Claudinei 26/06/2023
Emocionante, perfeito!
Como é boa a sensação de finalizar a leitura de um livro bem escrito, onde o autor sabe carregar a história, manter o interesse do leitor e ainda entregar um final a altura do restante do livro pra fechar com chave de ouro.
Mais uma vez King traz sua versatilidade de escrita e roteiro, quando vemos seu nome na capa de um livro já imaginamos algo voltado ao terror sobrenatural, mas em Joyland King seguiu por outro caminho, ainda que haja um mistério e um elemento sobrenatural aqui e ali, isso serve somente pra compor uma parte da trama, o elemento central da história na minha visão ficou mais sobre o desenvolvimento e amadurecimento de um jovem para a vida adulta, tendo como protagonista o estudante universitário Devin Jones.
A história é narrada pelo próprio Devin, sobre o período de férias de veraneio na faculdade em 1973, verão que mudou sua vida completamente. Lidando com a questão de estar longe da namorada, seu primeiro grande amor, o rapaz arruma um emprego temporário em Joyland, um parque de diversões em uma cidade próxima a universidade, rapidamente Devin faz novas amizades, com funcionários fixos do parque, com outros jovens universitários que também estão aproveitando as férias para fazer uma grana extra em empregos temporários, e também com alguns moradores locais, como a dona da pensão onde passa a morar e com um garoto de cadeira de rodas e sua jovem mãe, esse novo circulo de amizades irão transformar pra sempre Devin Jones.
No parque Jones se habitua a corrida mas satisfatória rotina de trabalho, sendo um faz tudo, desde operador de brinquedo a se fantasiar de Howie , o cão mascote do parque e alegrar as crianças que amam o personagem, em conversas com colegas do parque Devin fica sabendo sobre um assassinato que ocorreu alguns anos atrás dentro do parque, especificamente na casa de horrores no trem fantasma, e a lenda que corre é de que algumas pessoas relatam ter visões da jovem Linda Gray, assassinada no brinquedo e cujo crime ficou sem solução, pois por mais evidencias que a policia tivesse, inclusive foto do assassino no dia do crime junto a garota, usando óculos e boné, nunca conseguiram de fato localizá-lo e prendê-lo.
Com a desilusão do primeiro amor, ele decide que irá passar mais uma temporada no parque e trancar a faculdade, a fim de esquecer a jovem que partiu seu coração. Como despedida, Devin convida o casal de amigos Erin e Tom para visitarem o trem fantasma, uma vez que na correria do trabalho eles não tiveram a oportunidade de conferir o famoso brinquedo. Ao final da brincadeira, Tom, de forma acanhada relata ter visto a garota Linda Gray acenando pra eles, e isso instiga Devin, que quer descobrir o motivo do fantasma ter aparecido a Tom que era mais cético e não a ele, e assim começa a pesquisar sobre o crime sem solução e pede a amiga Erin que junte o máximo de informações nas bibliotecas da faculdade, nesse interim, Devin se aproxima mais de Mike e Annie, o jovem na cadeira de rodas e sua mãe, e uma sucessão de acontecimentos começam a se interligar e deixa-lo próximo de resolver o caso, ao mesmo tempo que vai amadurecendo pessoalmente e em suas relações, conseguindo enfim, desprender-se do sentimento de sua ex namorada.
Pode parecer uma sinopse comum, mas a forma como King desenvolve seus personagens é surpreendente, desde as coisas mais simples e corriqueiras à traços únicos de personalidade, a forma como ele trabalha os relacionamentos do protagonista, fazendo com que cada pessoa que ele interage no decorrer da trama tenha uma importância e um significado no avançar da história, a amizade com o garoto Mike, lhe dá uma perspectiva de valorizar as pessoas e os bons momentos que você pode passar com elas, com os amigos Erin e Tom ele descobre o significado de uma amizade verdadeira e duradoura, fora isso ele aprende a duras penas que a ideia do 1° amor pode ser uma fantasia com data marcada para ferir seu coração, mas que não é algo que ficará aberta para sempre, pois na hora certa a própria vida traz o que irá cicatrizar e apagar essa ferida.
A conclusão da história e consequentemente do caso é carregada de fortes emoções, tanto para o personagem como para o leitor, King não deixou a peteca cair e encerra muito bem, mesmo não sendo o final que eu esperava, acabou sendo algo melhor, com um clímax final dramático, triste, mas condizente com o restante do enredo de forma que não perdeu a conexão com os demais atos do livro. Mais um livro nota 10 nas leituras desse ano.
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