Gustavo Simas 12/08/2013Vinte Mil Léguas de Aventura e ConhecimentoJúlio Verne foi um escritor muito cuidadoso com suas obras. Mesmo eu não sendo o seu biógrafo, é possível formular esta afirmação após a leitura de alguns de seus livros.
E em Vinte Mil Léguas Submarinas isto não é diferente.
Em todas as suas histórias ele deve ter seguido esta ordem:
1º: escolher um tema (no caso, uma aventura submarina)
2º: estudar, estudar, estudar, estudar, estudar e... Estudar.
3º: criar um personagem muito inteligente (geralmente são professores) detentor de uma grande gama de conhecimento e uns colegas para ele (também inteligentes).
4º: profetizar invenções.
5º: desenvolver a história, aplicando conhecimentos de diversas áreas, sempre com um tom de aventura, fazer momentos tensos, mas sempre com um final feliz.
E é assim.
Quanto ao 2º passo posso dizer que, ou Júlio Verne tinha auxílio de profissionais conhecedores do assunto da história ou realmente estudava. E, se ele estudava, então era um dos homens mais inteligentes da Europa, na época.
Quanto ao 4º passo ele fazia isso com maestria, profetizou diversas invenções muito úteis à Humanidade, e em Vinte Mil Léguas adiantou a criação do submarino elétrico.
Quanto ao 5º passo a aventura dispõe de conhecimentos em Física, Matemática, Geografia, Oceanografia, Biologia marinha (Ictiologia), Mecânica, Eletricidade, Química, Engenharia, Astrologia... Se você registrar tudo o que é dito, você já tem conhecimentos significativos nestas ciências.
Enfim... Júlio Verne é cuidadoso e detalhista, o que lhe rendeu a honra de ser um dos melhores escritores de aventura de todos os tempos.
Prós: conhecimentos (como sempre), diversidade de locais, diversidade de momentos (tensão, alívio, receio...), personagens, tom cômico de vez em quando.
Contras: extremo (mas extremo mesmo!) nível de detalhamento, decorrendo páginas e páginas para descrever a diversidade biológica marinha, a beleza natural dos locais subaquáticos, tudo bem que é interessante, mas é justamente isso o que torna a leitura muitas vezes cansativa e tediosa, levando alguns leitores ao abandono.
Obs: Neste livro Verne também acrescenta algumas críticas sociais, ainda tímidas e não muito nítidas (pois, como eu já havia dito em resenhas anteriores, Júlio Verne foi um escritor "inocente", não tendo como crítica o principal elemento de suas narrativas), entretanto, satisfatoriamente, a ela ao menos está presente.