Helder 14/03/2011Aventura com ConteúdoJá vi muita gente reclamando que Codigo da Vinci é um Best seller vira página sem conteúdo, com capítulos pequenos que vão te prendendo atenção, mas que não te dão tempo de pensar.
Adoro isso. Dan Brown, John Grishan, Jamie Rollins. Autores que escrevem cenas, e não somente livros.
Temos aqui Matilde Asensi, uma espanhola infelizmente pouca conhecida dos leitores brasileiros,mas que também consegue escrever cenas impressionantes, que nos deixam com saudades dos bons tempos de Indiana Jones.
Mas diferente da galera americana, temos aqui uma antítese dos Best seller americamos. Temos aqui um livro de aventura cheio de conteúdo e com capítulos enormes, mas que conseguem te prender a atenção. E este é o terceiro titulo dela que leio em português e todos são livros com conteúdo, extremamente criativos e pesquisados.
Neste A Origem Perdida , Daniel é um estudioso de idiomas antigos que de repente entra em um estado catatônico dizendo que está morto. Arnaud , seu irmão é um hacker que ficou milionário trabalhando com computadores. É um dos desbravadores da internet na Espanha, então tem muito dinheiro, o que lhe permite levar uma vida completamente urbanóide, com quesitos de deixar qualquer filme de ficção ou 007 no chinelo. (Deliciosas as descrições de sua casa controlada por inteligência artificial. É este urbanóide totalmente voltado as ciências exatas que percebe que existe algo de estranho em seu irmão que aparentemente está ligado a seu trabalho. Daniel foi pego por uma maldição criada na língua em que estava estudando, o aimará, uma linguagem antiga falada na America do Sul.
Acompanhando as pesquisas de seu irmão e com a ajuda de dois amigos/funcionários hackers, ele percebe que Daniel descobriu algo grandioso. Assim, Arnaud e seus amigos vão juntos até a Colômbia tentar descobrir o que é tudo aquilo e qual a maneira de reverter esta maldição.
Na Colômbia eles vão até escavações em cidades antigas citadas nos textos traduzidos por Daniel e no caminho encontram Marta, a chefe de Daniel, que o acusa de ter roubado anos de pesquisas. Assim Arnaud passa a ter dois objetivos: Salvar seu irmão e provar sua inocência.
Juntos, Arnaud, seus amigos e Marta, acabam encontrando uma pirâmide perdida, onde precisam usar de inteligência para conseguir se safar de armadilhas ancestrais e encontrar o segredo dos aimarás. Tudo no melhor estilo de filmes de aventura. E dá-lhe história da América e charadas matemáticas. Infelizmente vivemos em tempos de correr, então não temos tempo de pesquisar o que é falado por ali e descobrir o que é verdade ou não. Mas a leitura é uma delicia. E as descrições te fazem imaginar as câmaras da pirâmide e as provas, e lembrar sempre de Indiana Jones.
Porém o segredo dos aimarás não está somente nesta pirâmide, e quando achamos que o livro está no fim, começa uma nova aventura, onde o eclético grupo entra na Selva Amazônica em lugares que não são catalogados nem por satélites.
Ai a autora nos mostra a diferença entre a vida urbana moderna e a vida indígena que foi pouco modificada durante todos estes séculos. Arnaud e seus amigos vão percebendo que nenhuma modernidade pode salva-los por ali, ao contrario da experiência de vida dos índios, que conseguem encontrar água, comida e maneiras seguras de dormir, tornando a vida possível dentro da floresta.
Não é uma leitura fácil. Os capítulos são enormes, e no inicio, enquanto Arnaud e seus amigos estudam os documentos de Daniel, as citações históricas as vezes deixam a estória um pouco cansativo. Mas vale muito a pena desbravar estas partes e se envolver nesta viagem.
Pena que Matlde Asensi tenha pouca divulgação no Brasil, pois seus livros têm tudo para agradar o publico leitor que curte livros cheios de criatividade e aventuras.