naniedias 14/03/2011Azincourt, de Bernard CorwellNicholas Hook era um bom arqueiro - mas também era um homem amaldiçoado, ao menos pensava que era.
Durante uma viagem que fez à Londres, tentou salvar uma herege (após escutar a voz de Deus), e, bateu em um padre. Por essa atitude, ele teve que fugir - se tornar um fora da lei, para que não fosse enforcado.
Assim, em 1414, ele estava na França, lutando em Soissons - uma horrível batalha onde o exército francês não só aniquilou o exército inglês, mas também os seus compatriotas que moravam na cidade. Hook, com a ajuda de São Crispim e São Crispiniano (que falavam com ele), conseguiu se salvar e salvar Melisande, um francessa que se tornaria a sua esposa.
"Aquela havia sido uma boa flecha, pensou Hook. De haste reta e bem emplumada, com todas as penas tiradas da mesma asa de ganso. Havia voado certeira. Tinha ido aonde ele queria, e ele havia matado um homem em batalha. Por fim podia dizer que era arqueiro."
De volta à Inglaterra, ele conseguiu servir Sir John Cornwaille, do lado de quem lutaria em futuras batalhas.
O rei Henrique se considerava dono do trono da França, resolve reclamar esse direito e parte em guerra para o país. A tomada de Harfleur deveria ser rápida, mas não foi isso que ocorreu. Passaram-se muitos dias, os ingleses morriam de disenteria e estavam enfraquecidos.
Ainda assim, após conseguir tomar a cidade, Henrique não ouviu os conselhos de voltar à Inglaterra - ele decidiu marchar pelo litoral francês - uma pequena vitória, para evitar a humilhação. A viagem seria rápida, pouco mais que uma semana. Mas o exército francês se mexeu, e os ingleses tiveram que entrar no interior da França para alcançar seu objetivo. E quando chegaram em Azincourt, encontraram o imenso exército francês - 5 franceses para cada inglês. Seria uma batalha épica e relembrada por muitos anos!
O que eu achei do livro:
É Bernard Cornwell. Aprendi a amar esse escritor inglês quando li o livro Stonehenge, que ainda é o meu favorito do autor. Se você gosta de história - irá apreciar, e muito, os livros escritos por Cornwell!
Como se escrever bem não fosse o bastante (e, acreditem, a escrita de Cornwell é primorosa), ele ainda faz extensas pesquisas antes de escrever seus livros. Portanto, ler um livro de Cornwell é quase uma aula de história. Aprecio muito que nas últimas páginas de seus livros, ele coloque uma nota histórica, explicando o que realmente aconteceu, o que saiu da cabeça dele, o que é fato, o que é suposição, etc. Você termina a história inventada por Cornwell e ele te explica o que ali realmente aconteceu da maneira como foi narrada por ele.
Os personagens criados exalam realidade! São muito bem montados e caracterizados pelo autor. Eu me apaixonei pelo jeito esquentado, desbocado e autêntico de Sir John.
"- Hook, seu desgraçado, eu amo você! - exclamou Sir John. - É assim que se faz! - gritou para os arqueiros. - Vocês rasgam a barriga deles, cravam as lâminas nos olhos deles, cortam a garganta, decepam os bagos, cravam a espada no cu, arrancam o fígado, espetam os rins, não me importa como façam, desde que matem!
Com uma escrita super gostosa, embora bastante densa, a leitura flui de maneira singular - fazendo com que cada passagem seja vivida de forma intensa pelo leitor. É quase como se estivemos como espectadores nas batalhas e acontecimentos do livro. Eu juro que pude sentir o fétido cheiro dos campos de batalha, ver o sangue escorrendo das espadas e das achas d'armas e podia ouvir o grito de pavor dos agonizantes. O autor é bem descritivo, e isso é uma característica que me agrada muito, pois consigo me sentir dentro da história.
Não sei se Azincourt é um livro para todos. Não o indicaria para pessoas fracas. Como eu disse a narrativa é muito envolvente e real - e os acontecimentos não são exatamente agradáveis. Mas o livro é extremamente perfeito e maravilhoso! Então, se você está afim de encarar o mundo do século XV, a partir do ponto de vista dos ingleses, mergulhe de cabeça e aproveite essa história!
PS: Não podia deixar de comentar que estou muito nervosa ao escrever essa resenha. O livro é maravilhoso e falar de livros tão bons assim sempre me deixa nervosa. Mas não é apenas isso - hoje existe um fator extra que me deixa ainda mais fora de mim. Essa é a 100ª resenha do blog - um feito que para muitos pode ser insignificante, porém, para mim é extremamente importante e motivo de muito felicidade e orgulho. Portanto, me desculpem se a resenha não chega aos pés do livro. Estou nervosa, empolgada, feliz! Não deixe de ler esse livro ou, ao menos, algum livro de Bernard Cornwell. O homem realmente manda muito bem!
Nota: 10
Dificuldade de Leitura: 8
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