Resenhas - Toda Poesia

bibioslivrosecia 24/12/2022

Obra completa de um ícone da poesia contemporânea
Por tratar-se de uma coletânea completa de toda a produção poética desse autor, é possível observar exemplos de todas as fases e estilos dele, sejam eles haikais, canções, poemas concretos, poemas-piada oswaldianos, slogan e mesmo os poemas líricos mais tradicionais. Eu gostei bastante da experiência dessa leitura, foi muito fluida, rápida e até mesmo leve, pois apesar de alguns poemas terem conteúdo que me levou a algumas reflexões mais profundas, essas aconteceram apenas após o fim da leitura. A linguagem simples e acessível contribuiu significativamente para que a leitura fosse veloz e os diversos temas abordados conseguem dialogar com variados públicos de diversas épocas. Para mim, a poesia de Leminski já nasceu imortal. Meus poemas favoritos foram: "Bem no fundo", "Para Alice", "M de memória", "Carta ao Acaso", "Signo Ascendente", Um Metro de Grito (máquinas líquidas)", "Estrelas Fixas", "Rumo ao sumo", "Amor Bastante", "1987, tende piedade de nós", "Limites ao Léu" e "Além alma (uma grama depois)". Para aqueles que gostam de ler poemas, principalmente de tendências contemporâneas, recomendo muito a leitura do livro ou pelo menos da minha pequena listinha de preferidos.
Quotes:
"Não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer vai ser minha última obra"
"Se tudo existe para acabar num livro, se tudo enigma a alma de quem ama!"
"Raros olham para dentro, já que dentro não tem nada. Apenas um peso imenso, a alma, esse conto de fada."
"Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente"
"meu amor ao vento
nada foi
feito o sonhado
mas foi bem-vindo
feito tudo
fosse lindo"
"me façam feliz feito essa vida não faz"
"meu pensamento voa até você só para ficar triste"
"ser infeliz
sempre infeliz
mesmo assim
te quis
mesmo sabendo
que ia te querer
ficar querendo
e pedir bis"

Lua 24/12/2022

o que dizer dos poemas do Paulo Leminski? maravilhosos, perfeitos e profundos. Todos me levam a êxtase.

Virginia Barros 23/12/2022

Os poemas desse livro são tão profundos que eu tive que ler cada um pelo menos três vezes. São poucas palavras, a maioria é bem curtinha mas dá muito o que pensar

Icarooneiro 21/12/2022

O sapo...
Ótimo autor.

Original e necessário na poesia brasileira, apresenta uma reinvenção dos haikai de uma perspectiva não vista na literatura nacional.

De maneira geral, sua poesia não se importa com a tradição nacional, cada palavra é um mundo gigante no contexto de seus textos, limpos e pequenos, simples e tremendamente pesados em significados.

Tayna158 19/12/2022

Saindo da zona de conforto completamente.
Eu, me conhecendo bem, jamais entraria na livraria apra buscar esse livro. Eu provavelmente iria para a mesa de best sellers e seguir minha vida. No entanto, este livro foi um presente! A Tag acertou em cheio e fez o que prometeu: mostrou um mundo retratado muito diferente do meu.
A narrativa do livro é em primeira pessoa, ou seja, a personagem que narra é a Lakshmi (espero ter escrito certo), uma pintora de henna que tem um passado marcado pelo rompimento de tradições ao fugir de Hari, seu marido. Desde então, seguiu seu próprio caminho e criou o seu próprio negócio de pintura de henna que muito daria certo, inclusive dando oportunidade de deixá-la conquistar tudo o que queria, mas que foi revirado pela presença de Rhada.
A menina se mostra de início a irmã de Lakshmi, o que é inacreditável já que a protagonista era filha única, mas tudo se provou verdadeiro. Rhada veio para baguncar o que a irmã já estava dando por certo. É como se viesse atenuar as rachaduras na paredes e mostrar como tudo está frágil.
Uma das coisas que mais gostei foi a forma de narrar de Lakshmi. Ela conversa consivo mesmo, roda em seus próprios pensamentos, analisa, sofre e, no fim, mal esboça uma emoção. É uma delícia seguir a construção de pensamento da gata.
Outra coisa que muito me agradou são Rhada e Malik que foram retratados de uma maneira autêntica e fiel, respeitando suas respectivas idades. Quer dizer, não são mini adultos, mas criança/adolescente que vão se dependendo do olhar de Lakshmi para orientar, o que nem sempre acontece.
Por fim, acho que o mais belo é a aceitação da mudança. Tudo muda, e permanecer na insistência de um sonho antigo pode se mostrar limitante dentro de novas crenças e aprendizados, que foram construídos.

Leandro.Bonizi 19/12/2022

Versos curtos, muitas vezes com diferentes espaçamentos de parágrafo. Ele brinca com as palavras. Às vezes usa rimas outras não. Usa nomes próprios em letras minúsculas. Há muitos poemas concretos. Ele parece "brincar" ao fazer poesia, mas a sua modernidade não é meu estilo, eu que gosto de explorar as profundezas da alma, mas reconheço a qualidade:

"Uma vida é curta
para mais de um sonho"

Uso de assonância:
"pausas valsas calmas penadas"

Uso de paranomásia:
"do ouvido não olvido"

Contraposição de ideias opostas:
"entre a dívida externa
e a dúvida interna
meu coração
comercial
alterna"

Uso de aliteração:
"por um fio
o fio foi-se
o fio da foice"

"de som a som
ensino o silêncio
a ser sibilino

de sino em sino
o silêncio ao som
ensino"

Neste ele brinca com os complicados termos de Gramática:
"o assassino era o escriba
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular como um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conetivos e agentes da passiva,
o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça."

Trocadilho: "Que flecha é aquela no calcanhar daquilo?"

"A sombra máxima
pode vir da luz mínima."

Há outros trocadilhos, como em um poema sob o título de "minifesto" e outro "administério" e outro "investígio".

"Tempo lento,
espaço rápido,
quanto mais penso,
menos capto."

Alguns poucos expressam sentimentos:
"Uma pálpebra,
mais uma, mais outras,
enfim, dezenas
de pálpebras sobre pálpebras
tentando fazer
das minhas trevas
alguma coisa a mais
que lágrimas"

Um com aliteração, antíteses e simetria de ideias:
"pra ser vinte e pra ser visto,
pra ser versa e pra ser vice,
[...]
"Onde estará meu verso?
Em algum lugar de um lugar,
onde o avesso do inverso
começa a ver e ficar."

"Busquem outros a velocidade da luz. Eu busco a velocidade da treva."

Há um com o título "rimo e rimos", outra paranomásia.

"certezas o vento leva
só dúvidas continuam de pé"

Sha 08/12/2022

Incenso fosse música
A maioria dos poemas de Leminski me deixam feliz!
É muito interessante que com poucas palavras ele consegue por tanto significado e ser muuito atual também. Paulo Leminski parece ser um poeta que ainda vive nos dias de hoje. E está presente mesmo, através de suas obras!

Monique | @moniqueeoslivros 08/12/2022

Toda Poesia
{Leitura 50/2022 - ?? Brasil}
Toda Poesia - Paulo Leminski

Enquanto penso nesse livro, lembro de uma música pra descrevê-lo. A música é do Leoni com O Teatro Mágico, e diz "que no fundo é simples ser feliz, difícil é ser tão simples". Leminski conseguiu.

Paulo Leminski sabia muitas línguas, fazia muitas coisas, tinha um total domínio da linguagem. E talvez por isso mesmo seus versos encantem pela simplicidade com que ele diz o que deseja dizer. E faz isso de mais variadas formas, inclusive com poemas concretos e haikais.

Os haikais são os meus favoritos. A arte de dizer tanto em tão pouco é uma das coisas mais bonitas da poesia. E Leminski é mestre neles também:

a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa

Toda Poesia é uma reunião de todos os seus livros publicados, em ordem cronológica, além de vários textos que eram orelhas, apresentações e prefácios das edições separadas. Um livro que, parafraseando Alice Ruiz na apresentação, "pode oferecer uma visão total do que foi a poesia para Leminski e do que é Leminski para a poesia".

Marcos 07/12/2022

Poesia para provocar?
Nessa coletânea é possível observar as transformações e a capacidade de instigar de Leminski. O poeta faz de sua poesia um manifesto provocante e intenso sobre a relação do homem com a vida. Boa leitura!

Duda 03/12/2022

Que poesia boa! Que delícia de ler! Gostei de tantas poesias. Com certeza irei reler. Sou leiga em poesia mas esse livro foi fácil de entender e eu simplesmente amei os poemas. Super recomendado!!

Teté 01/12/2022

De todos os livros da lista da uem, esse aqui foi o mais leve e tranquilo de ler. São poesias bem curtas e rápidas de se ler.

Leticia.naza 27/11/2022

Razoável
Achei uma leitura um pouco complicada.

"Você me amava
disse
a margarida

a margarida
é doce
amarga a vida"

mac 26/11/2022

Toda poesia
Livro divertido, bom pra passar o tempo. Não leria se não fosse por motivos acadêmicos, pois poesia não é meu tipo favorito de leitura. Mesmo assim, gostei do livro e talvez leria novamente em outra oportunidade.

Alexson.Almeida 18/11/2022

Algumas coisas interessantes, outras totalmente estressantes
Minha expectativa sobre Paulo Leminski era alta. Infelizmente, devo dizer que não foi dessa vez que o autor me cativou. Embora existam dentro desse livro poemas muito interessantes, a maioria é de um tom medíocre e até, às vezes, sem sentido. Especificamente ao adicionar trechos em outros idiomas de uma maneira deslocada. Achei uma coletânea com um grande potencial, mas executada de uma forma que deixou a desejar.

Daniel Andrade 17/11/2022

Puta poeta.
Tinha bastante medo de não gostar dos poemas do Leminski, especialmente por ser basicamente uma unanimidade aqui em Curitiba. Felizmente, não me decepcionei. Alguns dos livros contidos nessa coletânea não me agradaram, mas alguns, especialmente "O ex-estranho", foram espetaculares. Não sei se o considero como o maior autor paranaense, por enquanto ainda sou mais fã do Dalton Trevisan (e preciso começar a ler Helena Kolody), mas está certamente na prateleira dos maiores.