Enio Myrddin 07/07/2020
A Bíblia do Absurdo
Mesmo em áudio book demorei bastante pra terminar esse livro. Continuei essa saga, pois não queria ter uma opinião baseada numa parte mas na obra completa.
O livro passeia entre o motivacional vazio e a pseudociência, com tudo que se pode esperar desse tipo de obra, mas alguns aspectos me chamaram a atenção.
Machismo e misoginia foi muito fácil perceber na obra. Também foi comum diminuir a importância de áreas sérias do conhecimento e das ciências, como a psicologia, em favor de sua própria abordagem (a PNL, que não tem comprovação científica).
Não seria nada de mais se ele se limitasse a dar motivação e técnicas de produtividades. Mas ele vai muito além, até mesmo desencorajando o leitor a procurar ajuda de profissionais.
Ele basicamente se mete em tudo que é área de conhecimento, de nutrição, passando pela medicina e principalmente psicologia, sem ter nem o conhecimento mais básico nessas áreas. Inclusive indo contra o que essas áreas construíram de conhecimentos ao longo de séculos.
Não é apresentada nenhuma comprovação, além de "causos".
O livro, dá pra perceber, é voltado para quem quer ser se tornar coach. Foca bastante em como aplicar as técnicas em outras pessoas e as convencerem de que funcionam. Em muitos aspectos é um manual de manipulação. É também uma grande autopromoção.
Embora o livro seja longo demais e eu tenha demorado para concluí-lo e acabado esquecendo a maioria das coisas ditas, duas, entre os vários absurdos, me veem a memória.
Mesmo sem ser nutricionista existe uma parte no livro dedicada só a esse tema, recheada de absurdos é claro. Logo depois de incentivar as pessoas a pararem de consumir água, vem a sugestão de que água destilada seria melhor para consumo do que água comum, o que me deixou de queixo caído (pra quem não sabe, consumir água destilada pode provocar até diarreia).
Esse é só um exemplo de como ele se mete em tudo quanto é área de conhecimento sem ter nem a noção mais básica de ciências. Mas não para na ignorância, ele vai até a própria maldade.
O livro encerra com uma história horrenda. Sabendo de um crime de estupro e que voltaria a acontecer, o autor se vangloria de apenas ter dado uns conselhos para a vítima e que só isso já teria mudado a vida dela.
Não, ele não afirma que chamou a polícia ou avisou aos pais da vítima. Apenas mudou seu "mind-set".