Fabi_Colaco 09/10/2021
ORGIAS
Antes de mais nada, quero explicar que esse livro não está ligado diretamente a atividade sexual em grupo, mas sim aos excessos e desordens; desde simples festinhas de crianças à concursos de fantasias, confraternizações de fim de ano, o carnaval, dentre outros. Ele nos conta de forma bem humorada as diversas situações constrangedoras pelas quais os seres humanos se sujeitam pelo mais diversos motivos.
Para quem não sabe, orgia é a festa do excesso sem limite, existem orgias e orgias - e é desses vários tipos de prazeres e tentações que Luis Fernando Verissimo fala neste livro. Para ele, a boa orgia deve ser sinônimo de anarquia, de entrega total às tentações e aos instintos e é aqui que podemos observar nitidamente o comportamento padrão da nossa sociedade brasileira. As festas de confraternização das empresas que ganham seu caráter libertário e, às vezes, libertino, regadas a muita bebida, dança, comida ? tudo com fartura. As festas de Reveillon e a sucessão de festas de fim de ano são ?orgiásticas?, a seu modo, quando revertem a posição que normalmente as pessoas ocupam nos escritórios, famílias, vizinhança para se libertarem como festas em que é preciso ?desreprimir?, festejar, mesmo que não seja claro o que as reprimiam. Acontece assim também no carnaval, em que a troca do dia pela noite é apenas um indício a mais de uma certa loucura coletiva, uma inversão de papéis e sinais. E mesmo que você não esteja na orgia da avenida, desfilando com os peitos nus, o excesso de comida, bebida, música alta, todas as imagens do samba e das festas em todos os lugares vão te envolver e fazer querer celebrar, mesmo você não sabendo exatamente o motivo.
Essas histórias do cotidiano da nossa sociedade demonstram que o Brasil está mergulhado numa grande orgia! Apesar do livro ser de 2005, as crônicas são atuais e nos remetem a realidade do desregramento social, o quanto nossa ética e valores são questionáveis e parciais, a ineficiência da maioria das nossas instituições e também a bagunça instaurada na política brasileira, fazendo-nos pensar nesse modus operandi em que temos vivido e onde ele nos levará.