apenas como um pano de fundo, deixando os leitores entretidos com as intriga desenvolvida entre os personagens, e totalmente ignorantes a respeito dos tentáculos sombrios que serpenteiam pelos bastidores da trama.
Definitivamente, o tipo de livro que não acaba antes do final.
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Ednelson 05/04/2013

“Lembre-se que é apenas um espelho, lugar de imagens, terra de reflexos. Não esqueça, o que ele reflete é o que a vida lhe apresenta.”
—Pág. 438.

Saudações, caros leitores! Objetos podem manipular pessoas, pelo menos quando conferimos tal poder a eles. Se vocês duvidam do que afirmo, lhes pergunto: alguém que seja fanático por carros consegue não desviar o olhar ao perceber um belo veículo se aproximando? Obviamente, não. Todavia, se ainda questionarem as minhas palavras, indago: nós, leitores assíduos, conseguimos entrar em uma livraria e não admirar dezenas de livros, mesmo que tenhamos ido ao estabelecimento apenas para comprar um que já escolhemos antes? Tudo bem, os exemplos que citei não retratam uma influência perniciosa, mas e se o objeto em questão fosse algo que ressaltasse o que há de mais abissal em você? Imaginem algo tão horrendo que lhe faria querer furar os olhos, pois a verdade é demasiadamente hedionda. Esse é “O Espelho”, vamos saber o que vi nessa trama em que a mente humana é o principal palco, mas tomem cuidado com a superfície reflexiva…

O prólogo nos puxa para um cenário em que a realidade e a fantasia, tecida pela percepção pasmada de um garoto, se confundem. O medo vem de duas direções, um sentimento de pesar por um falecimento e uma “sombra” que oprime a criança e nos serve claramente de aviso que algo terrivelmente errado está se desenrolando. Mas o que representa este ser que antagônico à luz? Essa é a interrogação para a qual a obra vai progressivamente construindo uma resposta.

Depois, o romance nos mostra um povoado onde a própria vida parece se arrastar duramente. O que quebra um pouco essa atmosfera mortiça é um grupo de amigos, entre eles Pedro e Júlio, peças fundamentais na trama.

O primeiro capítulo é percebido pela ótica de um corvo, clara referência a Edgar Allan Poe. Isto também serve de aviso para o fato de que o se segue é uma narração de terror mais psicológico do que choque visual, o que particularmente adoro. Não consigo me envolver com enredos onde o derramamento é maior do que a preocupação do escritor em nos fazer sentir os dramas dos personagens.

Neste pedaço de terra, o miasma maligno se manifesta a partir da velha Eulália, avó de Júlio e dona de um passado desgraçado. Inicialmente, consideramos que seja ela o que há de mais venenoso para os espíritos incautos que cruzarem a sua trilha, mas a verdade é muito mais assustadora.

O cerne d’O Mal é um espelho, peça de origem desconhecida, mas com um único objetivo: corromper o ser humano. Ou seria apenas dar um empurrãozinho naquilo que já carregamos, deixando claro como água límpida o que nos esforçamos para camuflar? Essa pergunta suscita um debate intenso no leitor sobre a natureza do homem. Será que nascemos bons e a sociedade é o que torna alguns podres? Existe uma predisposição aos delitos? Será que até o mais justo dentre nós pode se transformar em um monstro psicótico? Neste ponto, Pedro surge como fundamental cobaia nesse exame da psique, pois mesmo em sua fase infantil, demonstra sinais perturbadores, coisas que nos fazem sentir medo dele. O caráter do pequeno se prova ainda mais suspeito quando ao confrontar o Espelho pela primeira vez sente empatia e não pavor.

Com uma virada impactante, somos lançados para o futuro, onde reencontramos Pedro Cantillejo adulto, vivendo em Barcelona. Ainda mais vil, em meio ao mundo corporativo, e ocupando um posto privilegiado, graças ao fato de ser o noivo da filha do chefe, seguimos os passos de Pedro por uma camada da sociedade que coexiste, envolta em mistérios, abaixo da nossa. Enfim, caminhamos por trás do baile de máscaras.

Como toda boa história pede um embate de propósitos, não necessariamente contrários, mas distintos, conhecemos Daniel, um garoto órfão muito simpático que acaba ligando-se irremediavelmente a Pedro. O menino sente-se compelido a enfrentar a força que estende os braços para agarrar toda a pureza que encontrar para subvertê-la.

Humildemente, considerando que não sou um sociólogo ou algo próximo disso, posso dizer que o romance disseca o corpo do chamado “homem moderno”, consumido em uma corrida desenfreada pelo poder, mas que carece de uma razão além da aquisição de um posto elevado. Com uma escrita que conquista facilmente, olhamos para o abismo do espírito humano.

No ambiente urbano, onde a opulência convive ao lado da miséria em uma massa viva e em movimento constante, o horror, que estava supostamente trancado em um passado distante, vai se infiltrando em acontecimentos fortuitos. Até parece que uma força atua para que diversos elementos convirjam para um local, estabelecendo um confronto que determinará o destino de muitas pessoas. As últimas noventa páginas, mais ou menos, são simplesmente impossíveis de serem largadas!

Um traço que também me cativou neste trabalho de Jorge Plá y Cid é os moldes com os quais ele enquadra a perda de sanidade. Lembrou-me Lovecraft, onde o sobrenatural é uma coisa além de nossa própria compreensão e qualquer encontro com ele ou tentativa de esclarecê-lo conduz inevitavelmente à seguinte bifurcação: morte ou loucura.

O trabalho com a capa ficou excelente, usando tons de preto e azul para transmitir a sensação de um clima inóspito, ameaçador. Minha única crítica é quanto ao número de erros de revisão, o que me chateou um pouco. Se você quer desfrutar de uma obra de terror, essa é uma dica que deixo! Dou quatro selos cabulosos.

Escrevo no: http://leitorcabuloso.com.br/
Jorge 05/04/2013minha estante
Grande trabalho, Ednelson. Meticuloso, pegando os detalhes de fundo da história. As influências bem marcantes da obra, perfeitamente dissecadas em sua análise. Muito boa a resenha.




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