Raquel Moritz 04/08/2013Um livro sensível e divertido de John GreenEm Cidades de Papel (Paper Towns, no original) conhecemos Quentin Jacobsen (também chamado de Q.), um nerd com N maiúsculo que tem amigos bem divertidos e está prestes a se formar no colégio.
Quando era pequeno, ele passava a maior parte do tempo com sua vizinha maluquinha Margo Roth Spiegelman. Quando tinham 9 anos, os dois encontraram um corpo num parque, e a curiosidade de Margo fez com que ela descobrisse quem o cara era e o que ocasionou sua morte.
Quando chegaram à adolescência, Margo virou uma garota popular e divertida no colégio, enquanto Quentin ficou totalmente na dele, com poucos amigos e nunca em evidência. Isso não o impediu de se apaixonar pela garota, e a imagem que ele tem de Margo é de uma deusa perfeita e adorável.
Até que em um cinco de maio qualquer, Margo invade o quarto dele pela janela, vestida de ninja (a cena é muito divertida) e o convoca para ajudá-la num plano de vingança contra o namorado dela. Apesar de resistir um pouco, ele se junta a Margo no meio da madrugada e cumpre uma lista de coisas que ela planejou (a garota é criativa e engraçada, não tem como não rir) e em poucas horas algo dentro de Quentin muda.
Tudo vai às mil maravilhas, a noite termina, o sol nasce e ao chegar na escola, Quentin acha que as coisas vão mudar, que ele e Margo serão melhores amigos e que ele terá como provar como ele é um cara legal, mas o que acontece é que Margo desaparece. Pelo que consta, essa já é a quarta ou quinta vez que a garota faz isso, e como agora ela já tem 18 anos, seus pais de saco cheio nem ligam mais.
Quentin não desiste de Margo tão fácil. Ele sente que ela pode ter deixado pistas e vai fuçar o quarto dela com os amigos para achar algo que diga onde ela está. O que ele encontra, no entanto, é um livro de poemas de Walt Whitman, com algumas frases de Canção de Mim Mesmo destacadas. E as frases parecem dizer algo a ele.
Quentin parte em busca de Margo e começa a descobrir coisas sobre ela, sobre ele próprio e sobre os dois, que ele nem imaginava. É uma jornada repleta de descobertas que pode ou não levá-lo até ela. Com a ajuda de seus dois amigos e da melhor amiga de Margo, Lacey, eles tentam desvendar o mistério-Margo. A imagem de deusa que ele tinha dela aos poucos se desfaz.
Cidades de Papel é bem profundo e muito sensível. Fala sobre tantas coisas e tem metáforas tão aplicáveis que a gente se pega refletindo toda vez que fecha o livro. As diferenças entre o que nós achamos das pessoas e o que elas realmente são, reflexões sobre a vida e os valores que a gente tem. Como romantizamos algumas pessoas, algumas coisas. E como elas tomam caminhos inimagináveis. A frase lá do começo do post As I took those two steps back, Margo took two equally small and quiet steps forward diz muito sobre os dois personagens, ainda que tenha sido inserida no primeiro capítulo de forma literal (é quando eles encontram o corpo).
Gostei muito da inserção do poema de Walt Whitman na história. Quem gosta de ler e adora interpretar texto vai se deliciar com a luta de Quentin em decifrar Margo através do poema.
E cara, como eu dei risada com essa história. John Green sabe escrever. Ele sempre te surpreende. Você sempre termina as leituras um pouco diferente. Assim como Quentin mudou um pouco ao ter suas cordas cruzadas com as de Margo, essas mudanças também nos atingem.
Eu adoraria explicar a razão do título ser Cidades de Papel, mas é algo que você precisa ler para entender. É tão importante ou carregado de significado quanto a culpa é das estrelas ou looking for alaska. Compreender o termo é uma coisa que faz parte da experiência de leitura.
Aliás, aqui vai uma curiosidade bacana sobre Margo. O nome Margo Roth Spiegelman foi escolhido por John Green porque 1. Contém a palavra Go no primeiro nome (e ela desaparece da cidade). 2. Roth significa vermelho (tem algumas referências a cores nessa história). 3. Spiegelman significa pessoa que faz espelhos em alemão (isso faz sentido pra quem lê, posso garantir).
Se recomendo que você leia? Claro que sim. John Green é espetacular. Se está desfrutando de tanto sucesso, é porque mereceu cada elogio.
Gostaram da resenha? Alguém aí já leu? O que achou? Comente! :)
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http://pipocamusical.com.br/2013/07/28/resenha-livro-paper-towns-cidades-de-papel-john-green/