Geek.Moderno 03/10/2020
A Revolução dos Bichos
O livro conta a história da revolta dos animais da Granja do Solar contra seu dono, o Sr. Jones. Tudo começa quando um porco idoso, chamado Major, reúne todos os animais da granja e faz um discurso bem caloroso, mostrando a possibilidade de um mundo onde não haveria mais exploração, nem escassez de comida e onde teria todos os ideais igualitários presentes nas teorias socialistas. Contudo, Major acaba morrendo por conta da idade, e assim surge na história os dois protagonistas do livro: Napoleão e Bola-de-Neve.
Napoleão é um porco de aparência ameaçadora, pouco falante e de grande força de vontade. Bola-de-Neve é um porco mais ativo, de fala fácil, imaginativo e com uma reputação não muito boa em relação ao seu caráter. Mas, tanto os protagonistas quantos os outros animais da granja tinham algo em comum; eles foram convencidos pelos ideais socialistas e/ou igualitárias do Major e assim começam a planejar a tomada da Granja do Solar, e a transformá-la na Granja dos Bichos.
Logo neste ponto do livro, o autor nos remete ao pensamento de como os sonhos de algo melhor ou uma revolução sempre conquistam muitos adeptos, principalmente as pessoas que vivem exploradas, sem instruções e que aceitam tais sonhos como seus.
Napoleão e Bola-de-Neve aliados e, com a ajuda dos animais da granja, conseguem criar a famosa revolta que o Major os deixou encarregados antes de morrer. A fim de terem uma ordem após a tomada da granja e a expulsão dos humanos, eles criam regras, um hino para ser cantado, ao qual lhe deram o nome de hino dos bichos da Inglaterra, e um mantra – Quatro pernas bom, duas ruins – que servia como lembrete de nunca confiar nos humanos.
A discórdia, as mordidas, o ciúme, coisas normais dos velhos tempos, tinham quase desaparecido com o atual governo da granja de ambos os porcos – Napoleão e Bola-de-Neve. Sabemos que liderar qualquer coisa é complicado. Imagina liderar algo com outra pessoa que não tem os mesmos pensamentos que você? E foi mediante a essa complicação, que o livro tomou um rumo para o fascismo, com a queda de um dos nossos protagonistas.
Neste momento em diante da história surgem as ideias de culto ao chefe/líder, controle total sobre a granja, vitimização de alguns grupos, desprezo pelos valores liberais e coletivista. Tudo isso por meio de músicas, manipulações estatísticas dos resultados, exploração, desigualdade entre os que mandam e os que obedecem, criação de regras e/ou leis que todos devem seguir, etc.
Mesmo com a mudança brusca trazida por Orwell de uma revolução com ideias socialistas para um governo fascista, muitos personagens na história não conseguiram perceber tal mudança e ainda tinham orgulho de pertencer a revolução iniciada por Major. Sabiam que a vida estava difícil e cheia de privações, que andavam constantemente com frio e com fome, e trabalhando sempre que não estavam dormindo. Mas, sem dúvida, antigamente foi muito pior, segundo os pensamentos deles mesmos.
“A revolução dos bichos” foi escrito na época da Segunda Guerra Mundial e mostra de forma fiel em sua narrativa o modelo de governo soviético regido por Stalin, fazendo isso por meio de animais; O próprio autor colocou o porco Napoleão como Stalin. Esse livro é o tipo de livro que deveria ser de leitura obrigatória em todas as escolas e para mim foi de suma importância e fortaleceu um questionamento pessoal que tenho há anos sobre: até que ponto a vontade de mudar algo para melhor pode nos tornar um ditador?
Orwell, trouxe neste livro, de rápida leitura e parágrafos bem descritos, que pessoas corruptas podem ou vão enganar trabalhadores com promessas de igualdade e fraternidade, mas quando alcançam o poder para tornar tais promessas reais, seus verdadeiros valores morais aparecem.
Para quem gosta de livros que te fazem pensar ou refletir sobre situações atuais do mundo e do cotidiano, “A revolução dos bichos” é uma ótima escolha para vocês leitores.
Ps. Se gostou dessa resenha e quer saber de outras acesse o Blog: www.olaleitores.com.br