Nick 01/01/2023
Sempre polêmicos
Conheço um pouco da escrita da Judith e tenho um certo problema com os personagens principais dela. A maioria dos homens são machistas e apresentam um certo nível de toxidade. "Ah, mas em romances de época isso é comum, afinal de contas, as mulheres da épocas eram tratadas como objetos de decoração". Eu entendo toda a problemática do papel da mulher nos séculos passados, porém existem diversas outras autoras que escrevem romances de época e que souberam retratar com maestria a sociedade dos séculos anteriores, sem criar personagens insuportáveis e intolerantes. Eu amo muitos mocinhos de época, justamente por estarem fora do curva do que sabemos que acontecia. Os dois primeiros livros dessa trilogia me aborreceram profundamente pela má construção que abordei acima, principalmente dos "lordes" que se achavam no direito de tratarem suas companheiras como seres descartáveis. Um "eu te amo" no final não justifica atitudes machistas no livro todo.
Tá, você desceu a "lenha", mas deu 4 estrelas para esse.
Sim! Porque Alguém Para Amar foi uma surpresa incrível. Diferente dos anteriores, os personagens do Ian e Elizabeth foram um frescor diante de tanta toxidade. Ele trouxe tudo o que amo nos romances de época: humor, conversas inteligentes, um toque de sensualidade, romance proibido, confiança e respeito pela mocinha. E a Elizabeth foi uma maravilhosa protagonista: forte, com uma mente aguçada, com uma língua ferina e que também soube respeito e confiar no seu companheiro em quase todo o livro.
Alguém Para Amar só não ganhou as 5 estrelas pela problemática do final que, na minha opinião, foi mal trabalhada e gerou um grande mal entendido por falta de diálogo. Por um momento minha admiração pelo enredo oscilou, mas o desenvolver do restante da trama garantiu as 4 estrelinhas.
Minha resenha começou bem ácida por um motivo: é possível construir bons romances de época sem precisar criar personagens que humilhem e menosprezam suas esposas. Judith mostrou isso no encerramento dessa trilogia. Se ela se mantivesse nessa pegada, muitos leitores que se incomodam com essa forma de escrever (me incluo aqui), talvez mudassem de ideia e dessem uma nova chance para a autora.