Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus Joel Rufino dos Santos




Resenhas - Carolina Maria de Jesus


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aline dos santos 13/06/2014

estudo raso, rasinho
O livro é bem fraco, já que as análises são bem rasas, sem fontes, às vezes, e com um viés bem elitista. Vale somente por algumas informações extras da vida de Carolina Maria de Jesus.
Natália 21/12/2016minha estante
Acreditava que fosse mais focado na vida da autora.




Dani Ferraz 24/11/2020

O real de uma pessoa são muitos reais...
"O meu sonho era viver cem anos para ler todos os livros que há no mundo”".

A inesquecível Carolina Maria de Jesus sob o olhar de Joel Rufino dos Santos.
Quem se debruçar nessa leitura perceberá que o autor dá uma visão fragmentada de sua história de vida. Não é um livro biográfico, o leitor não encontrará detalhes que caracterizam este tipo de gênero textual, aqui pode ser encontrado o perfil de uma mulher que foi contaminada pelo vírus literário num país e em uma realidade que consideram pessoas com a sua condição imunes a isso.

Neste livro o autor descreve sua admiração crítica por Bitita atribuindo-lhe o retrato de bovarista (termo vindo de Emma Bovary), marrenta, mulher inteligentíssima e interessante, grafomaníaca e alienada no sentido de "se colocar sempre do lado contrário ao da sua condição de mulher negra favelada [...] se alienou do seu mundo que não comportava o ofício de escritor". Vivente de uma aventura existencial vinda da roça à cidade, do barraco da favela ao sobrado e do Alto de Santana a Parelheiros. Uma escritora improvável pois semi-analfabeta, Carolina dividia suas horas entre catar papel no lixo para não só viver, mas sim sobreviver junto com seus três filhos e escrever.

Autora do sucesso editorial "Quarto de despejo", Carolina tinha o vício de escrevinhar, e esse vício foi uma escada curta de poucos degraus na sua ascensão que ganhou o mundo, mas não a levou ao topo e sim à uma queda prematura, muitas falas de demérito por parte de equipes editoriais, mas também dos próprios moradores da Canindé, favela onde morava e onde não era bem quista e nem aceita. O autor ainda acrescenta fatos e mudanças de hábito do Brasil e do mundo que ele julga ser fator resultante nesta derrubada de Carolina mais do que a “burrice e o racismo” de alguns editores que não quiseram editar ou reeditar seus textos. Ascensão de Carolina em 1965 e queda até 1977.

São estes fatos e ramificações de personalidades e momentos históricos que a meu ver deixa a história menos narrativa e mais documental. O autor cita várias passagens dos livros escritos por ela e sobre ela, dividindo a história em alguns capítulos como populismo, fama, racismo e imaginação, numa escrita fluída dotada de amplo repertório, além de algumas imagens da escritora. Esperava encontrar mais dela no livro, as análises sobre si são mais enxutas e pouco profundas, mas essas foram minhas expectativas, pois Joel deixa claro que utilizou a "metodologia dita de caso", onde um acontecimento abre janelas ou links para compreendermos melhor outros e situar no tempo histórico esta mulher que merecia um lugar mais reconhecido dentro da história literária brasileira é também uma questão de zelo como ele mesmo destaca. Ou talvez seja porque a verdadeira Carolina escapa a ele, assim como escapa a nós, afinal "o real de uma pessoa são muitos reais".
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