ViagensdePapel 14/05/2015
O Bisturi de Ouro, de Chaiene Santos
Sabe aquele livro que te dá a sensação de estar vendo a novela das oito? Foi exatamente assim que me senti ao finalizar a leitura de O Bisturi de Ouro. O livro foi lançado no ano passado pelo selo Novos Talentos da Literatura Brasileira, da editora Novo Século.
Neste romance, o autor nos apresenta a história de Eduardo, um rapaz que luta todos os dias para realizar seu sonho: ele deseja formar-se em Medicina. Nascido em uma família unida, repleta de amor e carinho, a vida nem sempre foi tão fácil para Eduardo. Com o pai trabalhando em uma fábrica e a mãe dona de casa, ele e os dois irmãos cresceram em uma família humilde, tendo os recursos limitados e compartilhando o pouco que possuem.
A mãe de Eduardo, Catarina, sempre sonhou em ver seu filho se tornar um médico, e ela trabalha noite e dia para poder dar a oportunidade de o filho entrar em uma boa faculdade e se tornar doutor. Muitas vezes contrariada pelo seu marido que não acredita que um pobre conseguirá cursar uma faculdade de medicina, Catarina não desiste do sonho e tem fé que um dia irá se realizar.
Acompanhamos a vida de Eduardo e sua família desde o início, quando o garoto ainda pequeno já demonstrava que seria um grande homem. Sempre dedicado aos estudos, Eduardo destacava-se nas aulas e era tido como um dos melhores alunos, o que passou a causar inveja em um colega de turma, Glauco, que apesar de vir de uma família rica e ter sempre o melhor, se irritava toda vez que via Eduardo conquistando algo.
Os anos se passam e vemos Eduardo crescer e se transformar em um homem honrado, apaixonado por Helena, uma garota muito bonita e que o ama. Além disso, agora dentro dele a vontade de se tornar um médico é ainda maior, e ele se dedica muito para realizar seu sonho e o de sua mãe. Mas como a vida não é uma mar de rosas, um crime acontece, uma tragédia horrível e triste, que acaba por revelar para Eduardo que ele não pode confiar em uma das pessoas que ele considera muito importante.
Bom, acho que já deu para vocês entenderem um pouco da história, né? Não foi uma leitura maravilhosa, confesso, pois senti que alguns acontecimentos foram muito forçados. Senti muito a falta de ter uma visão mais humanizada, principalmente no personagem principal. Digo isto pois ele é sempre perfeito, sempre justo e correto. No livro inteiro vemos um homem perfeito, não que isso seja ruim, mas, convenhamos, pessoas perfeitas não existem. Chega a ser chato acompanhar a história de uma pessoa sem defeitos, que em nenhum momento comete erros.
Todos os personagens são unilaterais, o mocinho é só bom, o vilão é só ruim, e isso me incomoda muito, pois eu gosto de ver quando os personagens evoluem, gosto de ver todos os seus lados, isso é o que me conecta e me faz torcer ou odiar um personagem.
“Deus não poderia estar em todos os lugares, e pensando assim, fez as mães. Eduardo sentia-se feliz ao lado da mãe, que tanto o ajudava e torcia por ele. Sentia-se privilegiado por ter um lar fraterno e solícito. Cultivava respeito e admiração pelo pai, que andava com uma sapato com um furo no solado, por não ter coragem de tirar o dinheiro do sustento do lar para gastar consigo. Sempre dizia que a vaidade é fruto da falta de amadurecimento na vida e, assim, escondia da família o sapato furado para não aborrecê-la.”
A história é muito bonita e contada de uma maneira delicada (pontos para o autor!). É bonito ver as conquistas de Eduardo, pois ele faz por merecer. Só que infelizmente é muito previsível, você começa a ler e já meio que sabe o final, cada acontecimento você sabe como vai terminar. Não é legal deixar tudo tão previsível assim, o mistério nem é tão misterioso, senti falta de temer os acontecimentos e de me surpreender.
O Bisturi de Ouro leva três estrelas por ser uma leitura leve e bacana, mas que infelizmente não me prendeu, e eu acabei por descobrir tudo antes mesmo de terminar a história. Para quem curte histórias mais rápidas e que carregam uma lição bonita de vida, fica a sugestão!
site: http://www.viagensdepapel.com/2014/12/o-bisturi-de-ouro-por-chaiene-santos.html