Grazi Comenta 03/10/2014A doidera mais doida que já li na vida. É um pouco difícil resenhar esse livro, não só porque é um obra de Tolkien, o que já em si conota uma coisa complexa, mas porque é um conjunto de contos sobre a criação de Arda (a terra média) e suas Primeira e Segunda Eras.
É a obra mais velha de Tolkien, datando de 1917. A maior parte dessas histórias foi escrita à lápis e não havia sido escrito para ser livro. O filho de Tolkien, Christopher, foi quem juntou essas histórias e as remodelou para que se tornassem um livro publicável. É daí que acho que vem a minha confusão lendo esse título. Algumas das histórias não tinha um final, ou não se encontravam com as outras e meio que dá pra notar isso na leitura. Apesar de tudo, o trabalho de Christopher foi bem feito.
Enfim. O livro é dividido em 5 contos:
1. Ainulindalë - A canção dos Ainur
Conta a história da criação de Arda. No início, havia Illúvatar, a divindade suprema. Ele criou os Ainur, seres de pensamento puro e dotados do dom da música, para o fazer compania. Um dia Illúvatar pediu que os Ainur cantassem para ele sobre um tema específico e então os Ainur cantaram. A música dos Ainur não era como um canto qualquer. Era cheio de cores, sentidos e vida. Durante a canção Illúvatar adicionou mais dois temas a ela, e os Ainur preenchiam-na com sua essência. Porém houve uma distorção na música, pois Melkor começara a desenvolver pensamentos de egoísmo. Manwë, o mais forte deles, contrapôs-se a Melkor na canção, junto aos outros.
Ao fim da música Illúvatar os apresentou a concretização de sua canção: Arda, a terra média. Ele os deu a opção de ir morar lá e muitos deles foram, inclusive Melkor. Aos Ainur que foram para Arda foi dado o nome de Valar (ex: Tom Bombadil) e aos seres ''inferiores'' que os acompanharam deu-se o nome de Maiar (ex: diz-se Saruman e Gandalf).
Bom, esse é o tipo de conto que te faz pensar que o autor fumou alguns baseados antes de escrevê-lo. Se não me engano, são as primeiras 30 páginas do livro e são uma doidera só. Tem que ser muito gênio para escrever um negócio desse e ainda fazer sentido. Tolkien.
2. Valaquenta - O Relato dos Valar
Este livro conta os fatos da Primeira Era de Arda. Os Ainur, agora em sua forma corpórea como Valar, começam a construir em Arda, criando e mantendo as plantas, riachos, montanhas e etc (Dizem que Tom Bambadil e sua mulher, Fruta d'Ouro, são Valar com nomes de Yvana e Ulmo). Porém, Melkor, que já tinha pensamentos de domínio sobre Arda ressente-se por não poder tomá-la para si e começa a destruir tudo que os Valar constroem. Em resumo, O Valaquenta relata as lutas de Manwë e os Valar contra a tentativa de domínio de Melkor (Morgoth, senhor de Sauron). Conta também sobre a criação dos Primogênitos, os Primeiro Filhos de Illúvatar, e os anões.
3. Quenta Silmarillion - A História das Silmarils
Essa história fala sobre a criação de Valinor, as terra do Ocidente, onde moravam os Valar, e as terra do Oriente, onde Melkor se escondia e reinava a escuridão. É nesse conto que são criados os Eldar (os Primogênitos), os Edain (os Primeiros Homens), o despertar dos Anões e a criação das Silmarils e seu destino. As Silmarils são gemas de pedras preciosas que tem em seu interior as luzes das árvores de Valinor. Foram forjados por Feanör, filho de Finwë, o rei noldor. O primor com o qual foi feito as Silmarils era tanto que deixou Feanör louco de cobiça e Melkor com seus olhos voltados a elas. Em resumo, o Quenta Silmarillion (conto principal dessa obra) conta as tentativas de Melkor para obter as Silmarils usando de intrigas para alimentar as loucuras de Finwë.
Neste livro também é contada a história de Beren e Lúthien, de quem dizem que Aragorn e Arwën são reencarnações.
4. Akkalabêth - A Queda dos Númenor
Esse conta fala sobre a história dos Numenorianos, um povo que devido a suas sábias escolhas, foram agraciado pelos Valar com vida longa e sabedoria. Há o relato do surgimento desse povo e seu declínio e é tudo após a queda de Melkor. Eles habitavam uma ilha que não era nem Valinor, nem Terra Média.
De primeira os Numenorianos viviam em harmonia com os dizeres dos Valar, mas com o passar do tempo tornaram-se rancorosos e invejosos sobre a imortalidade e juventude dos Valar. Apagavam-se à vida mesmo depois da perda da alegria e virilidade. Começaram a enfrentar os Valar. Seu povo divide-se entre os Homens do Rei e os Elendil, fiéis aos Valar (Aragorn descende destes últimos). As escolhas do rei e as atitudes dos Elendil são as ações que influenciam a destruição de Númenor.
É nesta época (já no fim da Segunda Era) que ressurge Sauron, o servo de Melkor/Morgoth.
5. Dos Anéis de Poder e da Terceira Era
Aqui são narrados os fatos do começo da Terceira Era de Arda. Conta sobre como Sauron conseguiu ludibriar os senhores Valar, Anões e Homens para forjar os Anéis de Poder enquanto, secretamente, forjava o Um Anel. Narra também as guerras contra a investida de Sauron e como Isildur ''derrotou-o'' e apossou-se do anel. Basicamente, ele dá introdução ao Senhor dos Áneis, contando como a linhagem de reis desapareceu e como Gandalf entra na história.
Como um livro normal de Tolkien, não podia falar as notas sobre a pronúncia dos nomes de pessoas e lugares, o glossário em que se explica o que é cada lugar e quem é cada pessoa, o apêndice com o significado dos nomes em quenya e os mapas das terras citadas.
Aqui vai a minha impressão na leitura: diferente de O Hobbit, que é um delicioso conto infantil, O Silmarillion tem uma pega fortemente sombria. Como em qualquer obra de Tolkien há uma narrativa bem estruturada, complexa e densa. Definitivamente não é para qualquer um. É um livro obrigatório para os fissurados em livros épicos e contos medievais, mas se você não tiver um amor grande por elfos, hobbits, nomes complicados, e em especial, pela obra de Tolkien, nem comece. Eu desisti pelo menos umas três vezes. Gostei de todos os contos, mas achei muito difícil manter um ritmo bom de leitura, pois como já falei, fica meio confuso, não sei se pela intromissão de Christopher ou porque algumas histórias não tinham conexão antes da interferência dele. Vale fácil as cinco estrelas porque é uma das melhores histórias já escritas, sem dúvida nenhuma. Então pela qualidade no todo, não merece menos que isso. Mas, já está avisado: não é uma leitura fácil. É aí que se descobre quem realmente tem amor pela coisa (y)
Eu provavelmente falei alguma besteira nos resumos dos contos porque tem muito tempo que li :p, mas enfim, é isso aí. Curtiram?
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