Camila Felicio 08/10/2023
O perigo do tédio!
Mescladas realidade e ficção vemos através do olhar de Goethe temáticas como: casamento, separação, divórcio, paixões, fatalidade e uma aristocracia alemã entediada!!! Indico a edição da penguin que tem textos complementares essenciais, lá vemos como a realidade e a vivência pessoal de Goethe interferiram na construção da obra, cuja escrita coincide com a época em que uma paixão adúltera avassaladora foi vivenciada pelo autor com uma jovem, pouco tempo após ter Goethe legitimado seu casamento com a mulher que vivera anos...Além da explicação de como naquela região alemã o casamento não passava de um contrato e o divórcio era comum (falamos do século XIX em seus inícios, o que me deixou estarrecida pois desconhecia o fato super interessante kkkk).
Sobre a obra, adorei as frases do mediador, me interessando sumamente pelo trecho em que menciona que o ser humano é feito de ações e precisa preencher o tempo, caso se encontre vazio e entediado a tendência é a prática de atos tolos!! Achei bem plausível e é o fato que conduz a obra!
Charlotte e Eduard, aristocratas alemães que vivem isolados e entediados, abrem as portas de seu castelo para o capitão (depois major) amigo de Eduard e a sobrinha e protegida de Charlotte, Ottilie, e deste modo, colocam à prova a união marital recente (ambos viveram uma paixão adolescente e só puderam concretizá-la depois de ficarem viúvos)... No entanto, se Charlotte e o Capitão, racionais e fortes, conseguem contrapor sua paixão e guiá-la de forma linear, o mesmo não se pode dizer de Eduard e Ottilie que me irritaram SUMAMENTE!!
Ottilie passa inicialmente por cima de sua protetora, quem lhe fornece estudo, quem lhe deu um abrigo.... Eduard age de forma imatura, como um jovem que já não o é, é desprezível (a apatia com a cena do bebê chocaaaaa), aginso como um típico adolescente louco de paixão e, MEU DEUS que difícil e irritante ficou a leitura!!! Ottilie se dá conta em algum ponto, mas a fatalidade (tão presente no romanticismo) é cruel!! No momento em que podia (ou podiam) ter um destino melhor, a impulsividade de Eduard, o esgotamento e a culpa de Ottilie ocasionaram um final "à la Byron).... bem... "à la Goethe mesmo"
Um bom livro, eu achei super fluído, vi que muitos o acharam bem parado, eu achei ágil comparado a outras obras do movimento literário em questão... No entanto, que difícil me envolver com a narrativaaaaaaaa quando o Eduard (e antes a Ottilie também) me tirava do sério, sendo bem previsível o final...