Priscilla 23/08/2024
Legal
É um bom livro, divertido, cômico, de fácil leitura e bem curtinho.
É o segundo livro de Italo Calvino que leio.
O primeiro, "O Cavaleiro Inexistente" foi bem difícil de ler, o começo é muito chato, parado, difícil de entender, com muita descrição de guerra desconectada de um contexto. Não gostei da leitura, não me interessei e só me obriguei a terminar. Aí quis dar uma outra chance ao escritor.
Já neste livro, "O visconde partido ao meio", gostei da leitura. Achei leve, fácil, divertida. Também traz um realismo fantástico, mas de compreensão possível e divertimento.
O que mais me chamou a atenção na história foi que a divisão de Medardo em duas metades: uma má e uma boa, não significou que a parte boa era aceitável.
De fato, no começo, as pessoas gostaram mais da metade boa, em comparação com as crueldades feitas pela metade má. Mas, com o tempo, perceberam que a metade boa também era insustentável e que também trazia prejuízos concretos. "Assim passavam os dias em Terralba, e os nossos sentimentos se tornavam incolores e obtusos, pois nos sentíamos como perdidos entre maldades e virtudes IGUALMENTE DESUMANAS" (p. 86).
Me fez refletir que não existe ser humano somente bom ou somente mau. Alguém exclusivamente Mau perde sua humanidade. Assim como alguém exclusivamente Bom também perde sua humanidade. O ser humano é necessariamente um ser complexo que possui o mal e o bem em seu interior, em seus pensamentos e em suas ações. E, muitas vezes, em situações trazidas no livro, é importante ter um poucos dos dois pra equilibrar as atitudes e não ser somente ingênuo, inocente e acabar, com isso, fomentando injustiças. Esse pensamento também me faz refletir sobre a religião cristã. No cristianismo, Deus é somente Bom, enquanto que o Diabo é somente Mau. Ambos estão distantes da humanidade, pois o ser humano não consegue se identificar com somente uma parte sua. Já os deuses gregos e romanos tem bondade e maldade em seu interior, em seu pensamento e em suas atitudes, tornando-os, assim, mais próximos dos seres humanos.
Vale a leitura pelo divertimento, ironia, comicidade e pela reflexão sobre bem e mal.