Homerix 29/10/2019
https://blogdohomerix.blogspot.com/2012/12/li-as-cartas-aos-jovens-petroleiros.html
Duas semanas de muito trabalho me fizeram adiar o começo da leitura das 'Cartas a um jovem petroleiro', que comprei em concorridíssima noite de autógrafos de Jorge Camargo. Disse-me ele que teve gente que saiu de mãos abanando... e que a 1ª Edição, de 2.500 exemplares, já se esgotou!!
Ontem, quando sentei pra ler, foi leitura direta, em 3 horas!
Tinha certeza que seria assim! Outros já me haviam me contado, velhos e jovens membros da indústria, e até ouvira de um petroleiro velho, que sua filha jovem petroleira lera o livro de uma tacada só, num vôo Rio-Natal, com a coincidência de que ela fechou o livro, após ler a última página, no exato instante em que o avião tocou o solo nordestino!! Não preciso dizer que ela adorou o livro... Aliás, como todos os demais.
E falando nela, ressalto a atitude do autor de estender, na introdução, o público destinatário das cartas, dos petroleiros às petroleiras. Muito legal que teve esse rasgo de delicadeza ao sexo oposto, limitado que foi pelo português do título. Seus pares que escreveram cartas aos jovens economistas, cientistas, esportistas não tiveram esse problema... Ele teve a sensibilidade de ampliar o espectro ao mundo feminino! E, ao longo do livro, ele conta como demorou até que a Petrobras admitisse o outro lado como empregadas.
Fluido, detalhado ao nível certo, didático, confirmou minha expectativa de contador de histórias. Provocou muitos sorrisos, às vezes gargalhadas e muitos arrepios, às vezes lágrimas. Um pouco pode ter sido por eu ter um envolvimento maior com muito do que está dito ali, afinal, sou um petroleiro, que tem orgulho de sua empresa. Mas não, tenho certeza que mesmo quem é de fora vai se emocionar um pouquinho, afinal trata-se de um orgulho nacional.
Como foi bom ouvir algumas verdades, vindas de uma pessoa que vivenciou momentos distintos de nossa gerência maior, dos militares aos civis, ressaltando claramente as vantagens de uns e de outros!!! Isso, certamente os mais jovens têm muito a aprender. Eles nasceram já em outro regime...
E os destaques nominais a muitas das figuras fundamentais para levar a Petrobras até aonde chegou, foram mais que justos. A desmistificação do caráter usurpador do pioneiro especialista americano foi fundamental, pois mesmo eu de vez em quando embarcava na onda anti-imperialista. Depois, na sequência de homenagens, cheguei a ficar preocupado que ele se resumiria aos exploracionistas como o autor, afinal são os que nos indicam aonde podem estar nossas reservas. Mas logo evanesceu-se o cenho cerrado quando li a menção aos engenheiros pioneiros da produção em águas profundas. Justa homenagem!
Na segunda parte do livro, na verdade imiscuída 'seamlessly' às outras duas, Camargo compartilha com os jovens colegas suas experiências como subordinado e como chefe, como aluno e como professor, como trabalhador aqui e lá fora. Lembra-se como ressaltei sua habilidade como contador de histórias? Veja, na descrição de sua passagem pela Noruega, em que a gente se sente como se lá estivesse. Eu senti até um arrepio de frio, tão preciso é o relato. Mais que isso, sua aula sobre valores e ética, no mesmo capítulo, mereceria destaque nas paredes de todos, gerentes ou não, petroleiros ou não, brasileiros ou não.
E a chave que fecha o livro é mais que de ouro, com uma visão sobre o momento. A explicação sobre o que é o Pré-Sal, tanto na física, como na economia!
Primeiro, ele descreve, com a propriedade de um mestre no assunto, como ele apareceu há milhões de anos, e depois a luta para explorá-lo, e a vitória ao descobri-lo em todo o seu esplendor. Depois, com a propriedade de sua experiência internacional em como essa riqueza inegável foi tratada por aqui. Impressionante como tudo o que Camargo descreve, nesta última e sensível parte, bate perfeitamente com a minha opinião, o que se fez de certo e o que se fez de errado. Os contratos de exploração e produção de petróleo são mares em que navego bem, são minha praia há 1/4 de século, e alavancaram minha carreira na empresa.
O livro termina com uma linda mensagem, mas foi na penúltima carta, em que tratou de meio-ambiente, que ele provocou minha última lágrima.... Num parágrafo em que comenta a atitude se sua filha, que conheci há 18 anos, quando diz:
“Cada vez mais, jovens, principalmente os mais bem instruídos, formadores de opinião, desprezam os ícones do consumismo .... A satisfação de levar uma vida mais simples, mas não menos plena, parece estar ganhando os corações e mentes das novas gerações.”
E por que as lágrimas? É que tenho em casa dois exemplos de jovens com as exatas ambições: com muito pouco, querem apenas passar suas mensagens e ser felizes...
Enfim, obrigado, Camargo, por tentar iluminar com suas palavras os caminhos dos jovens petroleiros... E de outros nem tão jovens nem tão petroleiros assim...
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