Mestre dos Mares

Mestre dos Mares Patrick O'Brian




Resenhas - Mestre dos mares


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Andre.S 24/09/2020

Uma leitura difícil
Animado pelo ótimo filme ?Mestre dos Mares? comecei a ler o livro que o inspirou, porém logo me deparei com uma leitura extremamente técnica quanto ao assunto náutico que é tão detalhada e minuciosa que torna este livro extremamente chato, apesar de os personagens principais , Comandante Aubrey e Dr. Maturin serem ótimos. No futuro lerei outros livros desta serie.
Pedróviz 13/10/2020minha estante
Pois Moby Dick, de Herman Melville, também se torna chato pelas longas descrições dos detalhes náuticos.




Ricardo Santos 01/10/2017

Maravilhosa aventura literária
A série de livros Aubrey/Maturin se tornou minha nova paixão. Eu vi o filme Mestre dos Mares, com Russell Crowe e Paul Bettany, lá em 2003. Lembro de ter sido uma das minhas melhores experiências numa sala de cinema. O filme de Peter Weir tem um ritmo fantástico e personagens cativantes, mas peca por focar na ação, deixando de lado muita coisa das sutilezas dos personagens e do contexto da época. O roteiro foi baseado em alguns volumes da série escrita por Patrick O´Brian. Este é um tipo de material que seria melhor explorado num série da HBO ou Netflix.  

Mestre dos Mares, o livro, é a primeira aventura do capitão da marinha real britânica Jack Aubrey e de seu médico de bordo Stephen Maturin, durante as Guerras Napoleônicas, no século 19. Gosto de livros de aventura, clássicos e contemporâneos, ficção e não-ficção. Mas o que torna a série de O´Brian tão especial é seu caráter híbrido. O autor tem ambição literária sem perder de vista a diversão do leitor.

Muitos identificam uma forte influência de Jane Austen em O´Brian. O que foi confirmado mais de uma vez pelo próprio. E realmente essa influência é bem perceptível no humor cheio de ironia, nos comentários que os personagens fazem uns dos outros, na maneira como as regras sociais são determinantes (aqui, no caso, na hierarquia da marinha britânica da época), e no uso de cartas e diários como recursos para o leitor conhecer mais diretamente a personalidade de cada um.

A série tem muitas qualidades. O que logo chama atenção é a obsessiva pesquisa histórica, a marca registrada de O´Brian. Ela está em cada linha desses livros, mas a genialidade dele permite que a pesquisa não se torne exagerada. Ela sempre está ali para funções narrativas. No início, os termos náuticos podem causar um baita estranhamento no leitor. Mas sua paciência será recompensada.

O worldbuilding aqui é fascinante. Aos poucos, dá para se familiarizar com alguns termos e condutas. Buscas na internet melhoram a compreensão do que acontece durante as batalhas navais. A autora de fantasia e FC Jo Walton é fã da série justamente pela prosa imersiva de O´Brian, pela atmosfera da vida no mar e na marinha britânica, elaborada de maneira tão convincente. Para ela, o mundo criado por O´Brian não é muito diferente dos mundos alienígenas de C. J. Cherryh, por exemplo. Outro fã da série é Kim Stanley Robinson.

Outro elemento de sucesso (para muitos o mais importante, como eu também acho) são os personagens. A começar pelos protagonistas. Jack Aubrey não é um machão típico. Ora ele é viril, capaz e confiante. Ora é patético, depressivo e vulgar. Um marinheiro desde garoto com um talento para o violino. Seu humor é impagável. Já o doutor Stephen Maturin é mais um tipo intelectual, interessado em Ciências Naturais e Política, e parceiro musical menos talentoso de Jack, quando toca seu violoncelo. Seu humor é mais irônico e seus insights sobre vários temas são deliciosos de acompanhar. Há também todo um elenco de personagens secundários riquíssimo e igualmente cativante. Por menor que seja a participação cada de um deles, ela nunca será rasa.

Outro elemento de destaque é a prosa de O´Brian. Sua linguagem é vívida, seus diálogos são pertinentes, mesmo os mais inverossímeis e longos. Sua habilidade em mudar sutilmente o ponto de vista de um protagonista para outro protagonista ou para um coadjuvante, no intervalo de uma página ou mesmo de um parágrafo, é notável. Ele também é geralmente bem sucedido quando demora mais numa cena importante, detalhando-a melhor ou resolve mais rapidamente a cena seguinte, passando de uma sequência para outra em cortes quase cinematográficos, apesar do clima de literatura do século 19. Por isso, mesmo com a incompreensão dos termos náuticos, o ritmo do texto é preservado e, muitas vezes, é empolgante, pelo suspense ou pela ação.

Mestre dos Mares foi publicado originalmente em 1969. A série é composta por 20 romances completos e um inacabado, este último publicado em 2004, após a morte de O´Brian em 2000. Por causa do filme, foram editados por aqui, pela Record, os seis primeiros livros e o décimo. Em 2015, a Record relançou Mestre dos Mares numa edição de bolso. Sem previsão de relançamento dos demais volumes, restam aos interessados os sebos. Há uma edição gringa em e-book de todos os livros com preços que alguns alguns acharão razoáveis, outros, caros. Recentemente adquiri em sebos todos os livros editados no Brasil: Mestre dos Mares (1° livro), O Capitão (2° livro), A Fragata Surprise (3° livro), Expedição à Ilha Maurício (4° livro), A Ilha da Desolação (5° livro), O Butim de Guerra (6° livro) e O Lado Mais Distante do Mundo (10° livro). Além de ter comprado as versões em e-book de The Surgeon´s Mate (7° livro), The Ionian Mission (8° livro) e Treason´s Harbour (9° livro). Já estou no terceiro volume e a série só melhora. Em Mestre dos Mares, quase não existe trama. Praticamente é uma sucessão de aventuras no mar. A partir de O Capitão, tudo se torna mais complexo, com tramas mais elaboradas. Recomenda-se a leitura na ordem de publicação. A série cobre um período de mais ou menos de 15 anos na vida dos protagonistas. Cotejei as edições nacionais com trechos das edições em inglês e posso dizer que as traduções são muito competentes, com supervisão técnica e pouquíssimos erros de revisão.

A série Aubrey/Maturin é  muito especial por conseguir reunir, de maneira brilhante, apuro literário e divertimento. 
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Claire Scorzi 12/02/2013

O Mar, a Vida no Mar, e as Pessoas
Comecei esse livro com algum interesse e expectativas básicas: que me entretesse. Fui surpreendida por uma narrativa cativante desde a cena inicial, com sua descrição de uma recepção de fins do século XVIII e começo do XIX, através dos pensamentos e emoções de um jovem oficial da Marinha, Jack Aubrey, e seu primeiro encontro pouco promissor com o naturalista (e depois médico mais ou menos improvisado) Dr. Maturin.
Esse olhar de O' Brian sobre os dois personagens - focando ora as experiências de um, ora do outro, ora os pensamentos de um, ora do outro - concentra, no meu entender, a qualidade chave do romance - que, usando de um vocabulário frequentemente naval, torna algumas passagens (e manobras da chalupa/brigue "Sophie") mais difíceis de ler, dada a complexidade para um leitor não familiarizado com essa linguagem, como é o meu caso. É a capacidade de O' Brian de nos fazer gostar de seus protagonistas - tão diferentes, e logo tão unidos por uma amizade tranquila, generosa, afetuosa, a qual não falta algum humor - que pode nos levar a ler com prazer, com interesse, e por vezes até paixão, esse romance. Vi leitores considerarem fraco o desenho psicológico dos personagens; eu já não acho; é sutil, pouco óbvio (quando falei da amizade como "afetuosa", por exemplo: o modo como os homens se gostam é distinto de como as mulheres se gostam, e O' Brian o evidencia) e, como em muitos grandes escritores - O' Brian foi comparado a Jane Austen, e não me pareceu exagero nesse aspecto - mostrado através de atitudes, de ações, de falas, e só às vezes por meio da intervenção direta do autor narrador em 3ª pessoa. Um outro recurso seu para "explicar" os personagens é colocar dois deles discutindo suas impressões - em geral opostas - sobre um terceiro. É, assim, uma tessitura rica que o escritor apresenta, e nos ganha. A mim ganhou. Cativada por sua dupla de protagonistas, o alegre, genial no mar e tolo em terra (como qualificou com justiça um crítico) Jack Aubrey, e o reservado porém amável, reflexivo, hábil em terra e ignorante no mar, Dr. Stephen Maturin.
Há uma galeria de personagens secundários igualmente bem desenhados, que enriquecem o quadro geral do livro - quase sempre a bordo do "Sophie" - e nos pintam um quadro vivido da vida no mar em fins do século XVIII e começo do XIX.
Renata CCS 21/10/2013minha estante
Assisti ao filme e adorei, não sabia que havia um livro também.
Boa resenha!


Rafael Mota 03/11/2020minha estante
E eu que confundi as capas e li o 10° achando que era o primeiro kkkk


Bruno Malini 22/05/2021minha estante
Amei sua resenha. Já vi o filme que na verdade não é baseado no 1° da série, mas amei. Esse ano, Mestre dos Mares está na meta. E estou comprando aos poucos , porque são caros rses, os outros que já foram publicados no Brasil


Mah 28/06/2022minha estante
Eu adoro o filme. Ja vi tanto que até enjoei




Bruno 22/11/2012

Erudição marinha
Não deixa de ser interessante notar que este primeiro volume da serie Aubrey-Maturin foi escrito em 1969 (ou mais ou menos isso). A linguagem levemente erudita, a forma culta como os personagens se comunicam me fez pensar em alguns momentos que O’Brian de fato o escreveu no século XIX. Não que isso seja um demérito, pelo contrário. Pelo fato da estória se passar em meio a personagens fleumáticos como só ingleses sabem ser, esse detalhe constitui-se como uma pequena cereja no bolo durante sua leitura. Comparemos por exemplo com outro autor de romances históricos que é um tesão entre jovens brasileiros apreciadores do gênero: Bernard Cornwell. Considero Cornwell um grande autor (apesar de achar que sua genialidade limita-se, muitas vezes, a descrições de batalhas), mas seus personagens estando no século XIX, na Idade Média ou no obscuro período Arthuriano usam sempre a mesma linguagem despojada e coloquial dos dias de hoje, entremeadas de momentos cômicos ou insultos inusitados (e criativos). São estilos diferentes o de O’Brian e o de Cornwell, e ambos possuem lá suas vantagens e desvantagens, mas acho que a opção por uma maior formalidade do autor de Mestre dos Mares nos ambienta melhor ao lermos seu livro.
Grande leitura, aliás. Qualquer um que conheça o mínimo sobre a obra desse autor já deve ter lido sobre a tara “O’Brainiana” de se descrever termos técnicos e enumera cada uma das vinte velas, mastros, cordas e cabos (latinas, traquitanas, bujarronas, papa-figos, caranguejas, estais de traquete, etc) das diversas embarcações que permeiam o livro (Polacas, Xavecos, Galeras, Chalupas, Brigues, Navios). Acredito que para se compreender 100% desses detalhes técnicos é necessário ser tão marujo quanto o capitão Aubrey, o fato é que O’Brian ou escreveu esse livro exclusivamente para homens do mar, ou estava ciente de que o público leigo não entenderia bulhufas quando o publicou. Contudo, não acredito que o fato de sermos todos leigos em assuntos marinhos prejudique a obra. Mesmo quando não fazemos idéia do que é seguir a barlavento, o contexto da narração nos mantém presos nos acompanhamentos dos acontecimentos. Lembremos também que Maturim, um dos protagonistas também é leigo em assuntos navais (apesar de terminar o livro mais entendido do que o leitor). Batalhas existem, mas tal como no filme, não é o foco do livro. A maior delas – um ataque contra um navio espanhol bem maior, o Cacafuego – é muito bem trabalhada e empolgante de se ler, mas não pode-se dizer que é excepcional. Contudo, os ataques são sempre interessantes porque batalhas navais não são coisas exatamente comuns em qualquer literatura.
O mesmo se pode dizer em termos da geografia descrita, sem a devida atenção, podemos acabar nos confundido quanto a localização de Gibraltar, ou Barcelona, ou a Costa Minorquina. Assim, quando Aubrey e sua tripulação tomam uma torre espanhola em uma costa mediterrânea, a erudição excessiva e os geografismos do autor tiram um pouco da força do acontecimento (e nesse momento, acho que Cornwell se sairia melhor).
Das personagens não se pode dizer que são bem trabalhadas, talvez o mais bem acabado, seja de fato o cirurgião Stephen, que, até por não saber como raios é o cotidiano em um navio, faz com que melhor nos identifiquemos a ele. Aubrey é um marujo alegre e gordo, tem lá a suas aflições mas quase nem lhes dá importância, o mesmo se dá ao seu imediato, James Dillon, um sujeito grave e sisudo que quando passa por uns maus bocados nem sentimos tanta piedade. A tripulação da Sophie, por outro lado é uma diversão a parte. Mesmo sem o devido aprofundamento conseguem arrancar sorrisos com suas fofocas, superstições e excessos quando estão em terra, sem contar o carinho que sentem pelo seu capitão e cirurgião de bordo.
Talvez o maior defeito desse primeiro volume, em minha opinião, seja a falta de foco, a falta de objetivo da Sophie. Aubrey recebe sua embarcação e logo são chamados a escoltar uma frota de mercadores, em seguida estão pilhando a costa espanhola, em seguida estão sendo perseguidos, ao final, mais ou menos se esboça algo, um foco específico na estória, mas aí o livro já está acabando. Mas deixando o desejo de novas aventuras, que venha agora O Capitão.

(O texto não foi revisado porque não tive tempo \O/)
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Guilherme Tisot 14/01/2009

Decepcionante
Esperava mais deste livro. Patrick O'Brian sabe descrever a vida em alto mar como ninguém, mas Mestre dos Mares é uma leitura difícil para quem não está familiarizado com os termos navais, além de ser uma história cansativa e repetitiva, com personagens pouco cativantes. Apesar de tudo, o livro tem pontos altos, como as batalhas em alto mar e na costa e o refinado senso de humor de O'Brian.
Nadz 24/09/2011minha estante
Foi a mesma coisa que senti quando comecei a ler este livro. A edição também me decepcionou, uma semana com o livro na mão (e eu sou extremamente cuidadosa), o livro estava ameaçando se despedaçar!


Ramsés 26/10/2011minha estante
concordo com você em alguns pontos Guilherme.

o livro tem linguagem erudita e a história está recheada de termos navais.Mas isso pra mim foi um ponto positivo,pois me levou a pesquisar sobre como era a navegação a vela etc.etc.etc.E quando passei a conhecer razoavelmente esses termos a leitura ficou 1000 vezes melhor!

e quanto a história cansativa:cara,a vida em alto mar é uma monotonia só!!e como você disse essa monotonia só era quebrada quando ocorriam batalhas etc.

e quanto aos personagens serem cativantes ou não:isso varia para cada leitor ...


Eduarda 09/03/2012minha estante
Eu também esperava mais, o tema me agradou muito, mas a história é um pouco monótona.


Mah 30/06/2022minha estante
Eu gostei




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