Rick Muniz 22/04/2022
O que chamam de vida é um romance barato
O polêmico romance de Henry Miller “Trópico de Câncer” ficou um bom tempo na minha prateleira de livros, pedindo para ser lido, não me arrependi nem um pouco da experiência de ter esperado tanto.
Dizem que sem o amargo o doce não seria tão doce, que sem as adversidades não podemos apreciar o que a vida tem de melhor, e esse parece ter sido o mote que conduziu o escritor da caótica Nova York para a mítica Paris.
Paris atua no livro com vida própria, assim como as estações, ela é mutável, dinâmica, seduz os turistas e encanta, mas também trás a tonas as grandes e destrutivas paixões que impregnam o espírito humano.
O livro é permeado de uma verborragia seca, agressiva, sexual e direta; mas também há a sensibilidade do artista que encontra sua voz no mundo. O sexo, em Miller, é o grande mistério e a grande farsa, afinal, o mundo com seus encantos e dissabores não deve ser levado tão a serio se queremos ter uma experiência mais completa.
A questão da liberdade pessoal é também bastante presente, nesse ponto, a obra fica mais filosófica e estética. Em suma, é um grande livro, melhor se saboreado aos poucos...