Um Estranho numa Terra Estranha

Um Estranho numa Terra Estranha Robert A. Heinlein




Resenhas - Um estranho numa terra estranha


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Patrícia Araújo 11/04/2021

Clube do livro secreto: Um Estranho numa Terra Estranha
A gente conhece Mike, o estranho numa terra estranha, e logo se apega a sua inocência e curiosidade de aprender. Os personagens que se juntam a saga de cuidar do Mike logo que aparecem são cativantes, carregam personalidade própria que se devotam a proteger o homem de marte.
O livro não é muito agitado, mas isso não é nada negativo, vemos o crescimento do Mike, grocamos com ele, questionamos religião, maldade, filosofia e isso é maravilhoso.
Uma história interessante com marcos da época (é preciso avaliar de forma critica o que é dito pelo autor) tem os aspectos futuristas que não são o foco principal do livro, e diálogos reflexivos entre o Jubal e outros personagens.
Gostei da leitura e indicaria para quem quer uma leitura leve e ''longa''.
#ClubedoLivroSecreto
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Paula1630 14/11/2024

Muito bom
Li esse livro por influência do Steve Harris baixista do Iron Maiden, que compôs Stranger in a Strange Land por causa dele. Pelo início do livro achei que eu iria favoritá-lo, pois ele questiona os princípios da religião e da moral, e essas críticas são sempre com piadas ácidas. Os personagens são bem únicos com suas características e elas se mantém até o fim. O livro foi escrito na década de 50, e contém muitas falas machistas e homofóbicas, o que me incomodou, diminuindo o meu apreço pela leitura.
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Clari.Monise 09/03/2021

O livro trata de forma bastante filosófica a religião, até se pode fazer um comparativo com o Messias mais no final. Sobre a monogamia tbm se fala bastante e qual o sentido de coisas como ciúme.

Eu gostei bastante desse livro mas pra mim o começo é muito mais divertido enquanto o final é muito mais profundo e deixa a gente bem pensativo.
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acalvarenga 25/04/2023

Regular
A Obra de Robert Heinlein acompanha a história de Michael Valentine Smith, um humano que é criado em Marte por alienígenas e após uma expedição espacial é trazido a Terra.

Ao entrar em contato com o mundo dos humanos pela primeira vez, o personagem nos faz questionar por diversas vezes o comportamento da sociedade com relação a diferentes temas como religião, sexo, política e economia.

Ao longo da história, o Homem de Marte mostra uma facilidade incrível de aprendizado, porém, apenas na segunda metade do livro, ele de fato passa a "grokar" o que é ser humano, a partir daí a personagem passa de um papel de receptor da cultura deste mundo para um propagador dos ideais marcianos.

Tendo em vista que Michael é considerado herdeiro de todos os membros da primeira tripulação humana com destino a Marte, e que a situação financeira de cada um deles era extremamente favorável, além de serem sócios majoritários da Lunar Enterprises que é a empresa responsável por realizar as missões interplanetárias, assim como a propriedade intelectual do propulsor Lyle que serve de motor aos foguetes na obra, acaba por configurar o Homem de Marte como uma das pessoas com maior poder no mundo, lhe dando recursos financeiros quase infinitos.

Infelizmente essa trama que tinha na minha opinião potencial para ser o ponto alto do livro, dado a batalha que poderia ser travada pela possível influência sobre Michael, é deixada de lado de forma precoce, seguindo por uma linha mais filosófica e ligada a religião.

O autor faz uso de muitas metáforas ao longo da obra, o que torna o texto de difícil compreensão em diversos momentos, o que me fez ler e reler diversas partes do livro para me certificar que eu havia entendido o que estava escrito, ademais é uma obra que carece de um pouco melhor caracterização do plano de fundo da história para melhor compreensão dos acontecimentos principais.
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Lucas Canabarro 25/09/2017

Peguei o livro com o pensamento de ler uma ficção científica, e fui pego na surpresa: o livro é muito além disso. Eu poderia me alongar aqui, falar dos personagens marcantes que Heinlein criou (eu me conheço bem, sei que falarei de Jubal e Mike e Jill por muito tempo), mas a maravilha aqui criada fala sobre filosofia, religião, arte. Fala sobre a humanidade, sobre nossos defeitos e fraquezas. E tudo é escrito com franqueza, sem temores. Esse livro, do começo ao fim mexeu comigo e, embora na metade a lentidão tenha tomado conta, a obra como um todo é maravilhosa e louvável.
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etsilvio 01/11/2018

Superestimado
Um dos piores livros que li em 2018! Chato, diálogos bobos (alguns se salvam, mas poucos), lenga-lenga o tempo todo. Sinceramente não entendo esse valor todo que as pessoas deram a esse livro.
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euzebio 02/09/2015

Bom mas nem tanto.
O livro é interessante até o seu meio, daí vira apenas uma espécie de critica religiosa. Não gosto muito de livros que abortam este tipo de assunto.
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Nalí 12/12/2013

Misto de interessante e irritante. Começa de maneira sensacional, faz pensar sobre o que é ser humano de fato e como poderia um ser completamente alheio à humanidade compreender a estrutura da sociedade, os protocolos, o uso da linguagem ou a mera construção do conhecimento com base nas experiências que se pode ter no nosso meio - a Terra. O livro propõe-se a quebrar paradigmas sociais, religiosos e sexuais, mas para os dias atuais é limitado por conter sexismo e homofobia. Como se Heinlein estivesse a frente do seu tempo mas só conseguisse dar o passo no que lhe dizia respeito, sem sair realmente da bolha.

Creio que a leitura pode despertar algumas pessoas para as questões levantadas pelas ações e conversas dos personagens. Porém, as respostas dadas pelo autor na boca de Mike, o humano-marciano, e seu tutor Jubar, não são necessariamente as melhores: a grokkação de Mike sobre religião e maldade é pseudo-filosófica, cheia de falácias.

Um Estranho Numa Terra Estranha fez muito sucesso também entre os hippies nos anos 60 e o verbo to grok passou a fazer parte do Oxford English Dictionary. Provavelmente você terminará o livro tentando encaixar grokar numa conversa [nerd].
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Delirium Nerd 21/07/2017

Um Estranho Numa Terra Estranha: A construção mútua de conhecimento
"Um Estranho Numa Terra Estranha (1961), lançado pela editora Aleph neste ano, foi uma das obras mais importantes para o gênero da ficção científica, juntamente com Tropas Estelares, do mesmo autor, Robert A. Heinlein. Neil Gaiman, responsável pelo prefácio do livro, comenta que a obra “conseguiu questionar o status quo (da época) e contribuir para mudá-lo”, vindo a ser um dos símbolos do movimento hippie nos anos finais da década de 60.

Pontos positivos da obra:

A primeira parte do livro, contando acerca das expedições americanas em busca de conhecer Marte, e o que o planeta os reservava, é, no mínimo, muito interessante, e deixa a leitora curiosa sobre o desenrolar da trama e do mistério que ronda Valentine Michael Smith, o homem de Marte.

Este personagem, por sua vez, possui grande destaque e é inevitável não sentir empatia por sua condição de alheio aos costumes terrestres; mesmo já sendo um homem maduro, Valentine se comporta como uma criança que, aos poucos, precisa aprender e grokar – palavra marciana para “entender” – o mundo que o cerca em toda a sua complexidade.

Valentine também é o fio condutor para que discussões acerca de fé, religião, alteridade e amor livre sejam elencadas e explanadas. E, mesmo vendo as regras sociais da Terra como algo completamente diferente do que estava acostumado a vivenciar em seu país natal, ele sutilmente ensina conceitos de fraternidade e de boa convivência entre aqueles que o cerca, colocando-os a refletir sobre suas condutas, boas ou más.

A edição da Aleph é belíssima, e a capa colorida da obra remonta ao período mais psicodélico ao qual pertenceu após o ano em que foi lançada. A linguagem do livro é acessível e, apesar de ter como plano de fundo um período futurista e tecnologia avançada, traz consigo termos que só poderiam ser encontrados nas décadas de 60 e 70. Ponto positivo para o cuidado com a tradução, feita por Edmo Suassuna.

Pontos negativos da obra:

Mesmo a sinopse transparecendo que o enredo é fidedigno às problematizações presentes em tantas questões sociais, como a própria questão do amor livre, um ponto que atrapalha a leitura é o tratamento dado às mulheres. Ben Caxton e Jubal Harshaw são dois personagens extremamente misóginos que, em quase todas as falas, procuram menosprezar e constranger as mulheres da história. "

Leia na íntegra:

site: http://deliriumnerd.com/2017/07/20/um-estranho-numa-terra-estranha/
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Brunom 06/09/2023

Esse livro não envelheceu bem, e não é por causa do "machismo" e "homofobia", mas sim porque as críticas sociais presentes nele, que, para a época, mostravam ousadia e causavam choque na sociedade, hj em dia são encontradas aos montes e repetidas à exaustão por adolescentes e engajadinhos no Twitter. Esse clássico da ficção científica tem seu impacto diminuído quando seu discurso antes inovador se torna o status quo do nosso mundo moderno.
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Denys.Rodrigues 23/03/2020

Romantismo e ficção-cientifica
Uma ficção-científica, que demonstra um ?estranho? que nasce em outro planeta (Marte) é trazido ao planeta Terra, a onde o protagonista se esforça ao máximo para entender os terráqueos e explicar suas concepções que envolve o amor.
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Aline T.K.M. | @aline_tkm 05/11/2017

Transformador, sem dúvida - embora tenha um ou outro porém
Valentine Michael Smith é um humano que foi criado por marcianos. Já adulto, ele é trazido à Terra, onde, pela primeira vez, terá contato com seus iguais.

Muito além da adaptação física, Mike – como passa a ser chamado – passará por um longo processo para compreender os hábitos, as regras sociais e a moral dos terráqueos. Ao mesmo tempo, ele tentará fazer entender seus conceitos e perspectiva de vida aos seus novos companheiros na Terra.

Eis aqui a premissa de Um Estranho Numa Terra Estranha, de Robert A. Heinlein, uma obra-prima da ficção científica que passou de best-seller a clássico cult. Publicado pela primeira vez em 1961, o livro foi um verdadeiro fenômeno e foi considerado um ícone da contracultura, além de ter influenciado toda uma geração.

Tão logo chega à Terra, o Homem de Marte é mantido isolado em um hospital. Quase ninguém tem acesso a ele, o que causa um burburinho geral e também atrai a atenção do jornalista Ben Caxton, que tem um romance com a enfermeira Jill Boardman.

Não demora a ficar claro que Mike é objeto de interesse de governantes e de gente poderosa, e que, justamente por isso, pode correr perigo. Ben e Jill têm noção dos riscos a que Mike está exposto – ao Homem de Marte é associado um imenso poder financeiro e também o poder sobre o seu planeta de origem. Ben e Jill decidem, então, proteger Mike, cuja inocência é a de um garoto que reconhece que “é apenas um ovo”.

O homem marciano que precisa aprender a tornar-se humano, mas tendo que lidar com todas as habilidades e poderes que adquiriu em sua criação no planeta vermelho é, por vezes, comparado ao Mogli do clássico de Kipling. O fato é que Mike é tão alienígena para os terráqueos quanto estes o são para ele.

Dentre as várias peculiaridades de Mike, é legal mencionar três delas. A primeira é o ritual de compartilhar água, que, para os marcianos, une duas ou mais pessoas em um elo de confiança e proteção incondicionais. A segunda é a incrível habilidade de controlar o próprio metabolismo. E a terceira peculiaridade é o uso da palavra marciana grokar, que passa a ser amplamente utilizada por todos e que compreende uma série de significados, dependendo do contexto.

Em determinado momento, surge a figura de Jubal Harshaw, o personagem mais interessante do livro. Excêntrico, amante da arte de Rodin e portando um lado um tanto machista e conservador, ele também é uma espécie de pai, aquele que protege e é admirado por todos, inclusive por Mike. Sua casa é praticamente aberta e abriga, além de seus funcionários e suas três secretárias, todos os amigos que aparecerem.

A trama reserva muitas – muitas! – reviravoltas e surpresas, o que deixa a gente na euforia ao pensar nas quase 600 páginas do livro. Além disso, carrega um tom provocativo e satírico, bem como uma ironia inteligente ao questionar convicções e incitar à reavaliação de conceitos e preconceitos numa época tão emblemática, em termos de transformações culturais e morais, como foi a década de 60.

O sexo e a religião foram os aspectos mais cutucados pelo autor. A ideia do amor livre e coletivo tira o sexo da caixinha do tabu para representar a forma essencial de aproximação e entendimento mútuo entre os seres humanos.

Já no campo da religião, vemos uma igreja que pratica shows quase burlescos com mulheres e cobras, e mais adiante acompanhamos o nascer de uma instituição que mistura todas as crenças e que prega a vida em comunidades onde o amor livre é tão natural quanto necessário.

Não à toa, Um Estranho Numa Terra Estranha foi reverenciado pelas comunidades hippies na época de sua publicação, tendo sido até mesmo levado a sério demais por alguns que, erroneamente, acharam no livro uma espécie de guia para um estilo de vida diferente, e que viram no autor algo como um guru.

Entretanto, apesar dos questionamentos e reflexões, muitos traços e atitudes ainda permanecem no campo conservador. O modo como os personagens masculinos se relacionam com as mulheres é bastante machista – assim como o próprio lugar em que as personagens femininas se colocam.

Também na questão do amor livre, há passagens que sugerem o sexo coletivo incluindo pessoas do mesmo sexo, mas a sugestão pende muito mais para as relações entre mulheres do que entre homens. E vemos mesmo Mike se referindo ao sexo como uma dádiva entre homem e mulher. Ou seja, é livre, mas ainda não chega a ser assim tão livre de todos os tabus.

No mais, o livro possibilita muitas e diferentes leituras, e é repleto de passagens hilárias na mesma proporção que aparecem os diálogos mais profundos sobre o ser humano, a vida e a fé.

Para quem tiver curiosidade – e é impossível não ter! – sobre o papel deste livro na contracultura e as referências e significados dos elementos da trama, tenho algo lindo para contar: ele vem com uma parte de extras bem bacana e também traz um prefácio assinado por ninguém menos que Neil Gaiman. Ou seja, já deu para sacar a importância que tem essa obra, né?!

Vencedor do Prêmio Hugo de melhor romance de ficção científica, Um Estranho Numa Terra Estranha é aquele livro que, antes de ler, a gente acha que está prestes a mergulhar em algo transformador. Ao terminar a leitura, dando aquela respirada e terminando de digerir a coisa toda, vem a confirmação de quão fundamental este livro é.

LEIA PORQUE
É uma obra icônica, que marcou uma época e uma geração, e que ainda segue bastante atual. Além disso, a gente sabe que Heinlein é um dos mais importantes autores de sci-fi, e isso por si só já é uma razão para ler o livro.

Plus: o livro tem playlist no Spotify, minha gente! De Beatles a Tame Impala, passando por Pink Floyd e MGMT. (O link para a playlist tá no post da resenha, no blog.)

DA EXPERIÊNCIA
Meu primeiro Heinlein – apesar de ter Tropas Estelares na fila há um tempo. Amei por tudo o que expliquei em todas as linhas acima.

FEZ PENSAR
Essa relação entre Mike e os terráqueos, o estranhamento mútuo e, então, a aproximação e a apropriação de costumes e estilo de vida me fez pensar em O Livro das Coisas Estranhas, de Michel Faber – que, inclusive, também aborda a religião e a fé.

site: http://www.livrolab.com.br/2017/10/resenha-um-estranho-numa-terra-estranha-heinlein.html
raphaeltf 06/11/2017minha estante
Muito obrigado por esta resenha! Estou com ele na estante e nos planos de leitura para o próximo ano. E tinha um leve receio quanto a história. Agora, estou com mais vontade de ler.


Aline T.K.M. | @aline_tkm 10/11/2017minha estante
Eu gostei bastante!!! Ele é enorme, mas vale cada capítulo hehehe.




Eduardo Mendes 09/01/2022

A obra convida o leitor a questionar os valores que lhe são impostos pela sociedade
Michael Valentine Smith, ou simplesmente Mike, é uma criança que nasce a bordo de uma nave que fazia uma expedição rumo a Marte. Após enfrentar alguns imprevistos a nave perde contato com a Terra e Mike é o único que sobrevive. Ele então é criado por um povo alienígena que habita o planeta, mas que não é visível aos olhos humanos. Mais ou menos como uma espécie de espírito sem um corpo físico.

Mike aprende seus costumes e forma de experienciar a vida, que é muito peculiar e completamente diferente da nossa. 25 anos depois outra expedição é enviada a Marte quando se descobre a existência de um sobrevivente que seria herdeiro de uma grande fortuna aqui na Terra.

Quando Mike volta pra Terra o autor começa a desconstruir gradativamente nossa visão sobre ciência, religião e filosofia. Mike não compreende a forma primitiva como enxergamos e definimos nossos valores aqui neste planeta estranho e bizarro.

O “marciano” transforma a vida de todos ao seu redor, gerando uma espécie de pensamento livre, em que toda forma de amor é válida, sem limites, sem travas morais, sem censura e sem pudores. Mike tem uma ideologia de vida bastante diferente, contemplando tolerância filosófica, libertalismo humano, poligamia e a ameaça comunista. Esse último é brincadeira, gente!

Lançado na década de 1960 por Robert Heinlein, o livro usa o pano de fundo da ficção científica para fazer diversas críticas à sociedade da sua época, pregando o amor livre, cutucando o consumismo e a religião. Um Estranho Numa Terra Estranha foi reverenciado pelas comunidades hippies e execrado pelos conservadores.

O que mais me marcou durante a leitura é que a obra convida o leitor a questionar os valores que lhe são impostos pela sociedade e pensar com a sua própria cabeça.

O livro não é perfeito, tem um viés machista em certos momentos; seu ritmo é bom e a construção da história se dá de forma gradativa, porém, em algumas partes a trama parece confusa e você fica perdido, tentando entender pra onde a história está indo. Entretanto, são mais pontos altos do que baixos. Uma obra deliciosamente subversiva e questionadora.

site: https://jornadaliteraria.com.br/um-estranho-numa-terra-estranha/
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Grazi Comenta 08/11/2017

Superestimado, mas intrigante mesmo assim
''Todos os homens, deuses e planetas neste livros são imaginários. Qualquer coincidência de nomes é lastimável. '' - Robert A Heinlein


Um estranho numa terra estranha tem uma premissa tanto simples quanto inovadora para a época de lançamento (apesar de muito conveniente): numa tripulação à Marte, dois astronautas têm uma relação extraconjugal e concebem uma criança em terras extraterrestres. Após desentendimentos e outras situações a tripulação acaba morrendo e a criança fica para ser criada por marcianos. Muitos anos depois ele retorna à terra de seus pais e - pela sua criação ultra diferente - estranha e perceba todas as sutilezas e loucuras do comportamentos dos terrestres. Um enredo básico que deu muito assunto para ser trabalhado.




Heinlein utiliza-se de um plano de fundo interessante para criar uma soft sci-fi, ou seja, a parte de ficção científica acaba quase aí. Após chegar na Terra, tudo que vemos com os olhos de Valentine Michael Smith são críticas duras à loucura capitalista da época e a descrição do que poderia ser melhor para a sociedade. Fora, claro, Valentine ser capaz de levitar objetos e até curar seres humanos - só que ele não sabia como explicar a mecânica disso. Para ensinar a fazer, você teria que grokar alguns conceitos marcianos antes ;)

O Homem de Marte tem claramente o ''olhar da inocência'' hippie dos anos 60. Ele desconhece conceitos de propriedade privada, religião e todas as coisas individualistas que tornam a vivência em sociedade tão desgastante. E é aí que consiste o desenvolvimento argumentativo do livro: é uma propaganda clara do movimento hippie da época, que pregava o amor livre, o desprendimento das coisas materiais e a não religião. Acho difícil que esse enredo se tornasse o fenômeno que se tornou se tivesse sido lançado em nosso tempo.




Uma das coisas mais interessantes trabalhadas pelo livro é a como a criação e a linguística podem alterar a percepção de mundo do sujeito. Michael, é claro, tem muitas dificuldades de adaptação na Terra, não entende vários conceitos e não consegue se fazer entender muitas vezes, precisando da ajuda de Jubal Harshaw, seu mentor na história - com quem ele tem os melhores diálogos do livro.

A leitura é, infelizmente, bem arrastada em algumas partes, especialmente se você não se identifica com as críticas apresentadas e não se dá bem com discursos filosóficos. Alguns dos diálogos certamente podem deixar muitas pessoas escandalizadas, já que alguns princípios e conceitos arraigados da sociedade são destroçados. É preciso estar pronto psicologicamente antes de iniciar essa leitura. E se preparar para ser descontruído.




A edição da Aleph está muito bem feita e conta com um ótimo prefácio de Neil Gaiman e um extra explicando algumas coisas do livro. São partes indispensáveis para engrandecer a leitura. Não pule o prefácio, não esqueça do extra xD As folhas são amarelhadas, com uma fonte um tantinho menor do que eu ficaria confortável lendo e uma diagramação simples. Não vi erros de revisão. A tradução está melhor do que a da edição antiga. No geral, mais um ótimo trabalho da editora.

Em suma, eu não consideraria o livro um ícone da ficção-científica, mas ele é certamente um marco do tempo em que foi concebido. É um livro que pode ser tanto revelador quanto ultrajante e preciso ser lido pela mente certa para ser compreendido e não mal interpretado. É sim uma grande história, mas ficou longe dos meus favoritos.

site: http://cantaremverso.blogspot.com.br/2017/06/resenha-um-estranho-numa-terra-estranha.html
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