Os demônios de Loudun

Os demônios de Loudun Aldous Huxley




Resenhas - Os Demonios de Loudun


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Sandro 14/05/2018

Um livro necessário
Mais do que um livro sobre a história do pároco Urban Grandier e a suposta possessão da freira Jeanne de Anges na França do século XVII, essa obra é um tratado sobre a situação e psicologia humana: as causas e consequências da histeria, do sadismo, das fraudes, autossugestões, catarse, pulsão de morte, alienação e (ir)responsabilidade social dos indivíduos quando parte de grupos numerosos.
Vitor.Luis 24/05/2018minha estante
Histeria coletiva




Alessandro117 29/03/2020

Um advogado para os abomináveis.
Olá Gente, vamos ao livro.
Pareceu a mim que o autor, Aldous Huxley, torna se como uma espécie de advogado ao jovem pároco libertino Urbain Gradier, que apesar dos seus pecados é inteiramente inocente do que é acusado pelos seus inimigos e pela pseudo-possessa a irmã Jeanne que consegue iludir Boa parte das pessoas.
A princípio o livro pode set cansativo e entediante mas com todo a certeza é um livro que religioso ou não se tem inúmeros aprendizados para a tirar.
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@dropsdeleitura 01/03/2019

Levantamento histórico, romance, ensaio.. ?Os demônios de Loudun?, escrito em 1952, é um livro desafiador. Huxley faz uma costura de informações recolhidas em cartas, livros e registros históricos, preenchendo as lacunas com os frutos de uma erudição categórica e com potentes reflexões sobre os costumes da França do século XVII. Não faltam pontes (dolorosas) com a realidade do século XX (e com o século XXI, convenhamos..).

Um estudo sobre a loucura e a maldade, partindo da história da ?possessão? de um convento de ursulinas, que resultou na morte brutal de um padre.

De tão absurda e cruel, a história parece inventada. Acho que isso, mais do que a morosidade de muitos trechos do autor, fez com que a leitura se tornasse difícil pra mim. A realidade pode ser mesmo muito mais bizarra que a ficção. Muito mesmo.
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Rafael1082 22/05/2023

Huxley, mais do que Distopia
Assim como muitos, conheci Huxley através de Admirável Mundo Novo, mas lendo Demônios de Loudun vejo toda a versatilidade e talento de um dos maiores escritores da história, a riqueza de detalhes e a contextualização presente no livro faz esquecer de que se trata de uma história real, com certeza um livro imperdível pra amantes de psicologia, direito, antropologia ou simplesmente, e não se assuste com o título, os verdadeiros demônios em Loudun eram de carne e osso já que como o próprio autor diz: Muito mais perigosos que os crimes por paixão são os crimes por idealismo
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LetAcia1104 13/06/2024

Hipocrisia, mentiras, poder... e outros demônios de Loudun
Os casos de possessões pareciam ser a atração principal da França do século XVII. Primeiro, o caso de Aix-en-Provence, depois o de Lille, então Loudun, o caso falido de Chinon e sabe se lá quantos mais.

Nesse livro, Huxley traz o caso da suposta possessão de um covento inteiro de freiras que aconteceu em Loudun, província francesa, no ano de 1634. *OBS: Fatos reais (talvez não como você imagina)*
Vamos conhecer o caso do padre Urbain Grandier que tinha enorme fama na região e, com isso, acumulava tanto admiradores quanto opositores, eram conhecidos os seus casos com as mulheres e escândalos as envolvendo, ele era considerado um homem muito atraente e não tão ortodoxo. Entre suas admiradoras, e que posteriormente se tornaria opositora, está a madre Jeanne des Anges, superiora do convento das Ursulinas em Loudun. Jeanne estava envolvida nos assuntos religiosos não por pré-disposição ou interesse, mas porque não houvera outra oportunidade em sua vida, pois "por causa de uma deformidade, era fisicamente sem atrativos; e a consciência de ser disforme, o doloroso conhecimento de saber-se objeto de repugnância e piedade, despertaram nela um ressentimento crônico, que tornou-lhe impossível sentir afeição ou permitir a si própria ser amada. Desprezando e consequentemente sendo desprezada, ela vivia numa concha protetora, com um temperamento forte, seguia em frente apenas para atacar seus inimigos, com sarcasmos súbitos ou estranhos acessos de gargalhadas de pura zombaria." Seu olhar e atenção não estavam voltados diretamente para Deus e podiam facilmente serem distraídos para questões mundanas, e foi o que aconteceu, teve um acesso de paixão louca por Grandier. Mas, este sendo (secretamente) casado e além disso, quando recebeu o convite da madre para ser o novo conselheiro do convento ter recusado por não se sentir apto para tal atividade, Jeanne se sentiu desprezada.
Porém, apesar de tudo isso, não conseguia tirar Grandier de seus pensamentos, entre as preces e momentos devocionais, haviam sempre as fantasias do curé que roubavam sua atenção. O caso ficou tão grave a ponto de Jeanne começar a apresentar sinais de gravidez, totalmente imaginária, e outras freiras começaram a relatar que Grandier vinha à noite e também roubava seus sonhos. Não restavam dúvidas, alguém estava fazendo aquilo de propósito, só podia ser obsessão espiritual e o causador disso tudo, o padre bonitão.
Os exorcistas, médicos e figuras políticas começaram a aparecer no convento para ver o que era aquela comoção. Jeanne confessou tudo, as obcenidades que Grandier a fazia pensar, as noites em claro, a barriga que crescia e os seios que produziam leite, estava possuída. Aqueles que as visitavam viam claramente que aquilo não passava de delírios de senhoras que viviam castradas das suas vontades mais básicas, que não tinham como extravasar suas paixões. Mas, um grupo específico viu potencial naquela falácia toda, os políticos e padres que tinham sua rixa com Grandier viram a oportunidade que surgia de criar o declínio daquele que era tão aclamado na pequena Loudun. Esse grupo iria começar a patrocinar as freiras e alimentar suas crenças de que Grandier era, realmente, quem estava conjurando demônios para possuí-las.
Então, vão se suceder diversos eventos forjados para ver a queda de Grandier. Os exorcismos vão atrair muitos turistas para a cidade, vão gerar uma renda para as freiras e elas serão vistas, por alguns, com muita desconfiança e, por outros, como celebridades.
E, mesmo havendo muita oposição à essas supostas possessões, quando o rei da França toma partido, acreditando nas irmãs, não sobrou chances e, com seu apoio, Urbain Grandier foi condenado à tortura e à fogueira.

Toda essa situação nos traz tantas reflexões:
Como pode tamanha frieza de condenar alguém a ser queimado vivo?
Na execução de Grandier, ele era para ser estrangulado antes de queimado, mas tacaram fogo sem que o carrasco conseguisse enforcá-lo, então foi queimado vivo. Huxley diz que nunca presenciamos uma execução assim nos nossos tempos, então, não temos ideia de como é a sensação de acompanhar algo assim. Você se oporia a mandarem alguém à fogueira quando tudo isso está sendo patrocinado por quem tem poder de, também, se quiser, te mandar para a fogueira? Em uma época de poucas distrações e vida monótona, um evento de morte em praça pública não seria um acontecimento que geraria fofoca por pelo menos um mês? Teriam algo para comentar, por isso, talvez, que atraia tanto público.

Por que quem está "possuído" não vai à fogueira, mas aquele que é acusado de causar as possessões?
Não tenho respostas para isso, até porque, quando se tratava de possessões na Inglaterra e América Colônia, acreditava-se que demônios podiam tomar a forma de animais ou possuí-los e com isso, esses "veículos do diabo" eram queimados. Talvez na França só fosse diferente...

Urbain Grandier, na verdade, me trouxe uma reflexão muito bonita. Em seus momentos de agonia, durante as torturas, o julgamento e a fogueira, ele repetia "Que o meu sofrimento não me faça esquecer de ti, meu Deus". Grandier podia ter a pena absolvida se confessasse bruxaria, mas sua consciência não o permitia tal coisa.

É evidente, também, que as freiras estavam sob o efeito de uma histeria coletiva, mas nada disso teria tomado as proporções que teve se não fossem as pessoas, o grupo de padres e políticos, que as incitavam a manter essa loucura, que as convenciam das possessões, que as mantinham sob dependência, as tratavam como bichos e exploravam o que conseguiam com tudo isso. A madre Jeanne escreveu sua autobiografia, numa tentativa de se manter como a única fonte do caso, ora, se ela escreveu a própria história, certamente é verdade os casos relatados, afinal de contas ela é quem viveu aquilo, certo?... Mas não deu muito certo esse plano, vários intelectuais, turistas, políticos e sacerdotes da igreja escreveram o seu ponto de vista sobre o caso e, a maioria, relatava incredulidade diante da situação. Um exemplo é que, sabe-se que a prioresa Jeanne se arrependeu, logo após a morte de Grandier e, em meio a várias pessoas, confessou não ter sido ele o causador de tudo isso, mas ela não escreveu sobre esse evento em sua biografia.

No final do livro, vamos conhecer sobre o jesuíta Surin que foi cuidar das possessões de Jeanne, porque, sim, os exorcismos continuaram por anos, mesmo depois da morte de Grandier *emoji de palhaço* ("eu sou uma piada para você?").
As partes sobre Grandier são muito mais interessante e fluem maravilhosamente bem, em outros momentos a história fica muito cansativa de acompanhar, devido, também, à escrita de Huxley, que não é das melhores, mas fora isso, vale muito a pena conhecer essa história tão absurda que parece ficção. Um dos pontos que torna a leitura mais fácil são os comentários irônicos que ele faz, muito bom.
O filme dirigido por Ken Russel é maravilhoso, uma das melhores coisas que assisti ultimamente, peca somente ao não dar tanto peso sobre a rivalidade de Grandier com seus opositores, que foi a causa, realmente, dele ter sido condenado, mas é sensacional, muito bem adaptado e dirigido. A ópera de Penderecki também é bastante interessante e traz um pouco do cômico que você encontra ao ler o livro de Huxley.

"Os demônios de Loudun" é um título perfeito que abarca tudo o que o livro retrata.
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