Antologia poética

Antologia poética Anna Akhmátova




Resenhas - Anna Akhmátova


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Mari 12/06/2020

Todo mundo deveria ler Anna Akhmátova!
Embora não seja muito conhecida por aqui, como seus conterrâneos Tolstói, Dostoiévski, Tchekhov e outros, Anna Akhmátova foi muito aclamada pelo povo russo.
Essa edição possui uma ótima introdução feita por Lauro Machado Coelho, que conta um pouco da vida da autora, o que é muito importante para o entendimento dos poemas. Antes mesmo de começar a ler seus poemas, fiquei apaixonada por Akhmátova, por sua história e sua força. Ela sofreu muito com casamentos fracassados, um marido autoritário (que a impedia de escrever e, por isso, infelizmente, não têm muitos poemas dessa época), as Guerras Mundiais, a perseguição e as censuras feitas pelo regime stalinista (provocando o assassinato de seu primeiro marido, as prisões de seu filho e de amigos e fazendo com que ela vivesse em miséria por muitos anos). Apesar de tudo isso, ela nunca desistiu e nunca perdeu sua força, morou a vida inteira na Rússia (ela repudiava a ideia do exílio, caminho que muitos de seus amigos escolheram) e publicou seus poemas baseados em tudo que fez o seu povo sofrer. Por isso, não me surpreende que os russos gostem tanto dela, ela era uma grande patriota, embora criticasse muito o governo stalinista, que tanto oprimiu seu povo, sua família e seus amigos. Para ela, a União Soviética não era a Rússia.
Mas, mesmo amando sua história, não quis criar expectativas quanto a seus poemas, o que foi uma ótima decisão, porque os amei. Não vou mentir e dizer que entendi plenamente todos os poemas, isso não aconteceu, alguns foram um verdadeiro mistério. Porém, a maioria me cativou totalmente, até chorei em alguns (principalmente, aqueles que foram inspirados pela prisão de seu filho, dá pra sentir todo o sofrimento dela).
Enfim, estou apaixonada por Anna Akhmátova e sua poesia, quero ler tudo dela.
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Paulo 11/06/2020

Akhmátova fala sobre seus companheiros, em algumas relações desgastadas, seus colegas poetas, que se reuniam num antro literário, e suas perdas e sofrimentos causados pela perseguição stalinista, sobrevivendo ela sempre em liberdade, diferente de seus parceiros, filho e outros conterrâneos.
Como qualquer considerado bom poeta, acho uma certa dificuldade em compreender grande parte dos poemas. Mas essa edição traz as contextualizações que elucidam seus versos.
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Carol 09/06/2020

Impressões da Carol
Livro: Antologia Poética {1981}
Autora: Anna Akhmátova {Ucrânia, 1889-1966}
Tradução: Lauro Machado Coelho
Editora: L&PM
208p.

Livro disponibilizado gratuitamente, durante a pandemia.

Anna Akhmátova, considerada a maior poetisa russa, alcançou, em vida, grande popularidade entre leitores e críticos. O que não se traduziu numa vida tranquila, muito pelo contrário.

Akhmátova foi uma das poucas artistas russas que não foi assassinada nem enviada ao exílio, durante a fase mais sanguinolenta da ditadura stanilista. No entanto, foi, recorrentemente, censurada, vivendo na quase penúria. Seu marido, Nikolai Púnin, foi preso e enviado para a Sibéria. Seu filho Lev Gumiliov, passou anos em campos de trabalho forçado.

Por tudo isso, acredito que Anna Akhmátova seja o tipo de artista cuja obra demanda um conhecimento prévio de sua biografia, para uma melhor compreensão. Ter pesquisado sobre ela, só engrandeceu minha experiência com sua poesia.

Esta edição conta com um bom prefácio do tradutor Lauro Machado Coelho e os poemas mais famosos, 'Réquiem' e 'Poema sem herói'.

"Profecia, Anno Domini MCMXXI

Não estás mais entre os vivos.?
Da neve não pode erguer-te.?
Vinte e oito baionetadas.?
Cinco buracos de bala.

Amarga camisa nova?
cosi para o meu amado.?
Esta terra russa gosta,?
gosta do gosto de sangue."
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Letuza 28/04/2020

Uma poesia feminina e forte
Anna Akhmátova nasceu em 1889 em Odessa, atual Ucrânia. Estudou em São Petesburgo em uma época que as mulheres não tinham muitas oportunidades de estudar. Começou a escrever poemas aos 11 anos, assinando-os com o nome da bisavó. Passou por inúmeras dificuldades, teve o marido morto, o filho preso, casou-se novamente, separou-se. Foi perseguida pelo regime stalinista por seus poemas serem considerados ?ameaças ao regime?. Foi banida e viveu em situação de quase miséria, porém Não nunca quis abandonar a Rússia e criticava que havia abandonado.
Seus poemas Réquiem mostram os sofrimentos, principalmente das mães que tiveram seus filhos presos pelo regime stalinista.
Poesia não é meu gênero literário preferido, mas esse livro é muito bom. A edição da L&PM é excelente e traz um pouco da vida da autora, além de explicações e contextualizações dos poemas. Gostei da leitura, achei fácil e muito bonita!
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Marta Skoober 14/04/2020

Não sou uma leitora de poesias, e não me perguntem porque dentre os livros disponibilizados pela LePM para download gratuito durante a quarentena escolhi esse. Talvez por ser de uma mulher, talvez por ser russa, talvez por ser do início do século XX, talvez por tudo isso.
Não foi uma leitura fácil, foi arrastada e sinceramente não sei se gosto ou não do que li. Mas posso dizer com certeza os poemas são impactantes, são fortes, dolorosos.

Grifos:
"Tempos terríveis se aproximam. Logo a terra estará coberta de novos túmulos. Esperem fome, terremotos, peste e o eclipse dos corpos celestes."
.
"E não é só por mim que rezo"
.
"E nos livros, era sempre a última página a que eu preferia a todas as outras"
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Nívia ¦ @niviadeoliveirapaiva 10/04/2020

Meu primeiro contato com literatura russa. ?
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Ju 28/03/2020

Para o dia 28/03
Há três épocas para a lembrança. A primeira é como o dia que passou. A alma, sob sua cúpula, sente-se abençoada e o corpo em sua sombra se compraz.
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isa.dantas 12/03/2019

A nova edição da L&PM é maravilhosa, com notas para a grande maioria dos poemas, que nos ajuda a compreender o contexto e as metáforas utilizadas.
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Mariana Dal Chico 05/01/2019

?Antologia Poética? de Anna Akhmátova nessa edição da L&PM tem a tradução direto do russo feita por Lauro Machado Coelho, que também é o responsável pela seleção, introdução e notas.
Na introdução temos uma breve biografia da autora, seguida de notas do tradutor e sobre a grafia do russo. Ao final, há notas sobre os poemas que apresentam o contexto de sua criação para o leitor.
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Anna Akhmátova fez parte do movimento acmeísta que privavam principalmente pela clareza, perfeição formal, simplicidade, léxico compacto, temática cotidiana, ausência de metáforas.
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Dias atrás eu comentei nos stories que não procuro entender o significado de cada palavra inserida no poema, gosto de ler de forma despretenciosa, me deixar levar pelos sentimentos despertados, por isso, pouco li das notas que se encontram no final do livro.
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A escrita da autora me cativou, pela intensidade de emoções inseridas em cada poema, pela simplicidade de suas palavras que transbordam sentimentos quotidianos de uma mulher que sofre por amor - não apenas o romântico -, e principalmente, por sua pátria que sofre com a guerra, fome, frio e a morte que espreita em cada esquina.
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Gostei demais dessa leitura, quero ler mais coisas da autora.
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Instagram @maridalchico
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Adriana1161 11/11/2018

Além da poesia
Carrega a marca do sofrimento que foi a própria vida da poeta. Explicação de cada poesia, uma a uma, facilitando o entendimento, através da explicação do contexto em que foram escritas.
É um dizer sem dizer, uma expressão única do sofrimento.
Genial!
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Marcos 20/07/2014

Imagens da impotência
Uma das principais tragédias de um regime totalitário é a impotência das pessoas comuns com a situação criada. Nada pode ser feito, apenas uma jornada de sofrimento enquanto se aguarda uma salvação que invariavelmente demora a vir. A poetisa Anna Akhmatova acompanhou a revolução russa desde o início e recusou-se a acompanhar seus colegas para o exílio. Sentiu que era seu dever ficar e servir de testemunha, registrando em seus poemas os sentimentos do povo russo e as imagens do mal. Para não ser morta, teve que escrever de forma que seu testemunho não fosse explícito, gerando poemas tocantes, mas profundos, que escondiam sua mensagem sob as aparências, driblando por anos a censura soviética. Os livros de ciências sociais jamais serão capazes de captar os sofrimento de um povo da mesma forma com que um verdadeiro poeta é capaz.
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Larissa.Goya 14/12/2013

Não sou particularmente fã de poesias, mas os versos de Anna Akhmátova são lindos, de uma sensibilidade quase transcendental, a natureza e as sensações do ambiente sempre ocupando um papel importante neles. Além disso, são interessantes os poemas que tratam de temas históricos tão importantes, como a 1ª Guerra Mundial naquele contexto da URSS e Europa Oriental.
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Arsenio Meira 11/08/2013

FLORES E FOGO


ANNA AKHMÁTOVA, genial poeta Russa, perdeu dois maridos, foi perseguida e coagida sob o julgo do genocida Stalin, mas resistiu e legou à pobre humanidade uma das maiores riquezas que um ser humano pode deixar como herança: a grandeza de sua arte.

Como senão bastasse ter sofrido com a execução sumária do seu marido, acusado de atividades divergentes da política empregada pelo referido maníaco, sofreu a dor que só as mães podem sentir, devido a insana perseguição política que se abateu sobre seu filho.

Recolhida ao silêncio, exerceu intensa atividade como tradutora de obras de Victor Hugo e Rabindranath Tagore. Sua poesia refletiu, durante essa fase, forte caráter patriótico.

Duramente criticada, foi impedida de publicar seus versos, que só reapareceram na Imprensa em 1950.

É considerada, com razão, a grande representante do movimento poético neoclássico que ficou conhecido com Acmeísmo.

Sua poesia notabiliza-se pela simplicidade e franqueza; ela não poupou a ninguém, e sob um lirismo impiedoso, distribuiu fartamente altas doses da mais bela expressão literária. O incêndio de sua inspiração não conhecia limites. Seus versos espancam (encantam) até o mais impiedoso dos leitores.

Anna Akhmátova soube expressar, de forma pungente, as tragédias vividas pela Rússia ao longo do século XX. Sob a canalhice stalinista, ela sofria - literalmente - intensa vigilância, e escrevia às escondidas o mosaico do seu sofrimento, anotando apressadamente seus versos em pedações esparsos de papeis.

Um dos poemas mais belos já escritos em qualquer língua, segue abaixo, um poema que leio e releio, releio sempre.

A MULHER DE LOT

A mulher de Lot, que o seguia, olhou
para trás e transformou-se numa estátua de sal.
Gênesis


E o homem justo seguiu o enviado de Deus,
alto e brilhante, pelas negras montanhas.
Mas a angústia falava bem alto à sua mulher:
"Ainda não é tarde demais; ainda dá tempo de olhar
as rubras torres da tua Sodoma natal,
a praça onde cantavas, o pátio onde fiavas,
as janelas vazias da casa elevada
onde destes filhos ao homem amado".
Ela olhou e - paralisada pela dor mortal -,
seus olhos nada mais puderam ver.
E converte-se o corpo em transparente sal
e os ágeis pés no chão enraizaram-se.
Quem há de chorar por essa mulher?
Não é insignificante demais para que a lamentem?
E, no entanto, meu coração nunca esquecerá
quem deu a própria vida por um único olhar.

Anna Akhmátova
(1889-1966)
(tradução de Lauro Machado Coelho)
Mariano Filho 04/05/2016minha estante
Chorei lendo A mulher de Lot. Wislawa Szymborska tem um poema com o mesmo título, também muito bonito. A poesia de Anna Akhmátova é muito íntima, dá a impressão de que realmente ela escrevia para sobreviver. Como se a poesia fosse o jorro necessário. Creio que, nessa despretensão em ser universal, ela fala com tanta sinceridade que acaba o sendo.




Léia Viana 25/03/2012

Muito mais que poesia!
A poesia de Akhmátova é o romance da alma feminina, a expressão poética da luta de uma mulher escravizada pela sociedade burguesa, que busca sua personalidade humana. Não é alienada; seus versos refletem a alma de uma mulher numa fase de transição, época marcada por uma ruptura na psicologia humana e pela luta mortal entre duas culturas, duas ideologias: a burguesa e a proletária. Akhmátova não se alinha com a ideologia obsoleta; fica ao lado das idéias mais criativas. Aleksandra Kollontay.

Simplesmente lindo e muito bem apresentado, assim é essa Antologia Poética da poetisa russa Anna Akhmátova. Fiquei impressionada com a biografia curta apresentada na narrativa, mas que revela uma mulher sensível e com uma força enorme para lutar contra os horrores da Segunda Guerra Mundial e das autoridades stalinistas, com a única arma que possuía: a poesia.

Com a poesia não é assim. Os versos são a melhor armadura, o melhor disfarce. Você não tem que se entregar.

É com uma riqueza de sentimentos e de composições de versos que como leitores somos atingidos por seus poemas, que pouco é nos dito, mas, para quem lê sobre os horrores da guerra, estudou na escola ou conheceu alguém que teve parentes que viveram esse período negro da história da humanidade, percebe nas palavras de Anna Akhmátova, muito mais que poesia, querem aceitar irrevogavelmente este mundo com toda a sua beleza e sua feiúra, seus sons, formas e cores, e pedem da poesia não indefinição, mas clareza, não canção, mas discurso. A palavra tem de ser valorizada não pelo som que tem, mas por seu significado; não por sua música, mas pelo que afirma.

Essa poetisa caiu em minha vida por mero acaso, através de uma amiga que nunca havia lido um único verso de seus poemas, mas lembrou-se de mim ao ler uma estrofe dela em uma revista. Mergulhei profundamente na sua poesia que reflete tanto o seu estado de espírito, como os momentos de emoção que vivia junto à paisagem de Leningrado.

Mandelshtám expressou uma vez sobre Anna: Ela trouxe à poesia russa a complexidade e a riqueza da novela russa do século XIX. Anna, viveu sua época da maneira que pode e deixou registrado em seus poemas, para as gerações futuras, que mesmo diante de todo o horror da guerra, existe a possibilidade de uma visão poética da vida, existe a possibilidade de protestar entre versos e poesias.

Talvez haja em algum lugar vida tranqüila
e um mundo cálido, alegre e transparente...
Lá o vizinho conversa com a mocinha
por cima da cerca, ao entardecer,
e só as abelhas ouvem seus ternos sussurros.



Mas nós, aqui, vivemos vida solene e difícil,
respeitando os ritos de nossos amargos encontros,
em que o vento, com a sua insensatez,
interrompe a frase apenas começada.



Por preço algum ousaríamos mudar a suntuosa,
granítica cidade de glórias e desventuras,
os gelos refulgentes de amplos rios,
os sombrios, sinistros jardins
e a voz da Musa, apenas perceptível.

E, de uma maneira que sensibiliza, que fala da rotina do dia a dia, de uma Rússia em poder das autoridades stalinistas, mas não de forma nostálgica, triste, Anna, em suas poesias nos mostra uma realidade que não é possível pelos terrores da guerra, de uma rotina desejável, mas não vivida.

Leitura para ser refletida, para descobrir como os poemas de Anna pode nos levar a pensar não somente nos horrores da guerra, mas em nossos conceitos e postura diante da vida, das pessoas. Muito mais que recomendada!
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