Ju Oliveira 21/02/2013Emocionante!Tocante, comovente, inesquecível! Esse livro me cativou já pela capa. Desde que li a sinopse, imaginei que fosse gostar muito. Só não imaginei que fosse me tocar tanto…
August é um menino de 10 anos que nasceu com uma rara doença genética. O que causou uma grave deformidade crânio-facial. Ele nunca frequentou a escola, sua mãe lhe ensinou tudo o que ele sabe.
Mas agora aos 10 anos ele está pronto (ou não) para enfrentar o mundo lá fora. Logo nos primeiros dias de aula, no 5º ano, ele se depara com o horror, o nojo e o desprezo dos alunos do colégio. Só o que ele tem a fazer é ignorar, fingir que não está vendo nada de mais. Mas quando o bullyng começa a tomar o lugar do desprezo, August sofre calado.
Três coleguinhas de sua sala são “escalados” para apresentar o colégio e fazer companhia a August. Ele sabe, que foi uma imposição do diretor da escola e que esses “novos amigos” estão ao seu lado por obrigação.
Tudo o que August quer, é mostrar a todos que apesar de sua aparência incomum, ele é um garoto como qualquer outro. Fã de Star Wars e apaixonado por sua cadelinha Dayse.
É como aquelas pessoas que às vezes você vê e não consegue imaginar como seria estar no lugar delas, seja alguém em uma cadeira de rodas, ou alguém que não pode falar. Eu sei que sou essa pessoa para os outros, talvez para todas aquelas pessoas naquele auditório.
Para mim, porém, sou apenas eu. Um garoto comum.
Apesar da infelicidade com sua aparência, August tem um senso de humor incrível. Em alguns momentos até faz piada de sua própria aparência. Mesmo com todo o drama que é sua vida e o que ele enfrenta, o amor ao seu redor supera tudo de ruim.
Não sei se consigo explicar em palavras o que senti lendo “Extraordinário”. Por ter um filho da mesma idade de August, em vários momentos eu me colocava no lugar da mãe, sempre tão dedicada e amorosa. É de partir o coração, o sofrimento que o pequeno August sente por dentro. Porque em muitas vezes, ele estava fazendo piada mas se corroendo por dentro.
Ele é um menino feliz, por ser tão amado por seus pais e irmã, mas ao mesmo tempo a dor que ele carrega, por ter uma aparência tão “assustadora” o deixa extremamente infeliz.
“Os olhos dele ficam cerca de dois centímetros abaixo de onde deveriam, quase no meio das bochechas. São caídos, formando um ângulo acentuado, quase como se alguém tivesse aberto duas fendas diagonais em seu rosto, e o esquerdo é claramente mais baixo que o direito. E são esbugalhados, porque as cavidades oculares são pequenas demais para comportá-los. Ele não tem sobrancelhas nem cílios. O nariz é desproporcionalmente grande para o rosto e meio largo. A cabeça dele é afundada nas laterais, no lugar onde deveriam estar as orelhas.Ele não tem maças do rosto…”
Extraordinário é uma lição de vida, uma lição de amor. Me fez chorar em vários momentos. De alegria, de tristeza, uma mistura de sentimentos que toma conta durante toda a leitura.
O livro é narrado do ponto de vista do próprio August, de sua irmã Via e de seus novos amigos da escola.
O que mais me deixa triste, é saber que isso é tão real! É saber (imaginar) o quanto uma criança assim sofre e o quão maldosos podem ser as crianças que tem coragem de zombar da aparência de um inocente que não tem culpa nenhuma de ter nascido assim.
Extraordinário é um livro capaz de tocar o coração mais duro. Porque é impossível durante a leitura, não se colocar no lugar de qualquer um dos envolvidos na vida de August, seja sua mãe, seu pai, sua irmã…
Enfim, uma leitura recomendada a todas as idades, sem distinção. Só não esqueça de separar um lencinho, porque certamente, muitas lágrimas vão rolar…
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