Jess.Carmo 01/02/2023
Introdução à problemas filosóficos conhecidos
Para Nagel, a principal tarefa filosófica é o movimento reflexivo sobre ideias triviais que usamos no dia a dia. Entretanto, não há um consenso filosófico sobre o que são as coisas e o mundo.
No segundo capítulo, Nagel expõe os argumentos solipsistas e ceticistas e como é difícil derrubá-los. Para a hipótese solipsista, só podemos afirmar que algo existe para além da nossa mente se acreditarmos plenamente no conteúdo dela. Ou seja, se fizermos o esforço de provar a existência do mundo a partir das nossas experiências e impressões, cairemos em tautologia.
A questão de que o mundo real poderia ser um sonho também não escapou a Descartes. Para ele, o delírio dos loucos seria o sonho das pessoas acordadas, porém os loucos permanecem mergulhadas nesse sono eterno, enquanto as outras pessoas despertam.
Segundo Nagel, para o ceticismo, não é possível conhecer nada para além das nossas percepções. Surge aí um outro problema, a saber, nossas percepções podem nos enganar e o mundo pode ser totalmente diferente de como o percebemos.
O pensamento científico também cai nessa questão. As ciências particulares, ao tentar explicar o mundo através de seus conceitos fundamentais, também estão vulneráveis à percepção das coisas.
No terceiro capítulo, Nagel apresenta um tipo especial de ceticismo, a saber, aquele que questiona como podemos ter certeza de que existem outras mentes ou experiências além das nossas. Para essa corrente, se não podemos ter acesso ao que se passa na mente de outra pessoa, mas apenas aos seus corpos e comportamentos, não podemos afirmar que existe outra mente além da nossa. Além disso, também não podemos afirmar com exatidão que, por essa mesma razão, objetos inanimados não têm experiências ou consciência.
No capítulo 4, Nagel define e diferencia o fisicalismo e o dualismo. Enquanto os fisicalistas têm uma concepção materialista do que é a mente, o dualismo aposta na separação de mente e corpo. Os fisicalistas possuem o afã de um dia provar que apenas existe o mundo físico, que tudo o que entendemos por consciência é também composta pelo mundo físico. Já os dualistas pensam que a experiência da consciência é sempre singular e jamais poderá ser acessada com objetividade por um observador externo.
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Penso que a concepção fisicalista apresenta algumas deficiências argumentativas. A anatomia é uma investigação da morfologia dos órgãos abstraídos das suas relações vitais e da sua relação com o mundo. É extremamente indeterminado pensar um órgão sem o todo, já que ele seria um órgão morto. O corpo não tem consciência de si, apenas o Eu (que não é apenas determinado pelo meu corpo) tem consciência do corpo.
No capítulo 5, Nagel problematiza a relação das palavras e as coisas. Para ele, as palavras não servem apenas como rótulos, mas principalmente para a comunicação, o que implica a universalidade da linguagem. Ou seja, cada palavra contém um pensamento compartilhado por trás dela. Apesar de haver certas marcas particulares que as pessoas fazem das palavras, como as imagens que fazemos de determinadas coisas, elas sempre se aplicarão a algo universal, já que a usamos para que a comunicação seja efetiva, ou seja, para que o outro me entenda quando quero expressar algo.
No capítulo 6, Nagel discute a questão do livre-arbítrio, a saber, se as pessoas podem fazer coisas sem que suas escolhas sejam ou não totalmente determinadas por algo independente delas.
O determinismo acredita que certas circunstâncias, como nossas experiências anteriores, as circunstâncias sociais etc., determinam nossas ações, tornando nossas escolhas inevitáveis. Nesse sentido, não haveria livre-arbítrio. Para Nagel, se levarmos a sério o que nos propõe o determinismo, não é possível alguém ser responsável por suas escolhas.
Entretanto, o indeterminismo das nossas escolhas também não nos livra desse problema da responsabilidade. Se o determinismo é falso, nada é responsável, já que se a escolha não é determinada por nada, a escolha é inexplicável.
Estou de acordo com a afirmação de Nagel de que as duas soluções não fazem muito sentido. Não dá para pensar a escolha do puro indeterminado, assim como pensar que a escolha depende exclusivamente de fatores externos que eu não posso interferir seria cair num completo fatalismo.
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