Joshua 04/10/2013
Não serão sete dias de férias. Serão sete dias de puro terror.
É inegável que o público leitor de romances policiais é grande, e a exigência desses leitores são histórias com protagonistas que os preocupem e tramas intrincadas e geniais. No caso de Sete Dias em River Falls, do francês Alexis Aubenque, encontramos todos esses elementos, em um desenrolar digno de cinema e um desfecho surpreendente, que deixará até o leitor mais experiente atordoado.
A história se passa em River Falls, uma pacata cidadezinha de Washington sem nenhuma atração aparente, o local ideal para quem procura calmaria. Mike Logan, atual xerife da cidade, deixou a vida movimentada de Seattle e os crimes hediondos, o que significou até o rompimento de um relacionamento. Mas ao chegar a cidade, ele se vê diante de um crime horrendo: duas jovens foram encontradas dentro de um lago local, terrivelmente mutiladas. Logan percebe que isso pode ser trabalho de um serial killer, mas as pistas são escassas, e para isso, ele terá que contar com a ajuda de sua ex-namorada, Jessica Hurley, psicóloga forense, para descobrir quem está por trás de tudo isso. Em outro extremo, temos Sarah Kent, uma jovem esforçada e estudiosa, com uma vida aparentemente normal, mas que guarda um grande segredo. Ela era melhor amiga das duas jovens assassinadas, Amy Paich e Lucy Barton, mas já havia um tempo que elas não se falavam mais. Intuitivamente Sarah sente que pode ser a próxima vítima do assassino, que está mais perto do que eles pensavam. Paralelamente aos acontecimentos, a jornalista do Daily River's, Leslie Callwin é uma mulher que deseja alcançar uma posição de sucesso, e para isso, consegue informações vazadas por um tira na delegacia, o que pode ser algo vantajoso, se torna algo perigoso.
"Logan se aproximou lentamente. Esquecendo o cheiro, observou cada um dos corpos e compreendeu que estava metido num caso bem mais sórdido do que imaginara inicialmente."
Página 19
Sete Dias em River Falls é o primeiro de uma trilogia, e já em seu primeiro volume, o autor Alexis Aubenque mostra seu potencial, tecendo uma trama atraente e nos faz duvidar de tudo e de todos, ainda mais quando há pistas falsas - ou de duplo sentido - pelo caminho. Dividido em sete partes - sete dias, como o título indica - os fatos transcorrem rapidamente, à medida que a investigação de Logan ora é bem sucedida, ora não. Além disso, vamos acompanhando diversos pontos de vista nos capítulos, o que nos dá uma visão ampla de toda a história e nos deixa com a pulga atrás da orelha mais ainda.
Aubenque utiliza uma técnica certeira, onde ele consegue juntar o mistério com o drama dos personagens, além de cenas de pura ação - e terror - que deixam o leitor apreensivo. E o romance não é nada forçado, e algumas vezes eu até ri, principalmente no POV de Sarah com seus amigos. E uma coisa fica óbvia: a rapidez do desenrolar da trama. Pela história se passar em apenas sete dias, a história se acelera em alguns pontos, mas não pense que a leitura se torna enfadonha: à cada capítulo uma nova pista se revela, ou melhor, voltamos à estaca zero e a investigação se reinicia.
"Passou o revólver pelo espaço estreito e deu dois tiros, antes de soltar com a mão esquerda a tranca da janela."
Página 214
Com personagens interessantes, o xerife Logan é o típico homem de gênio forte e que tenta dar o seu melhor no trabalho, e quando se vê em situações de risco, tenta usar a lógica ou fazer o impossível, mas nunca se abalando. Já a profiler do FBI, Jessica Hurley, por ser psicóloga, consegue ser mais amável com as pessoas e acertar o ponto fraco de suas testemunhas, um contraste bem notável com Logan: ela sabe usar as palavras, ele, a força. Sarah Kent é uma jovem misteriosa. Por mais que a conhecemos em um momento bom da sua vida, sabemos que o seu passado é nebuloso, e pode ser a chave para o desfecho do mistério.
Se no decorrer do livro Alexis soube conduzir uma investigação eletrizante e que prende o leitor, o desfecho não pode ser diferente. É desesperador saber o final de certos personagens, ainda mais quando o mistério todo é revelado e descobrimos as razões de cada um. Por um momento o leitor pode chegar a pensar que tudo está perdido, mas Aubenque dá uma tacada de mestre e fecha o livro com chave de ouro.
"Virou instintivamente a cabeça para a floresta, mas, antes que pudesse entender o que estava acontecendo, uma flecha penetrou em seu olho esquerdo e atravessou o cérebro."
Página 320
Eu, particularmente adorei Sete Dias em River Falls, e creio que os amantes de romances policiais também irão gostar, mas uma coisa que eu observei é que até leitores não familiarizados com o gênero poderão se entreter com este livro, que podemos dizer, é acessível à todos os públicos, mesmo tendo suas cenas fortes. Em suma, ao terminarmos o livro, ficamos com vontade em ler as sequências, que continua em Um Outono em River Falls e termina em Um Natal em River Falls - sem previsão de lançamento no Brasil. Posso dizer que a Editora Vertigo acertou em cheio em trazer um título tão rico assim para cá.
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