Moon LH 10/02/2024
Cidades de Papel
Quentin é o nerd da escola e tem uma paixãozinha por Margo, uma das populares. Um dia Margo invade o quarto de Quentin com a ideia de seguir um plano de vingança contra um Ex namorado. Margo ?arrasta? Quentin com ela para seguir o plano, e a partir desse momento Q acredita que a relação dos dois irá mudar daqui para frente. O que ele não esperava era que a garota iria sumir misteriosamente depois. É ai que Quentin junto dos seus amigos e da melhor amiga de Margo criam uma ?equipe de resgate? para encontrar a garota.
Eu comecei a ler esse livro por PDF e quando estava próximo do final perdi o arquivo e não consegui continuar, quase um mês depois comprei ele físico e continuei, mas sinto que essa ?pausa? na leitura quebrou total o enredo para mim, até porque tinha coisas que eu nem lembrava mais do livro. Mas, também não vou mentir, passei o livro todo arrastando a leitura, algumas partes da comédia eu ri, mas tem várias que achei sem graça.
O personagem principal me irritava muito por esse jeito iludido dele (fora que me irritava também ele viver completamente para uma pessoa que não tá nem ai para ele). Achei que os personagens não tiveram um bom desenvolvimento e a narrativa também não me prendeu, não fiquei curioso em achar a Margo, pois para mim sempre tive em mente que ela queria fugir para recomeçar a vida em outro lugar.
Eu estava pronto para dar uma péssima nota para esse livro quando terminei, mas teve um ponto positivo quando fechei o livro, pois só quando terminei comecei a refletir sobre alguns pontos que a leitura trouxe, como por exemplo:
1- A forma que a gente as vezes ?adiamos? a felicidade. (Quando eu tiver isso vou ser feliz. Quando eu conseguir aquilo vou ser feliz. Etc)
Inclusive teve uma frase da Margo que era algo do tipo: ?O para sempre é formado de vários agoras?
2- A forma como a gente acha que conhecemos as pessoas em nossa volta, mas na verdade só conhecemos o superficial delas, conhecemos o que elas querem mostrar, ou pior, conhecemos apenas o que a gente quer ver. A forma como criamos expectativas sobre as pessoas e quando ela se mostra diferente parece que a pessoa mudou, quando na verdade ela sempre foi aquilo e a gente se recusava a ver, seja por estar alheios as pessoas ou até mesmo por confiar que elas são exatamente o que idealizados.
3- Recomeços. A forma que eles são necessários em nossas vidas as vezes, e teve uma frase que foi mais ou menos assim: ?ir embora parece difícil/impossível, até a gente ir de fato?. Essa parte em si me pegou muito porque eu conheço várias pessoas em minha volta que se submetem a ficar em lugares que elas não querem, e tudo por ter a falsa sensação de que ?ir embora? é difícil, impossível?
4- julgamentos! foi só no final que eu parei para pensar e julguei menos a Margo (em boas partes achei ela egocêntrica, mas quando parei para pensar passei a entender ela melhor, e ela se tornou minha personagem favorita desse livro. Ta certo que ela não teve as melhores formas de lidar com os problemas, mas também precisamos considerar a idade dela e tudo que passou)
5- Traumas e a forma como as circunstâncias afetam diferente as pessoas. No início do livro (isso não se enquadra como um spoiler) eles contam que quando eram crianças encontraram um homem sem vida, e no decorrer da história podemos ver como o Quentin praticamente nem lembrava mais disso, mas a Margo nunca esqueceu a cena. Como o livro conta essa parte com várias piadas e jogando para um lado de comédia a gente nem se liga o quanto deve ser traumatizante para uma criança encontrar uma pessoa sem vida. Ou seja, duas pessoas viveram uma mesma situação na infância, uma não foi afetada em nada quando adulto, enquanto a outra carrega até hoje essa cena.
Enfim, eu passei a leitura toda achando o livro ruim (e a história em si meio que é mesmo) até terminar e ver o quanto essa leitura me fez pensar sobre pontos importantes.