Tamirez | @resenhandosonhos 12/08/2016Joyland - Stephen KingUma das minhas metas literárias para 2016 foi conhecer os livros do Stephen King. Comecei o ano com Sobre a Escrita, seu livro não ficcional sobre suas técnicas e sua jornada enquanto escritor, porém faltava o contato com as obras de ficção. Acabei escolhendo Joyland pois ganhei ele de um inscrito lá do canal e gostei bastante da proposta do livro.
Com apenas 250 páginas, King toma seu tempo ambientando o leitor. São praticamente 200 somente criando o clima da trama, o que, para leitores mais ágeis como eu, pode ser um pouco maçante. Conforme questionei isso, recebi como resposta dos leitores do autor que essa é também uma marca da sua escrita, portanto já tenho que ir me preparando para me deparar com isso nas próximas leituras.
Porém, mesmo sabendo da prolixidade da escrita, é impossível não apontar que esse pode ser sim um problema, independente de ser ou não uma característica do autor. Algo super interessante que adorei ter encontrado nesse livro foi a semelhança de escrita em alguns aspectos com a do Carlos Ruiz Zafón, um dos meus autores preferidos.
Toda a construção sombria, a inserção do elemento fantástico sem soar falso e a beleza da escrita são pontos que posso dizer ter visto em Joyland e que me lembraram as construções do outro autor. A diferença fica realmente na aceleração da história. Enquanto Zafón já começa com acelerando a história, King toma eu tempo para criar o clima do livro.
“Um pequeno conselho: não se aventure na roda-gigante em uma noite chuvosa.”
Devin é um personagem encantador. Ele é jovem, inocente em vários fatos, porém não é bobo e sabe se virar nas situações. Por mais que tenha tido o coração partido, o livro não fica no mimimi ou nos sentimentos pelos quais ele está passando. Isso se mostra na postura dele em alguns momentos da trama, sem que o assunto precise vir a tona de forma explícita. Todos os personagens são bem construídos e pra isso, com toda a certeza, vale o tempo de construção que King toma. Não há vazio ou desvio de personalidade. Os personagens são todos sólidos, quase ao alcance dos dedos do leitor.
A aura do livro também é super bacana, no parque de diversões tudo parece mágico, porém há também o elemento sombrio, que seria esse espírito que poderia estar entre eles e que algumas pessoas já avistaram. Porém, Linda Gray não tem o foco do livro, ela serve para dar o tom, enquanto Devin tem toda a atenção do leitor e é pelo olhar dele que vamos acompanhar a história.
No fim não temos um final feliz ou satisfatório para todos. Esse é um livro com um fim que vai partir alguns corações e certamente deixar a todos tristes com o desfecho. Também acabaremos desvendando o mistério de Gray e seu possível assassino, atando todas as possíveis pontas soltas. Não vi as respostas vindo na minha direção, o que é sempre bacana, pois proporciona ao leitor o choque e toda a verdadeira experiência com um livro que tem como propósito nos deixar tensos e curiosos.
A capa tem muito significado na história, pois apresenta uma das chamadas “Garotas Hollywood”. Jovens bonitas contratadas para andarem pelo parque com uma máquina fotográfica, fotografando aqueles que brincavam ou passeavam por Joyland, para depois oferecer a venda da foto. O nome se refere portanto a beleza que todas elas tinham.
Eu gostei bastante do livro, mas não foi aqui ainda que meu amor pelo King se formou. Acredito que minha próxima leitura do autor seja O Cemitério e já estou mais preparada para o tipo de escrita que posso encontrar. Se você é fã do King e já está acostumado com a prolixidade, com toda certeza a aura mágica e sombria de Joyland vai te conquistar!
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