Gildo 08/09/2015
A estética e o vazio
Karim Rashid é um designer surpreendente. Seus objetos concebidos com formatos orgânicos, linhas sinuosas e cores - como ele mesmo descreve - digitais, configuram a contemporaneidade de seus conceitos. Suas criações tornam-se ícones, seus ambientes imagens de um tempo, sua imaginação explode numa decoração cênica e ainda assim confortável e apaixonante.
É preciso valorizar o que ele faz de bom: criar design. Porque escrever, como se vê neste livro, realmente não é seu forte. É um tanto pretensioso, tem a linha da onda 'hack life', - que diz para escanear a própria vida e produzir a melhor versão que se pode ter de si mesmo. A ideia, portanto, é boa, atual e bem psicanalítica. Mas nada chega lá no seu texto mal escrito mas bem diagramado, é apenas um misto de auto-ajuda, egocentrismo e ode a uma estética particular.
'Design your self' tem a intenção de ser um bom guia para mudar de vida, livrar-se de algumas coisas desnecessárias, criando um ambiente mais clean, prático e bonito. Seria, talvez, interessante, se ficasse nisso. Ao adentrar em temas que são discutidos desde que o mundo é mundo, como sexo, educação, diversão, o designer se encerra num amontoado de lugares-comuns, ainda mais vazios que o mais frágil dos livros de auto-ajuda. Seus conselhos poderiam estar numa conversa de padaria, não num livro. Não vale nem a pena citar pérolas de ensinamento, mas para ficar numa frase de destaque do livro: 'o seu rosto é o seu rosto'. (!!!!) Para não descartá-lo completamente, tem uma boa lista de lojas de compras online. E só. É um livro bonito de estante, inerte de alma. Se fosse uma biografia seria arrasador, se fosse de decoração seria de encher os olhos. Como se atreveu a ser outra coisa, não virou nada.