Gabriela.Orlandin 04/02/2013
Simplesmente... "Extraordinário"!
Sempre que um leitor inicia a leitura de um novo livro, ele espera que as palavras contidas naquelas páginas o faça abrir os olhos para problemas da sociedade, ou simplesmente para novas percepções a respeito de algum assunto. Na verdade, o leitor espera que as horas dedicadas àquela leitura abram seus horizontes, de modo que ele possa enxergar algumas coisas com mais clareza.
A leitura de Extraordinário foi muito além disso. Me fez rir muito, me fez destacar várias frases que não quero nunca, nunca esquecer, me fez querer entrar nas páginas do livro para defender de unhas e dentes e, finalmente, me fez chorar… de emoção, de tristeza, de alegria. Chorar por todos aqueles que sofrem do mesmo preconceito impensado, estúpido e irracional que ainda vemos, em pleno século XXI.
Augustus Pullman ♥ é um menino de 10 anos que chama a atenção por causa de uma deformidade facial que foge ao que as pessoas chamam de “comum”. Metade da culpa é da ciência, que teve a infeliz ideia de cruzar alguns genes de uma forma grotesca, e a outra metade é do universo, que escolheu Auggie para ser a pessoa que tem aquela probabilidade de um em um milhão de ser do jeito que é.
A história não tem um grande ápice, um grande e incrível acontecimento, com ação, aventura e aquela sensação de lhe ser tirado o fôlego. É um livro simples, que narra, de um jeito inocente, a primeira vez que um menino “fora do comum” começa a frequentar a escola, e todos os problemas, preconceitos, julgamentos e olhares curiosos e acusadores que isso pode acarretar.
O que podemos perceber é que as pessoas são má instruídas na forma de lidar com uma pessoa que possui alguma característica diferente do que estamos acostumados a ver em todas as pessoas. Não só por parte dos alunos, mas presenciamos o preconceito vindo dos pais, que não querem admitir um aluno “deformado” estudando na mesma sala que seu filho, pois dizem que ele tem problemas mentais – coisa que Auggie não tem, mas enfrenta esse julgamento errôneo por não ser, esteticamente, igual a todo mundo. Até a família de Augustus acaba sendo excluída por causa desse preconceito antiquado.
Tudo o que ele queria era ter uma vida normal, pois ele pode ser um amigo incrível, mas as pessoas não querem admitir isso – mesmo que gostem de sua companhia – pois sentem vergonha de serem vistos andando com o estranho (isso para não citar os inúmeros apelidos maldosos).
Augustus lida com amigos falsos, piadas de muito mau gosto sobre seu rosto, mas ele também encontra pessoas boas, que são sinceras em seu carinho por ele e que merecem sua alegria de viver. Essa história é uma lição de vida, é um livro que deveríamos fazer todas as pessoas lerem, para que se conscientizem de que ser diferente é completamente normal. Imagine se, neste mundo, todos fossem iguais uns aos outros? Seria uma chatice! Você já parou pra pensar que aquela pessoa estranha, aquele a que todos julgam e fogem, pode ser um amigo fora do comum, por assim dizer? Às vezes julgamos algo só de olhar, mas esquecemos que, por dentro, as pessoas podem ser lindas.
Extraordinário é aquele livro que você vai se ver lendo um capítulo após o outro, sem conseguir parar. Eu li em poucos dias – se tivesse mais tempo daria pra terminar em apenas algumas horas – e, apesar de eu sempre precisar de silêncio total para conseguir ler, eu lê-lo em meio a todo tipo de barulho, e mesmo assim captar tudo o que estava escrito. O que quero dizer é que este livro é extremamente fácil de ser lido, com sua linguagem fácil e seus capítulos curtos, que alternam entre os narradores, de forma que possamos ver a cena através de várias perspectivas, o que dá uma dimensão imensurável à leitura e à compreensão dos fatos, dos personagens e suas características. A autora não nos dá todos os detalhes sobre um acontecimento, o que faz a leitura ser ainda mais fluente – e ainda não deixa nada pendente. De um modo geral, podemos dizer que o livro é contado como se fossem vários relatos que se conectam e formam uma história só que gira em torno do meu querido amigo Auggie.
Extraordinário me tocou de uma forma sem igual. R. J. Palacio fez uso de palavras simples para passar uma mensagem maravilhosa de respeito, admiração e compreensão para com todos, independentemente se essa pessoa é baixa, alta, gorda, magra ou se tem algum infeliz erro de genética que a faça ser diferente do que todos dizem que é “comum”. Estou apaixonada pelo livro e pela mensagem que ele transmite e, com certeza, esse é um daqueles que ficarão naquele lugarzinho estratégico da estante, de modo que eu possa relê-lo ou abrir ao acaso e ler alguma partezinha dele sempre que tiver vontade.
Não deixem de conhecer a linda e emocionante história de Augustus Pullman, um menino extraordinário que ensinou muitas pessoas a serem diferentes umas das outras e a amarem os diferentes como se eles fossem iguais a todo mundo.
Resenha originalmente publicada em http://fluffy.com.br/2013/02/resenha-extraordinario/