Raquel.Candeira 20/02/2016Uma história fascinaneteFiquei com medo de não conseguir ler esse livro porque tem muito tempo que não leio um livro com mais de trezentas páginas, mas um livro não deve ser considerado pelo seu tamanho e sim por sua história.
Após a perda prematura de seu bebê, Grania Ryan volta para a casa da família em West Cork na Irlanda. Sua mãe, Kathleen Ryan, suspeita que haja algo mais que sua filha não quer lhe contar, e ela teme que o cavalheiro Matt Connelly desista de Grania.
Quando a filha chega a Kathleen e lhe conta que viu uma garotinha ao relento na beira do penhasco com ar fantasmagórico, logo ela fica estranha. Grania não sabe, mas a pequena Aurora Lisle é a lembrança de um passado que sua mãe não consegue esquecer, e diante da volta da pequena garotinha ela vê mais uma vez tudo se repetir e por mais que diga a Grania para não se meter com ela, não é suficiente. Grania já estava apaixonada por Aurora, e a garotinha encantadora estava feliz por ter encontrado uma amiga.
Confusa, Grania acaba aceitando tomar conta de Aurora para o atraente Alexander Devonshire enquanto ele faz uma viagem. O tempo com a pequenina passa depressa, ambas estão apegadas uma a outra, Aurora começa a dançar balé e essa é apenas mais uma peça que parece se encaixar nas suspeitas de Kathleen por isso ela decide com o marido que é melhor contar a Grania o motivo de sua aflição com a família Lisle.
Grania começa a ler as cartas entregues por sua mãe. As cartas são de sua bisavó Mary Benedict – nome dado pelas freiras. Mary era empregada na casa dos Lisle e quando o noivo Sean Ryan foi chamado para lutar na guerra ela recebe uma proposta de Sebastian Lisle para trabalhar na grande Casa de Codogan em Londres. Cumprindo as ordens da Sra. Carruthers ela começa a trabalhar na grande casa junto com vários outros funcionários e sua amiga de quarto Nancy, mas a chegada de Lawrence Lisle muda as suas obrigações, ele traz consigo uma garotinha de nome Anna a quem ela deverá cuidar, uma garotinha delicada que fascina a todos com os seus passinhos de balé. E a partir deste acontecimento que a vida dos Ryan e os Lisle se interliga, uma teia entrelaçada com mentiras, amor, intriga e perdas.
Este livro foi tão grandioso, com um elenco tão rico que seria impossível citar todos, e vai ser difícil não citar todos já que cada um teve um papel importantíssimo na trama. Mary era uma mulher forte e corajosa, não tinha medo de defender sua opinião e o seu amor por Anna era incondicional, ela fez tudo o que podia para mantê-la a salvo, e o destino lhe apresentou Jeremy Langdon um homem com marcas da guerra, um homem solitário e abandonado pela própria família que assim como ela perdeu o amor, ambos se completam com os seus defeitos e as suas qualidades.
Sophia, filha de Mary, e irmã de Anna não é tão mencionada, mas ela é mãe de Kathleen que também sofreu por conta da família Lisle. Mas este é um assunto que não entrarei em detalhes para não falar mais do que deveria. Devo considerar também o amável Joe, como não se apaixonar por esse rapaz especial.
Aurora é uma garotinha encantadora, que me lembrou bastante Anna quando foi criada por Mary. Alegre apesar das perdas e astuta ela mostra uma maturidade e ao mesmo tempo toda a ingenuidade de uma criança.
E Matt, o querido Matt, que ama tanto Grania, mas que acaba se metendo em uma confusão com a amiga Charley, cheguei a odiá-lo e amá-lo ao mesmo tempo. Um homem responsável e disposto a ter de volta a mulher amada. Mas como poderia Grania esquecer o seu orgulho? Ao mesmo tempo que é orgulhosa é uma mulher talentosa e amável, uma boa filha e se mostra também uma boa mãe para Aurora. E por último gostaria de destacar Hans o advogado que fez essa mulher de cabeça dura pensar um pouco mais em seus atos.
Pessoas que assim como nós tem problemas e que não passam por um conto de fadas com um final feliz, mas que como todo ser humano espera o melhor da vida. Personagens tão bem delineados e verossímeis.
A capa desse livro é linda, a garotinha loira representa bem a pequena Aurora (que é ruiva). A diagramação está ótima, não encontrei erros nem na ortografia nem de concordância.
A narrativa de Riley é fácil e elegante. Sua trama é consistente e ela soube muito bem amarrar todas as pontas soltas. Entendo agora porque seus livros são tão elogiados, como não se encantar com uma estória veemente, firme e arrojada.