Ao raiar do dia 25 de outubro de 1415, dois exércitos se defrontavam numa planície francesa, que viria a se tornar o mais famoso dos campos de batalha na história. De um lado, os remanescentes maltrapilhos de um exército inglês que invadira a Normandia dez semanas antes e, num golpe severo para o orgulho francês, capturou a cidade-porto de Harfleur. Porém, o cerco cobrara seu preço e dos doze mil guerreiros que haviam embarcado na expedição, somente a metade estava agora reunida no campo de Azincourt. Desses, apenas novecentos eram soldados armados, os homens de ferro da época e considerados universalmente como a elite do mundo militar. Os demais carregavam longos arcos de madeira, uma arma praticamente exclusiva de sua ilha.
Muitos deles estavam sofrendo de disenteria, que já havia incapacitado seus companheiros: todos estavam exaustos e cheios de fome. Até as condições climáticas estavam contra eles: ventos cortantes e uma chuva pesada, ininterrupta, aumentando o flagelo enquanto se arrastavam de Harfleur até o refúgio de Calais, possessão inglesa. Diante deles — e impedindo seu caminho — estava o exército francês, que os superava em número na proporção de pelo menos quatro contra um. Motivados pelo desejo de vingar a perda de Harfleur, a cavalaria francesa havia afluído aos milhares. Repousados, bem nutridos, bem armados e lutando em seu próprio território.
Ainda assim, algumas horas depois, desafiando toda a lógica e a sabedoria militar da época, os ingleses saíram vitoriosos dos campos de Azincourt. Imortalizada por Shakespeare em seu Henrique V, a batalha ganha agora uma versão pelo mestre do romance histórico, Bernard Cornwell. Um dos mais importantes autores britânicos da atualidade, Cornwell já foi traduzido para mais de uma dezena de línguas e suas novelas alcançaram rapidamente o topo das listas de mais vendidos: foram milhões de exemplares em todo mundo. A chave de seu sucesso está na criteriosa pesquisa histórica e na narrativa envolvente com a qual Cornwell disseca a vida de seus personagens.
Em Azincourt, ele narra o lendário combate pelos olhos de Nicholas Hook, arqueiro inglês. Com uma aptidão sem igual para se meter em problemas, Nick se alista na companhia de arqueiros de Sir John Cornwaille, um dos líderes do exército de Henrique V. De modo emocionante, Cornwell narra a batalha a partir da qual tantas lendas foram erguidas. Mas também observa por trás da ação bélica e realiza um painel da época. Um rei louco, duques assassinos, bispos manipuladores, heroicos cavaleiros, cirurgiões, arautos, espiões e piratas — a história de Azincourt oferece tudo isso.
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