@gataleitora 16/02/2021"Quem tentar encontrar um motivo nesta narrativa será processado; quem tentar encontrar a moral da história será banido; quem tentar encontrar enredo será fuzilado."
O livro escolhido para o Clube de Clássicos Zahar de Fevereiro já abre alas com esta frase icônica que Mark Twain. Para alguns uma versão de Mulherzinhas para meninos, para outros um livro a ser banido e para outros um livro amado e de leitura obrigatória. Foi com essas opiniões a mim transmitidas que iniciei a leitura.
Ao ler esse quote só lembrei de uma amiga contadora de histórias que certa vez me disse para parar de ler livros infantis procurando uma lição ou uma moral que eu apenas curtisse a experiência. Então lá fui eu conhecer o menino aventureiro que em alguns momentos me lembrou vagamente Peter Pan e que de cara me lembrou muito Chico Bento. Com uma linguagem caipira, ingênua e muito divertida Huckleberry se apresenta a quem não o conheceu no livro anterior (As Aventuras de Tom Sawyer), o que era meu caso pois peguei esse livro sem saber que tinha conexão com o referido livro.
Ele conta a relação dele com a mulher que o cria e educa, com o homem que cuida de seu dinheiro ( pois ele encontrou uma pequena fortuna no livro anterior), com o pai abusivo e com seu querido amigo Tom Sawyer. Desta vez, ele vai viver situações inusitadas para fugir do pai e ajudar Jim, um negro conhecido a se libertar do jugo da escravidão.
Em meio a encontros com bandidos, malandros, peças de teatro, famílias em rixa, Huck vai se afeiçoando a Jim, um homem que o surpreende a cada atitude, e vai conhecendo a várias facetas do ser humano desde a bondade, lealdade, credulidade até a ganância, mentira e farsa.
Eu gostei demais do começo e do final da história, só o desenvolvimento da trama que achei um pouco monótono e morno. Mas entendi o motivo disto porque durante as discussões do clube, uma amiga revelou que Mark Twain levou sete anos para escrever o livro, então acredito que isso tenha afetado a linearidade de alguns dos acontecimentos apresentados. Mas no geral, adorei a leitura que ativou minha memória afetiva da infância me fazendo recordar com carinho a série de Tv, A Família Do, Re, Mi e os filmes de Mazzaropi.
A edição da Zahar como sempre esta primorosa, com capa dura, comentário inicial e ótima tradução buscando mostrar para o leitor o mais próximo possível os dialetos escritos pelo autor.
4/5 estrelas
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