Toda poesia

Toda poesia Paulo Leminski




Resenhas - Toda Poesia


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TA 03/09/2013

Toda poesia
Me arrisco a dizer que foi o livro que li mais rápido na vida, mas tenho uma ótima razão pra isso. Ler esse livro é entrar no mundo do Leminski de uma forma tão rápida e deliciosa que se torna praticamente impossível não devorar o livro em poucas horas. Depois de ler as primeiras três páginas você já se sente um pouco “Leminskiano” e passa a entender a visão e as ideias que ele transmite em seus versos. Livro muito recomendado, faça a leitura sem pressa, simplesmente curta os versos e delicie-se com o que Paulo Leminski via e entendia da vida.

site: http://texticuloseapendices.wordpress.com/page/2/
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Roseli 17/08/2013

As partes que gostei mais...
para que leda me leia
precisa papel de seda
precisa pedra e area
para que leia me eda

precisa lenda e certeza
precisa ser e sereia
para que apenas me veja

pena que seja leda
quem quer você que me leia
pag 206


amei em cheio
meio amei-o
meio não amei-o
pag235


Operação de vista
De uma noite, vim.
Para uma noite, vamos,
uma rosa de Guimarães
nos ramos de Graciliano.
pag 252


atrasos do acaso
cuidados
que não quero mais

o que era prá vir
veio tarde
e essa tarde não sabe
do que o acaso é capaz
pag 256


você está tão longe
que as vezes penso
que nem existo

nem fale em amor
que amor é isto
pag 263


não espere mil agres
neste meu acre ditar
dito só porque disto
mil léguas deste lugar
pag 303


a vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem
pag 313


muito romântico
meu ponto pacífico
fica no atlântico
pag 317


vi vidas, vi mortes,
nada vi que se medisse
com o azar que tive
ao ter você, minha sorte
pag 320


Fiz um trato com meu corpo
Nunca fique doente
Quando você quiser morrer,
eu deixo.
pag 321



S.O.S.
não houve sim que eu dissesse
que não fosse o começo
de um esse o esse
pag 345


ah se pelo menos
eu te amasse menos
tudo era mais fácil
os dias mais amenos
folhas de dentro da alface

mas não
tinha que ser entre nós
esse fogo
esse ferro
essa pedreira
extremos
chamando extremos na distância
pag 355



Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui
pag 356



a hora do tigre
um tigre
quando se entriga
não é flor que se cheire
não é tigre que se queira

ser tigre
dura a vida
inteira
pag 363


lá dentro o que é que tem
que aqui fora
não tem ninguém?
pag 368
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Edvan Moura 15/07/2013

Lê Minski
eu li
esse cachorro
louco
paulo lemniski
que
fez chover
muitas
ideias
e
inspirações
dentro
da minha
cabeça

Edvan Moura - 2013
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CooltureNews 23/06/2013

Publicada em www.CooltureNews.com.br
Leminski, poeta que merece ser muito mais reconhecido do que já é, conseguia descrever sentimentos como poucos.

Chega a ser engraçado o quão difícil é resenhar um livro de poesias. Não há uma história a ser contada, uma sinopse a ser comentada, um spoiler a ser evitado. Tudo o que se enxerga no poema é a si mesmo. Pois é nisso que acredito: as narrativas têm a capacidade de fazer com que você esqueça do mundo, que entre na história, se perca lá dentro; já a poesia, não. Com ela temos a experiência contrária: as palavras que entram nos nossos sentimentos, pensamentos, temores, amores. Gostamos realmente de uma poesia quando nos enxergamos nela, quando conseguimos sentir a emoção que o escritor tentou expressar em palavras, e relacionamos com a nossa. E Leminski consegue fazer isso. Ele nos atinge. E esse é o melhor elogio que posso fazer a um poeta.

Fiquem, então, com um pedacinho da obra do curitibano bigodudo.

A lua no cinema

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!

Razão de ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Natalia597 10/02/2014minha estante
Você tem razão: a poesia é nada mais do que um espelho da nosso ser íntimo que mostramos, meio embaçado nas palavras, ao mundo.




Arsenio Meira 24/04/2013

Incenso Fosse Música


isso de querer

ser exatamente aquilo

que a gente é

ainda vai

nos levar além

PAULO LEMINSKI


Leminski, aos 19 anos (em 1963) e sem ser convidado, pediu a palavra no meio de um Congresso, comandado por altos intelectuais, no caso os bambas/mestres da Poesia Concreta (os irmãos Campos, Pignatari e etc). E naquele momento, quem era mestre, de repente aprendeu.

Poeta gigantesco, tradutor de Whitman, Joyce, Lennon (era fissuradíssimo nos Beatles), Mishima e Beckett, redator publicitário, letrista (escreveu letra de música com Caetano, mas com Guilherme Arantes também: quem foi que disse, que eles podem vir aqui?! NAS ESTRELAS FAZER XIXI, XIXI!).

E mais: escreveu breves, mas consistentes, biografias de Cruz e Souza, Lennon, Bachô e Jesus Cristo.

Paulo arriscou também um romance: Catatau, uma obra até badalada pela crítica. Mas aí são outros quinhentos: é experimentalismo demais pra minha cabeça. Foi autor de livros infanto-juvenis e morreu em 1989 (morreu mesmo?), com a mesma idade de Fernando Pessoa. Causas idênticas. Cirrose hepática.

Casado durante 21 anos com a poeta Alice Ruiz, que lhe deu três filhos (Miguel, Áurea e Estrela) e com quem conheceu o lado único do amor.

Um dos ícones da poesia brasileira, forjada nos anos 70, conhecida como poesia marginal. O termo marginal (ou magistral, como diria Chacal), polêmico desde o embrião, rendeu ensejo aos mais variados significados: marginais da vida política do país, marginais do mercado editorial, e sobretudo, marginais do cânone literário.

Foi uma geração (a dele, de Chacal, Ana Cristina César, e tantos outros), que cresceu despretensiosa. Mas os versos que escreveram colocaram em pauta questões graves e relevantes: o ethos de uma geração sacaneada pelo cerceamento de suas possibilidades de expressão graças ao crivo violento da censura e da repressão militar.

Obviamente, na época, bradaram os críticos obsequiosos e babacas: vocês não prestam!

No entanto, Leminski e cia. mandaram esses críticos à merda. E a própria historia pôde nos surpreender: hoje, a poesia marginal é reconhecida pela historiografia literária, como a expressão por excelência da poética dos anos 70 no Brasil.

E Leminski sabia latim, mas era cachorro-louco (alcunha de sua própria autoria), escrevia em guardanapos, em bares, táxis, viadutos, em pé, sentado no meio fio, sóbrio como um menino, ou mesmo dentro de uma garrafa. Poemas rápidos, geniais, cortantes, fatais. Haicais mortais no entediante mundo do desatento leitor.

Chorou a morte do filho, causada por leucemia, 1979. Foi o que detonou a sua devastação. Pois a tragédia deu-se quando ele estava começando a ficar limpo, numa árdua batalha contra o álcool.

Sangrou pra sempre, mas Leminski renasce cotidianamente e aproxima a terra do Sol, compõe o verde e rasga a palavra mentira.
Leminski, que lá de cima nos vê.

Sorri. De mãos dadas com o filho Miguel.

Olha demoradamente Alice, contempla Áurea e brinca com Estrela. Troca uma ideia com Drummond, joga conversa fora com Cacaso, abraça Quintana, aperta solenemente as mãos de João Cabral, não tira o olho de Ana Cristina, e acena pra nós, apontando um caminho de pó e esperança.
23/08/2013minha estante
Arsênio adorei sua resenha. Você nos contou detalhes de uma maneira simples como se vc fosse um vizinho próximo à Leminski. Gostei! Gostei muito


Arsenio Meira 23/08/2013minha estante
Oi Sú,
Muito obrigado pelas generosas palavras.
É a poesia do Leminski!
A gente lê, e no mesmo instante, sente o estalo da proximidade que só os poetas, escritores conseguem estabelecer de modo definitivo com o leitor. Um grande abraço pra você


Mateus 22/05/2014minha estante
Excelente resenha!!!


Arsenio Meira 22/05/2014minha estante
Oi Mateus, obrigado! O Leminski era craque demais.
Abraços
Arsenio


Ana Carolina Santos 21/06/2014minha estante
Nossa, que texto lindo! Parabéns! Me deu mais vontade ainda de ler esse mestre.


Arsenio Meira 21/06/2014minha estante
Obrigado, Carol. Vá em frente, sem pestanejar. A poesia do Leminski vale a pena. Um abraço


ellitron04 29/11/2014minha estante
Demostrou além de conhecimento do autor e sua obra, a sensibilidade que Leminski nos faz alcançar..abrços


Arsenio Meira 30/11/2014minha estante
Valeu, ellitron. Leminski é um poeta daqui até a eternidade.
Grande Abraço


Erânio 29/04/2019minha estante
"Poeta é quem se considera"

Leminski


Maida Alcântara 27/06/2020minha estante
Bacana demais sua curta biografia desse poeta maravilhoso. Leminski é potência, gênio dos trocadilhos, gigante das palavras. Vc citou o livro das biografias, o Vida, trocou Trotski por Lennon ou quis se referir a alguma biografia que ele fez do Jonh?


Duda 14/06/2021minha estante
Mano como q faz pra ler?


Ana Carolina 21/01/2022minha estante
Que resenha linda! Estou em um processo de reconexão com a poesia desse cachorrolouco e ler tudo o que você disse me ajudou muito com isso. O que me toca ainda mais são duas sutis coincidências: Incenso fosse música é meu grande lema de vida e sua resenha foi postada no dia do meu aniversário de 13 anos, no ano em que eu ganhei Toda Poesia.


Yasmin 05/09/2022minha estante
?


Luwn 04/10/2022minha estante
Qual é a classificação indicativa?


Leandro.Bonizi 19/12/2022minha estante
Parabéns pela resenha, não imaginava que ele tivesse uma tão rica história de vida.


Lucas 24/12/2023minha estante
Meu Deus, Arsênio, você mandou muito muito bem aqui. Obrigado! Saravá grande Leminski!


Sah 05/10/2024minha estante
Leminski era poesia, era rima, verso, era política, crítica, simplicidade, ele era tudo sem perder a linha
meu poeta favorito ??




Camila1856 04/04/2013

Somos Todos Poesia!
Leminski dispensa apresentações. É praticamente impossível algum brasileiro nunca ter se deparado com alguma produção deste escritor, poeta, crítico literário, tradutor curitibano, nascido em 1944 e falecido em 1989 aos 45 anos.
Desde muito jovem Leminski adquiriu uma forma peculiar de escrever, dedicando-se muito a poesia e aos haicais. Toda Poesia é uma coletânea com a reunião dos poemas já publicados em seus livros “Quarenta Clics em Curitiba” (1976), “Caprichos & Relaxos” (1983), “Distraídos Venceremos” (1987) – última obra poética publicada em vida –,“La Vie en Close” (1991), “O Ex-Estranho” (1996), “Winterverno” (2001) e “Poemas Esparsos” estes últimos publicados postumamente.
Como todo livro de poesia este, definitivamente, também vem embriagado de sensibilidade e profundidade, percebemos no decorrer de cada livro que o poeta amadurece e recria-se, no entanto é presença constante em seus poemas temáticas universais como: vida, morte, amor e sofrimento. Ademais, como poeta, Leminski tenta desvendar-se e ao mesmo tempo reconhece que “Raros olham para dentro,/ já que dentro não tem nada./ Apenas um peso imenso, a alma, esse conto de fadas.”, mas ele faz parte da classe "rara", portanto, descobre-se ‘ex-estranho’.
Sem dúvida, Leminski, com toda a sua sensibilidade consegue sensibilizar e emocionar seu leitor e apesar de ter uma escrita simples consegue mostrar que na simplicidade jazem os sentimentos verdadeiros. Uma obra literária, em especial se tratando de obra poética, não pode ser analisada de forma hermética ou pela quantidade de poemas já escritos pelo autor, mas uma obra poética deve ser analisada pela simplicidade e sensibilidade capaz de passar aos leitores. A poesia deve ser a expressão de um sentimento (bom, ruim, útil, inútil). Entretanto, tudo o que lemos é capaz de nos transformar.
Às vezes temos a ilusão de achar que o muito é algo demais e em algumas situações em excesso, mas quando nos referimos a Paulo Leminski e sua poesia, percebemos, concretamente e sentimentalmente, que o pouco pode ser muito, em duplo sentido: 1- Escreveu pouco para quem merecia ter escrito mais, mas escreveu muito para quem viveu apenas 45 anos; 2- A forma breve com que escrevia seus poemas, constituída de poucas palavras, frases e expressões é muito pois em poucas palavras sintetizava um grande sentimento, sensação, emoção. Nos apêndices de Toda Poesia, encontramos as palavras de Leyla Perrone-Moisés que diz o seguinte: “O grande poema breve é concentração sem perda, o máximo no mínimo. Leminski conhecia essa arte e colhia o poema com o golpe certeiro da espada zen.” (p.402). O pouco, realmente, pode ser muito, assim como um segundo pode significar muito mais do que duas horas.
Confesso que nunca tinha tido a honra de ler um livro do Paulo Leminski até Toda Poesia, tudo o que tinha lido dele fiz através da internet e desde o primeiro momento me encantei. Já que estou me confessando preciso dizer que sou apaixonada por três poetas: minha primeira paixão foi Vinícius de Moraes que tive a honra de conhecer na minha adolescência. Depois me apaixonei por Leminski assim que adentrei no mundo virtual e, claro, alguns de meus professores na faculdade falaram dele. Por último me apaixonei por Fernando Pessoa que tive a honra de analisar, na faculdade, algumas de suas facetas (Caeiro, Reis, Campos). Continuo apaixonada pelos três e aberta a novas paixões!
Para finalizar, é impossível não frisar que Toda Poesia se tornou um de meus livros favoritos e acredito que este livro tem cem por cento de chance de encantar todo e qualquer leitor. Mais do que uma indicação, acredito que todos devem ler Paulo Leminski, o samurai malandro! Toda Poesia é daqueles livro que devem ser lidos calmamente para que possamos sentir cada verso, cada palavra. Toda Poesia é para ser relido naqueles dias em que nosso coração dolorida pede um pouco de poesia para acalentar a alma.

Camila Márcia
http://delivroemlivro.blogspot.com.br/
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