Christiane.Leite 22/05/2023
PRIMEIRAMENTE: SE VOCÊ É SUSCETÍVEL A GATILHOS, NÃO LEIA O LIVRO.
"Ah, que bobagem", diria o leitor incauto.
Porém, só alguém com Transtorno de Personalidade Borderline -tal qual Susanna, a autora- poderia ser capaz de compreender que o livro pode ser um gatilho para diversos espectros de transtornos psicológicos (e eu sou!).
Li esse livro numa fase em que havia abandonado o tratamento (como as jovens no livro, não acreditava que eu tinha algum problema "da cabeça") e, para mim, o gatilho foi positivo: Chorei tantas vezes por me identificar com as personagens que acabei voltando a me tratar com especialistas.
Porém, perceber-se portador(a) de transtornos psicológicos nunca é fácil. Susanna mostra isso. As demais pacientes mostram isso. A equipe de enfermagem, a equipe psiquiátrica e a equipe psicológica mostram isso. E o mais doloroso: Os pais, amigos e companheiros das pacientes mostram isso.
Susanna escancara a dor que é não compreender a si mesmo, não compreender o mundo e, pior, não sentir-se compreendido por ninguém. A narrativa do livro é rápida, como se Susanna estivesse contando cada episódio para o leitor numa mesa de café, deixando que uma memória puxe outra, e outra, e mais outra. Não é uma narrativa linear: É um livro de lembranças.
Quando o livro acaba, o leitor pode jurar ser "louco".
Mas quem não é?