Analuz 26/04/2021
Pode-se dizer que "Joyland" é um ótimo livro de iniciação para quem quer conhecer a extensa bibliografia produzida por King. Sem nenhuma relação com qualquer outra obra do autor, este curtíssimo livro nos introduz ao personagem Devin Jones, um universitário no auge de sua juventude e passagem para a vida adulta, que encontra, naquilo que deveria ser um simples emprego de verão, elementos que mudarão sua vida. Com uma deliciosa narrativa que se passa nos anos 70, em muito a história me lembrou (ainda que apenas pela ambientação) o filme "Férias Frustradas de Verão", protagonizado por Jesse Eisenberg e cujo personagem, assim como o protagonista de "Joyland", arranja um emprego de verão em um parque de diversões.
Com a narrativa em primeira pessoa, o personagem principal inicia a história em forma de flashback ao contá-la do ponto de vista de um idoso e descrevendo-a como "o ano perdido" de sua vida, uma vez que tudo se passa em um momento de pausa da universidade. Ainda que Devin se menospreze na própria apresentação, ao simplesmente se descrever como alguém que "tinha três calças jeans, quatro cuecas, um Ford velho (com um rádio bom), pensamentos suicidas eventuais e um coração partido", acreditem: Devin é muito mais que isso! Tudo se inicia quando o rapaz, ainda virgem aos 21 (eu não incluiria isto aqui se esta não fosse uma grande questão para ele), leva um pé-na-bunda de sua namorada de longa data, que aos poucos já mandava sinais discretos de seu desinteresse pelo jovem, que, apaixonado, não os percebia.
Ao conseguir um emprego como Ajudante Feliz no parque de diversões Joyland (literalmente, "Terra da Alegria" em inglês) naquele fatídico verão de 1973, se torna uma espécie de faz-tudo ali. Assim, Devin tem contato com os demais funcionários do local, alguns dos quais se torna grande amigo e outros com quem tem experiências exóticas. Uma destas é Madame Fortuna, a sensitiva do parque, que lhe faz uma previsão logo no primeiro encontro entre ambos e afirma que, no futuro, Devin encontrará uma criança com sexto sentido (não seria um livro do King se não tivesse um temperinho especial, não é mesmo?).
A partir daí, vemos o desenvolvimento do protagonista enquanto um funcionário do parque e os bastidores do local (Stephen King, aliás, fez uma pesquisa sobre isso, pra tornar os diálogos mais reais). Não sei os demais leitores, mas eu realmente adorei toda a ambientação e a forma como quase todos ali se dedicam para entregar a maior experiência possível aos visitantes, em especial às crianças. Devin, aliás, tem um jeito muito especial para lidar com estas últimas, tornando o personagem ainda mais cativante.
Em paralelo a isso, há uma espécie de lenda que permeia o parque e envolve uma suposta aparição fantasmagórica no trem-fantasma, uma vez que, de fato, uma moça teria sido assassinada neste brinquedo e o mistério sobre o assassino seguiria sem resolução até aquele momento. Qual a relação entre Devin e o fantasma? Onde entra a criancinha com sexto sentido na história? Só lendo pra saber!
Mas adianto que este NÃO é um livro de terror, apesar dos elementos sobrenaturais. No máximo pode ser configurado como um livro de crime, ao se observar a questão do assassinato e como Devin se interessa pela história. Mas garanto que "Joyland" vai muito além disso! É um livro sobre amadurecimento e sobre discernir as coisas realmente importantes na vida, assim como as pessoas e situações que queremos levar conosco.
site: https://youtube.com/c/Analuzmarinho