Investigações Sobre o Entendimento Humano e Sobre os Princípios da Moral

Investigações Sobre o Entendimento Humano e Sobre os Princípios da Moral David Hume




Resenhas - Investigação sobre o entendimento humano


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Lista de Livros 28/05/2017

Lista de livros: Investigação Sobre o Entendimento Humano, de David Hume
“Nenhuma fraqueza da natureza humana é mais notável e mais universal do que a que denominamos credulidade”
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“Um ceticismo moderado pode ser aceito como bastante razoável, pois afigura-se como atitude prévia e indispensável ao estudo da filosofia, mantendo adequada imparcialidade em nossos juízos e apartando nosso espírito de todos os preconceitos adquiridos pela educação e precipitação. Iniciar com princípios claros e evidentes por si mesmos, avançar com passos prudentes e seguros, repassar frequentemente nossas conclusões e examinar rigorosamente todas as suas consequências são os únicos métodos que nos podem levar a aspirar à verdade e lograr uma adequada estabilidade e certeza em nossas conclusões, embora reconhecendo que assim nossos sistemas progridem pouco e lentamente.”
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“A natureza sempre é mais forte que os princípios.”
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Fabio Shiva 31/03/2024

TRISTE FIM DE UMA INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA: “QUEIMEM OS LIVROS!”
Desde que decidi ler todos os volumes da Coleção Os Pensadores (ao menos da edição que tenho comigo), elegi antecipadamente alguns “favoritos”, que eu ansiava ler mais que os outros. E um desses era volume dedicado ao David Hume, que já havia conquistado a minha admiração por conta dos estudos de epistemologia na Faculdade de Comunicação Social da UERJ, na década de 1990.

Ocorre que Hume teve uma ideia sensacional, que acarretou grandes repercussões na filosofia e na construção do conhecimento científico desde então. Essa ideia, resumidamente, é a seguinte: as relações de causa e efeito que estabelecemos nos fenômenos na natureza são meras crenças e não possuem nenhuma veracidade intrínseca. Por exemplo, vemos a madeira queimando e, em seguida, vemos cinzas. Daí inferimos que toda madeira queimando se transforma em cinzas (ou seja, estabelecemos uma relação de causa e efeito). Mas daí chega o David Hume e diz: nada nos autoriza a supor que a natureza irá se repetir eternamente, por isso dizer que a madeira queimando se transforma em cinzas é simplesmente uma crença apoiada na experiência, mas não é um enunciado da verdade.

O impacto dessa ideia de Hume foi fulminante. Immanuel Kant, outro grandão da filosofia (cujo volume na coleção Os Pensadores espero ler em breve), chegou a dizer que “Hume o havia despertado de seu sono metafísico”. Só no século vinte (ou seja, trezentos anos depois de Hume) é que o desafio lançado por Hume pareceu ter encontrado uma resposta à altura em Karl Popper, filósofo que propôs que a ciência se fundamentasse a partir de “ideias falsificáveis”. Citando um exemplo famoso, a ciência deveria dizer que “todos os cisnes são brancos”, sendo que a existência de um único cisne negro “falsificaria” toda a teoria científica.

Tudo o que escrevi até aqui nessa resenha é o que me lembro dessas aulas na UERJ, que assisti há trinta anos. Fico feliz com minha memória, que dá conta também de minha expectativa ao finalmente travar contato direto com a obra mais famosa de David Hume, “Investigação Acerca do Entendimento Humano”. Contudo a leitura em si, se não chegou a ser uma decepção total, foi bastante frustrante. O livro inteiro parece girar em torno dessa única (e genial, sem dúvida) ideia de Hume, que a explora em todas as suas minúcias. Mas não encontrei outras ideias que me empolgassem da mesma forma, nem de longe. Poderia ter ficado com o resumo das aulas de epistemologia.

Mas longe de mim dizer que a leitura foi uma perda de tempo. Pude detectar nessa obra um elo importantíssimo na solidificação do que hoje considero um “ateísmo dogmático” nas ciências. Já falei sobre esse assunto em várias resenhas de livros de filosofia e ciência. De modo bem resumido: com o conhecimento de que dispomos hoje, não seria científico afirmar que “Deus existe”. Mas do mesmo modo não seria científico dizer o contrário, que “Deus não existe”. Contudo, o pensamento científico, progressivamente orientado pelo cunho materialista (ou fisicalista, como se tem afirmado mais recentemente, depois que as concepções estritamente materialistas foram detonadas pelas descobertas da Mecânica Quântica e afins), chegou ao “ponto cego” de afirmar que só é verdade o que é provado pela ciência, desconsiderando desdenhosamente tudo o que diz respeito à espiritualidade. E é assim que temos hoje uma ciência totalmente divorciada da sabedoria da espiritualidade e que, por partir do pressuposto de que “Deus não existe” e de que “a vida não tem sentido”, se permite enveredar por estudos que só aumentam a nossa capacidade de nos aniquilar mutuamente e ao planeta inteiro conosco, quando poderia estar dedicada à erradicação da fome, da miséria e da infelicidade no mundo...

O assunto é vasto e complexo, e não tenho a menor pretensão de cobri-lo em uma humilde resenha. Menciono aqui de passagem, como registro da importância que foi, para mim, descobrir como Hume foi um passo importante nessa incrível jornada de um trevoso dogmatismo religioso (vivido durante a Idade Média, com a Igreja ditando os saberes) para esse atual e comparativamente luminoso dogmatismo científico, que coloca em risco a nossa própria existência no planeta. Que Deus me dê saúde para testemunhar os próximos capítulos dessa fascinante novela humana!

Ainda sobre Hume, não posso deixar de registrar a minha consternação ao constatar que ele encerra a sua obra-prima afirmando enfaticamente que os livros escritos de forma contrária ao que ele prega deveriam ser sumariamente queimados:

“Quando percorremos as bibliotecas, persuadidos destes princípios, que destruição deveríamos fazer? (...) Portanto, lançai-o ao fogo, pois não contém senão sofismas e ilusões.”

Penso que esse deve ser um dos finais mais tristes possíveis para uma obra de filosofia.

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2024/03/triste-fim-de-uma-investigacao.html



site: https://www.instagram.com/fabioshivaprosaepoesia/
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Maikom.Abreu 09/10/2021

David Hume
Minha experiência com Hume foi dura kkk ele não é um filósofo para iniciantes em filosofia, claro que toda leitura tem seus benefícios, os que logrei com essa leitura foi experiência de como é ler uma investigação filosófica, e uma base para a releitura desse volume que precisa ser feita para melhor entendimento.
Leandro 08/08/2022minha estante
Pode me indicar um para começar?


Atakiri 17/03/2024minha estante
Você acha?Eu genuinamente tô achando ele bem tranquilo de ler, acredito que é um dos melhores filósofos pra quem tá iniciando na Filosofia, óbvio que não é um Platão ou Maquiavel, mas ainda assim sinto que é bem acessível




Vinícius 21/11/2021

A era do Iluminismo
As ideias trazidas no livro são a base para o iluminismo francês. Partindo de que a ciência experimental tem que se basear na observação (o empirismo): onde qualquer pensamento elaborado pela nossa mente procede da experiência, dado que toda idéia verdadeira procede da impressão.
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Darkzumo 29/09/2022

O mestre de Kant
O primeiro filósofo empirista que já li. Nesse livro somo apresentados as formas de como nossa mente se guia e porque cometemos algumas suposições errôneas, como tentar supor sobre a existência de coisas que estão além da nossa capacidade.

Mesmo com a disparidade entre épocas, eu acho que os juízos de Hume causam muito mais abalo que os de Descartes e Leibniz, que tentaram racionalizar a mente em vez de estudá-la de fato, ainda que na de Cartesius haja referências ao tempo-espaço e às impressões.
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Fabíola 02/11/2023

A obra é ótima, super indico, porém essa edição é péssima, muito melhor a edição da Unesp.
Fica a dica!
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lindalvabarbosa 06/09/2020

Uma mente humana pode explicar como outras mentes funcionam?
Nessa obra David Hume apresenta seu estudo sobre como funciona o entendimento humano, mas é preciso considerar o período em que foi elaborado e o contexto social em que o autor vivia para aproveitar bem sua obra, porque, comparado aos temas discutidos hoje, os exemplos utilizados por ele podem parecer simples demais para embasar uma discussão tão profunda a que se propõe aqui, que é entender como nossa mente funciona. Minha principal crítica fica sobre suas referências a crença na existência de um Ser Supremo, que para mim não deixa muito claro qual realmente é a sua posição como filósofo sobre essa questão nesse estudo, seria preciso conhecer outras obras do autor para distingui-la melhor. Outro ponto que senti falta foi do autor considerar em sua investigação as primeiras criações do ser humano, que nesse caso não poderiam ter surgido de impressões de objetos já existentes e visualizados pelo próprio ser humano, mas somente de necessidades e tentativas, ou seja, não existia a experiência prévia para gerar impressões.
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Fabíola 10/04/2022

A melhor edição e tradução.
É muito difícil achar edições boas, escritas acessíveis e fiéis a obra e pensamento do autor, principalmente em livros de filosofia.
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Renatinha 07/04/2021

Causa e efeito
Filósofo e historiador britânico, David Hume imprime sua primeira preocupação, na INVESTIGAÇÃO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO, em torno das ideias. Hume quer entender como nossas experiências no mundo influência nossos comportamentos numa relação de causa e efeito.

"Portanto, a existência que qualquer ser somente pode ser provada mediante argumentos derivados de sua causa e efeito, e estes argumentos se fundam totalmente na experiência. Se raciocinarmos a priori, qualquer coisa pode parecer capaz de produzir qualquer coisa".
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Kenny 06/02/2023

Não gosto muito de fazer resenhas de livros de filosofia, pois o foco não é necessariamente a forma como o conteúdo é abordado e sim o conteúdo em si.
Para este livro, devo afirmar que a tradução está excelente, as ideias de Hume foram bem explicadas. Em alguns momentos ocorre uma dificuldade, mas isso já é esperado de livros de filosofia.
Essa edição vem com várias notas de rodapé que tornam a leitura muito mais interessante para estudiosos.
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Thaylan 21/07/2015

Entendendo as faculdades mentais do homem
Filósofo escocês do século 18, cético e empirista, David Hume é um importante pensador. O livro tem 151 páginas (editora, Escala Educacional), contudo, demasiadamente profundo. Traz uma construção textual de difícil leitura, uma linguagem rica de maneira complicada, sendo necessário reler várias vezes a mesma página com esforço reflexivo altíssimo.

Não obstante do seu pedantismo, o autor diz que a filosofia deve ser simples e acessível, e que a filosofia abstrusa (pomposa e abstrata) abre margem para a superstição e para o obscurantismo. Hume acredita que as faculdades mentais do homem o capacita a buscar e encontrar a verdade através da razão (racionalidade).
Então, se propõe a pesquisar e estudar como o ser humano pensa e entende as coisas ao seu redor, como seus sentimentos e sensações o faz enxergar o mundo a sua volta.

A sensação, seja ela qual for, do calor de 40° graus, ou do frio de um local onde cai a neve, é mais intensa e real do que a imagem de quando lembramos de tais situações. “O pensamento mais vivo é sempre inferior à mais remota sensação”, diz o autor. Hume, classifica as percepções humanas em dois tipos: 1- pensamentos ou ideias e 2- impressões (ouvir, ver, sentir, amar, odiar – percepções mais vivas). E distingue umas das outras.

Paradoxalmente ao que a maioria das pessoas acreditam, David Hume, afirma que o pensamento humano não é infinito. Diz o autor, (...)“embora nosso pensamento pareça possuir essa liberdade imensa, verificamos, por meio de um exame mais meticuloso, que ele está verdadeiramente preso a limites muito reduzidos e que todo poder criador da mente não ultrapassa a faculdade de combinar, de transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos sentidos e pela experiência”. Um exemplo: é o cavalo alado de Hércules, Pegasos; é a junção de um cavalo normal (conhecido de todos humanos) com asas (que conhecemos de outros animais, como a borboleta).

Todos os nossos pensamentos (ideias) provém das nossas experiências externas ou internas – impressões – que culminam em sentimentos e sensações. É impossível um cego (que tenha nascido com a patologia) imaginar o que é, ou como é, a cor azul, ou como é o céu; não tendo ele a capacidade física da visão. Todas nossas impressões são inatas (naturais), mas nossas ideias e pensamentos não. Pois as ideias são cópias de nossas impressões, e não as próprias impressões. Copia não é natural, é criada, formulada.

Existe uma associação obrigatória das ideias. Quando desenvolvemos um raciocínio, ele necessariamente tem um objetivo, ou objeto final. Sem associação (elo) não há como pensar de maneira inteligível. E, para Hume só existem três princípios de conexão entre ideias, que são: de semelhança (remete a coisas já conhecidas), de contiguidade (no tempo e espaço) e de causa e efeito (consequência).

(...)“todo efeito é um acontecimento diferente de sua causa” diz Hume. E continua em outra parte “não há nada tão semelhante entre si como os ovos, mas ninguém, em virtude desta aparente semelhança, aguarda o mesmo gosto em todos eles.”

Por isso, é impossível descobrir na causa o efeito exato sem fazer uso, para isso, de uma suposição (imaginação) arbitrária em certa medida.

“Qual o fundamento de todas as conclusões da experiência?” Indaga Hume. E responde, “depois de ter havido experiência das operações de causa e efeito, nossas conclusões, não estão fundadas no raciocínio ou em processo algum de entendimento”. Por que quando afirmamos “o sol nascerá amanhã”, pode parecer algo lógico, mas não é? Porque o contrário dessa afirmação: “o sol não nascerá amanha”, é logicamente possível e pensável, apesar de não ser provável. Assim como é impossível provar que ele nascerá amanhã, antes de seu aparecimento. Isto é uma questão de fato; fenômenos que ocorrem e não podem ser explicados logicamente, devido à finitude da capacidade intelectual e compreensão humana.

Só o que temos é uma coleção de experiências passadas que indicam que o aquecimento da água causa sua fervura, o que não é suficiente para determinar que sempre quando aquecida a água irá ferver.

O filósofo nos explica que “todos os raciocínios podem dividir-se em duas classes, a saber: o raciocínio demonstrativo (as relações de ideias) e o raciocínio moral (referente às 'questões de fato' e existenciais). Isso nos mostra que, nossas conclusões baseadas nas experiências que tivemos são ininteligíveis. São dedutivas, e não há um método de raciocínio pra se chegar a tal conclusão.

“Que neste caso não há 'argumentos demonstráveis' parece evidente, já que não implica contradição alguma, que o curso da natureza chegasse a mudar, e que um objeto, aparentemente semelhante a outros que experimentamos, possa ser acompanhado por efeitos contrário ou diferentes do conhecido”, acrescenta o autor.
Por essa falta de fundamentação, de provas, não conseguirmos ter a certeza de que o sol nascerá amanhã, mesmo sendo algo constante/recorrente todos os dias. Pode acontecer algo que impeça esse fenômeno de acontecer, um cometa destruir a Terra, o Sol explodir, etc.

E resume o argumento: “Dissemos que todos argumentos a respeito da existência se fundam na relação causa-efeito, que nosso conhecimento dessa relação se deriva totalmente da experiência, e que todas as nossas conclusões experimentais se dão a partir da suposição de que o futuro será como o passado.” Porém, como dito anteriormente, não sabemos (apesar de prevermos e supormos com grande chance de acerto) se o sol nascerá amanhã.

Um menino que queima o dedo na vela não cometerá o mesmo ato. Embora, a não repetição do ato não seja algo racional e pensado, seria mais um reflexo da experiência anterior. Um ato irracional. O mesmo ato de vacas que não tentam passar a cerca após levarem um choque. Apesar de irracional é um conhecimento (entendimento) da questão de fato. Que existe.

A inferência (dedução) não é intuitiva, tampouco demonstrativa. É baseada na experiência do passado acreditando na recorrência no futuro. Pois, se não recorresse, de 'nada' valeria a experiência. Seria inútil. É impossível demonstrar se o que ocorreu no passado ocorrerá no futuro. Aqui esbarramos na 'nossa' ignorância em volta da realidade natural das coisas.

A solução, propõe, David Hume: é a filosofia cética, ou acadêmica, com a suspensão de juízo (de tendências e inclinações) que vêm do temperamento natural de cada um. Como ela (filosofia cética) não dá corda – impede pensar através das paixões – não tem muitos adeptos. Eu, particularmente, tendo a achar impossível essa proposta de Hume em sermos totalmente imparciais, entendendo que somos humanos, e portanto, falíveis e passionais.

Uma resposta às questões de fato que não são demonstráveis e racionais, é o 'costume' ou 'hábito'. Tendo em vista, que, a repetição de um ato produz uma propensão a 'renovação' da mesma atitude.

É certo que todos os homens irão morrer um dia. Embora, seja impossível 'demonstrar' tal afirmação, ela procede de uma prova (fato). E por prova entendemos: os argumentos derivados da experiência que não deixam lugar à dúvida ou oposição.

As três formas de argumentação são; demonstrações, provas e probabilidades.
Demonstração é o ato revelar, deixar conhecer, o que se afirma. Pode ser por meio de raciocínio lógico ou dedutivo; ou por evidências.

As provas são formuladas através de experimentações (verificações) – processos de teste onde se prova (atesta) algo com exatidão.

A crença vem da probabilidade. Quando notamos um evento através da experiência que ocorreu durante um longo tempo, temos uma propensão a acreditar – crença – que este evento irá ocorrer novamente.
Remetendo à ideia de obrigatoriedade de conexão para formular um pensamento, escreve o autor: “todas as nossas ideias são cópias de impressões ou, em outras palavras, é-nos impossível pensar em algo que antes não tivéramos sentido, quer pelos nossos sentidos externos quer pelos internos.”


Decorre disso que: o conhecimento vem dos nossos sentimentos, e estes por sua vez, decorrem dos nossos sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) para então causar-nos impressões (externas e internas; imaginação e criatividade) que formará nossas ideias e pensamentos; podendo a partir dessa capacidade de raciocínio entender as coisas, dentro de nossos limites intelectuais, é claro.

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OBS: Tento um Blog intitulado "Ceticismo, Conservadorismo e Capitalismo" aonde eu posto várias resenhas e muito mais: artigos informativos, textos filosóficos. Deixarei o link na descrição!


site: www.thaylangranzotto.blogspot.com.br
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Lucio 15/03/2017

Recuperando o ceticismo, após Descartes, a partir do empirismo de Locke
Este é mais um clássico empirista. Hume, já mais amadurecido em sua obra, resolve estabelecer os fundamentos do conhecimento humano e, com isso, dirigi-lo para o que realmente lhe é pertinente para, com isso, evitar todo tipo de superstição e malogro. O filósofo é basicamente um empirista. Boa parte de suas premissas estão escondidas nele e explicitadas em Locke, Berkeley e Bacon. Herda do primeiro as noções de ideias simples e compostas, bem como as mesmas bases para afirmar que todo conhecimento inicia nos sentidos. De Berkeley, Hume adquire a noção de que não podemos fazer abstrações e, com elas, conceber ideias gerais e abstratas. Hume abre algum diálogo crítico com Malebranche e Descartes, embora mire suas armas contra escolásticos mais do que a quaisquer outros, como parece ser a moda no pensamento moderno. Estranhamente, ao desafiar os inatistas Hume praticamente ignora Leibniz e Spinoza. O seu diálogo com a filosofia antiga se dá basicamente em relação aos helenistas e imperiais (epicuristas, pirrônicos, estoicos). Há menções tímidas a outros autores, claro, mas as principais referências são essas. Hume demonstra grande erudição em assuntos clássicos e até eclesiásticos, citando vários milagres aventados na história secular e sagrada.

Hume acrescenta a noção de vivacidade, de força, que Locke não havia visto. Ele entende que as ideias originais, vinda dos sentidos, paixões e afins, são mais fortes e vivazes, e o que deriva delas, os pensamentos, são mais fracos. Outra observação pertinente é que a associação de ideias se dá por meio de três princípios: semelhança, contiguidade e causa e efeito. Por eles, Hume acredita que formamos todas as nossas ideias. E dá especial atenção a causa e efeito. Daí nota que todas as coisas que conhecemos ou são relações de ideias - coisas típicas das ciências matemáticas -, que não podem deixar de ser o que são pois o são por definição e ainda que não existissem na realidade ainda assim existiriam como conceito não podendo ser imaginadas ao contrário; e questões de fato, que podem ser imaginadas ao contrário do que são. Logo, vincula nosso conhecimento às questões de fato à causalidade, e observa que na relação de causa e efeito tudo o que percebemos é que um evento precede a outro. Retemos isso na memória e na medida em que ampliamos a experiência julgamos que outras coisas semelhantes produzirão os mesmos efeitos observados no passado, ou seja, que o evento semelhante ao observado no passado será seguido por outro que o seguiu. O que faz com que façamos tal antecipação por meio do espírito é simplesmente um instinto natural que nos faz tomar o hábito, o costume, e o aplicar ao futuro. Com esse conceito de causalidade, Hume segue investigando várias questões epistemológicas e afins. Aliás, observa que há graus de confiabilidade para as inferências, desde as coisas mais certas a coisas prováveis e, aí, desenvolve a noção da probabilidade.
Aproveitando o conceito de causalidade, Hume explora os polêmicos assuntos da liberdade e necessidade (basicamente defendendo que todos admitem que a natureza humana, somada a determinadas condições, reage espontaneamente, com a sensação de liberdade, mas de forma bem determinada), a questão dos milagres (estabelecendo a priori a noção de que experimentamos a regularidade da natureza e isso serve de argumento contra a possibilidade dos milagres), a questão da teodiceia (afirmando basicamente que o que sabemos sobre os deuses é o que está explicitado nos efeitos - se é que conhecemos alguma coisa sobre eles - de modo a ser inadequado atribuir a ele alguma qualidade além da que pode ser deduzida nos efeitos, de modo a ele não poder ser mais justo e nem podermos esperar por um mundo melhor do que esse). Hume termina o livro propondo justamente que, diante das críticas cético-pirrônicas a razão se coloca em seu lugar e percebe que não foi feita para discutir metafísica e teologia, mas para lidar com questões práticas.

Este é um clássico. Todo estudante de filosofia deveria ler a obra com atenção pois lida, com enorme sagacidade, com vários dos mais importantes temas da epistemologia, metafísica e filosofia da religião e moral. Discordando ou não de Hume, temos que lhe dar a devida importância e lidar com seus argumentos caso queiramos ser levados a sério. Seus argumentos têm sido recuperados por filósofos do século XX e XXI, de modo que tem sido considerado muito atual e competente. Particularmente os metafísicos escolásticos deveriam lidar com Hume se quiserem permanecer com seu tomismo ou escola empirista afim. Kant também foi impactado pelo pensamento de Hume - desperto de seu sono dogmático, como colocou - e isso é mais um incentivo para olharmos de perto esta pequena obra.

A obra, claro, apresenta problemas. Está basicamente fundamentada no empirismo e permanece ou cai com o mesmo. Além disso, ignora todo o aparato crítico que Kant e companhia demonstraria. É ingênuo em relação à influência das pressuposições na interpretação da realidade e de como as adquirimos, bem como em relação aos papeis epistemológicos de uma cosmovisão. Ignora, também, o papel das afeições na construção teórica, exceto quando fala de seus aspectos negativos no fanatismo religioso. Todos esses problemas nos furta a adesão a suas ideias, embora respeitemos o fôlego com que as defende. Como inatistas e pressuposicionalistas, Hume não nos atingiu. Já o conhecíamos mas agora sua obra foi analisada com cuidado e os argumentos apreendidos com muito mais vivacidade. Foi, aliás, um dos desafiantes que balançaram nosso tomismo de outrora. A propósito, poderíamos dizer que ele desafia severamente o empirista cristão com problemas espinhosos que, se não forem resolvidos, levam ao ceticismo e ao agnosticismo. Agnosticismo não só relacionado a Deus mas à própria ciência e tudo o mais que não disser respeito às questões matemáticas ou pragmáticas.
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Isabelle 19/05/2021

#desafioliterário2021
Esse livro tens uns bons 8 anos que está na minha estante pegando poeira. Quando comprei era muito nova para entender uma só palavra e depois de lê-lo continuo com a mesma opinião de que não entendi muita coisa hahaha tive que ler uns artigos e resenhas no meio para garantir que tava no caminho certo. Ainda estou tentando driblar o meu medo de ler filosofia e gostei bastante de Hume e apesar de achar que algumas partes do livro mais atrapalharam do que ajudaram, foi uma boa experiência. Sempre aprendendo coisas novas. Quero ler mais do autor para conseguir expôr uma opinião sólida.
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Izabela 21/11/2022

Investigação sobre o entendimento humano
Muito bom mesmo, as vezes um tanto difícil de entender, mas continua sendo uma obra incrível, recomendo.
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