Sueli 17/06/2013
Um Livro Para Reler Diversas Vezes!
Cada vez que leio, ou releio um livro de Judith McNaught tenho a impressão de sermos velhas amigas compartilhando lembranças de nossa juventude. E, saber que a minha querida autora teve a colaboração da Diana Gabaldon para escrever com maior riqueza de detalhes sobre a Escócia, conforme os agradecimentos, me deixou salivando! Imaginem duas mentes criativas, capazes de nos presentear com os livros maravilhosos, trocando figurinhas....
É importante notar como os autores nos passam valores de acordo com a sua faixa etária, e estes são facilmente percebidos através de seus personagens.
Nós, seus leitores, nos identificamos conforme essas características se refletem em nossos espelhos psicológicos.
Judith McNaught segue uma fórmula em seus romances. Após um encontro inicial explosivo, carregado de tensão e sensualidade, os protagonistas são separados, e começa a corrida em busca da solução perfeita que nos leve ao tão aguardado final feliz.
“Alguém Para Amar”, nos traz Elizabeth Cameron, uma condessa falida, de uma beleza inigualável, inteligente, culta, carente, mas de uma ingenuidade, que tanto encantava, como quase arruína a sua vida.
E, temos Ian, um escocês marrento, birrento, teimoso e lerdo! Mas, em compensação, belíssimo, riquíssimo, charmosíssimo e tão carente de afeto como Elizabeth.
É claro que duas pessoas com essas características não passariam despercebidas no círculo social que frequentavam, onde quase todos eram desprovidos daquilo que sobrava neste casal tão incomum. E, por isso, foi o alvo perfeito da mediocridade que nos acompanha desde os tempos imemoriais. Pois, como é sabido, se alguém não consegue ter o que deseja, destrói aquele que a possui! Como se assim o fazendo, pudesse desfrutar do que lhe foi negado por incapacidade, ou por não saber como encontrar.
Nosso casal ficou separado durante dois anos! E, nesse meio tempo, a minha querida Elizabeth amadureceu, e transformou-se em uma jovem mulher ainda mais encantadora, mas uma pária da sociedade que nunca esqueceu o escândalo em que ela esteve envolvida durante o seu primeiro encontro com Ian.
Após, uma providencial troca de correspondência, nossa heroína é levada diretamente à toca do leão, no alto de uma belíssima montanha, no interior da Escócia, onde terá a chance de desfazer os enganos dos quais ambos foram vítimas, e recuperar o amor que sentiam.
Confesso que rompi relações com Ian, ao saber que ele havia se desfeito de Sombra após a morte se seus pais, e o culpei por todos os desgostos que Elizabeth sofreu. Havia onze anos de diferença de idade entre eles. Ian deveria saber o que estava exigindo demais de alguém tão pura e ingênua como Elizabeth, cujo maior erro foi acreditar em seu irmão, e se apegar a Havenhurst com unhas e dentes.
Elizabeth esquecendo que poderia confiar em Ian, que ouviria as piores notícias de seus lábios, não disse as palavras necessárias, e o momento foi perdido, e o amor posto em risco, quando a intenção de ambos era protegê-lo.
Mais uma vez, Judith usa o recurso da compra de uma noiva, pela soma indecente de cento e cinquenta mil libras! E, vamos combinar que nos dias atuais, algo parecido, só mesmo em nossos amados livrinhos, pois nem a conta os rapazes estão pagando!
Deve ter sido por isso que Clayton teve a ideia de comprar a Whitney! Pois, apesar de “Whitney, Meu Amor” ter sido publicado quinze anos antes de “Alguém Para Amar”, durante uma cena na página 512, o personagem Roddy Carstairs comenta, que em virtude do provável casamento de Ian, só restava Clayton Westmoreland para oferecer um título de duque no reino. Acho que nossa querida autora, quis limpar a barra daquela atitude arrogante de Clayton.
Como sempre, um livro inesquecível. Judith McNaught tem o dom de nos fazer flutuar em uma bruma de romance e magia, tornando impossível dizermos adeus facilmente aos seus personagens emblemáticos, apesar de muito parecidos em todas as suas obras.
Confesso que prefiro os seus mocinhos contemporâneos, já que esses são mais compassivos e resilientes, perdoando mais facilmente os erros cometidos pelas protagonistas, que invariavelmente, são sempre muito jovens e ingênuas, ou imaturas. Ou, ainda estão pressas em um momento importante e aflitivo de suas vidas.
Como reli há pouquíssimo tempo “Todo Ar Que Respiras”, percebi que o mesmo recurso utilizado por Ian em seu julgamento, foi repetido por Mitchell Wyatt, durante o seu inquérito.
Os dois protagonistas tinham em suas mãos a prova de sua inocência, e permitiram que as autoridades fizessem um papel ridículo.
Um livro de setecentas e uma páginas, mas que por mim, poderiam ser mil, duas mil páginas, pois como dizia Jane Austen: “Se um livro estiver bem escrito, nós sempre o acharemos muito curto.”