Viva o povo brasileiro

Viva o povo brasileiro João Ubaldo Ribeiro




Resenhas - Viva o Povo Brasileiro


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Eric 28/05/2016

ESPETACULAR
Começo esta resenha já dizendo que esse livro é o melhor que já li de toda literatura brasileira. Não consigo definir todas as emoções e mudanças de visões que a leitura do livro me proporcionou, realmente, Viva o Povo Brasileiro me fez sentir, intensamente, o verdadeiro significado da expressão "Ser Brasileiro".
Referência internacional, João Ubaldo Ribeiro é um dos maiores nomes da literatura nacional. Viva o Povo Brasileiro foi sua grande estreia como escritor, e logo, tornou-se uma das maiores joias literárias brasileira, o que fez a obra se tornar um clássico em disparada. Vencedor de prêmios importantes como o Jabuti, Viva O Povo Brasileiro fascina os leitores pela sua riqueza e primordialidade para a educação cultural e sentimental.
As intenções são ambiciosas, uma vez que João Ubaldo é desafiado a narrar 4 seculos da historia do Brasil ( especificamente na Bahia), relacionando ficção e realidade, na visão dos subalternos e soberanos, desencadeando uma narrativa carregada de fatos históricos, aventuras, paixões, violência e muito sarcasmos e criticas.
O livro começa bem denso, narrando o Brasil pré-colonial através dos jesuítas e as invasões holandesas. Caboclo Capiroba é o primeiro personagem que nos marca, visto que retratava toda natividade brasileira, antropofágico de primeira, apreciava carne dos holandeses, procriava com as próprias filhas e demonstrava uma resistência imensa aos jesuítas.
Logo, chegam os portugueses para explorar. A escravidão toma conta, violência que não acaba nunca, permeiam nos plantios de cana de açúcar e na pesca de baleias. Perilo Ambrósio é o simbolo do colono devastador, estupra uma escrava e a descarta, ato hediondo, a violência sexual demonstra a supremacia do homem branco com os negros importados das colonias portuguesas na África.
É com a Irmandade do Povo Brasileiro que o autor irá demonstrar a revolta dos oprimidos. Irmandade que caracteriza as aventuras pela a história, chegando ate mesmo a influenciar revoltas como de Canudos. Personagens como Maria da Fé e João Dandão , irão representar a voz dos subalternos, a busca pela valorização social e a verdadeira identidade brasileira
Os valores ao estrangeiro é uma das maiores criticas da obra. O eurocentrismo é escrachado durante a obra. É representado pelos ricos, por exemplo, Amleto Ferreira, personagem que nega as raízes nacionais e se autodenomina descendente de europeu, com direito certidão e ocultação da própria mãe. Em busca de ascensão na sociedade, se embebeda de cultura estrangeira e utiliza de argumentos de portugueses para oprimir os brasileiros.
A aventura é imensa, são 790 páginas de viagem pela história brasileira. Da colonização atá a ditadura, João Ubaldo recria a visão de identidade, promovendo ao leitor novas reflexões sobre o que é ser brasileiro. João Ubaldo dá vozes aos dois lados da historia, deixando o leitor a optar qual seguir. Sua narrativa é muito bem escrita, ágil, nua e crua. O autor não mede esforços para eufemismos e deixa explicito as pretensões ao final de cada capitulo.
Posso afirmar, convictamente, que este livro é o melhor que já li esse ano e de toda literatura brasileira. Consegui me sentir mais brasileiro e entender que mazelas, como a corrupção, são provenientes de séculos de exploração e desconstrução de identidade dignificada. O final da obra é o mais sarcástico que já li, mostrando a corrupção e a bomba atômica como armas primordiais para o enriquecimento e proteção dos opressores.
Recomendo muito a leitura, Viva O Povo Brasileiro é uma obra primordial para mudarmos nosso conceito de identidade nacional e nos sentir um pouco mais brasileiro.
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Adriana.Satico 01/03/2016

A consagração do povo brasileiro - vícios e virtudes
Em "Viva o povo brasileiro" o renomado autor, João Ubaldo Ribeiro, retrata passagens da história brasileira em meio a uma mistura de ficção e eventos ligados à realidade vivenciada pelo país, em momentos subjacentes a sua colonização e épocas mais recentes. A estória de vida de cada personagem ilustra inúmeros elementos atrelados a constituição do povo brasileiro. São abordados aspectos relativos a cultura, instituição e propagação de costumes, cenário político, a miscigenação das raças e a intolerância, o conflito e a ascensão entre as classes sociais, a ambição, dentre tantos outros fatores percebidos nos dias de hoje em fatos ocorridos no nosso cotidiano. Assim, cada fragmento dessa estória remonta um pouco da história da constituição da nossa identidade como brasileiros, tanto na abordagem das fraquezas, da mesquinhez, do preconceito, quanto ao realçar as virtudes, o altruísmo, a engenhosidade e a capacidade de se reinventar.
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Elder F, 26/12/2015

Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor
Um dos motivos que me fizeram não gostar de "1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil" do Laurentino Gomes, que fala da transferência da corte portuguesa para o Brasil, é que o autor, por falta de experiência e formação em história, narrou os fatos históricos a partir da perspectiva do descobridor ou, como diriam os nativos da nossa terra se soubessem português na época da chegada dos estrangeiros, a partir da perspectiva do invasor. A história brasileira que conhecemos é raramente protagonizada pelos que tiveram suas terras roubadas, suas costas marcadas pelo chicote do senhor, sua pureza roubada pelo homem branco e sua fome perpetuada pela desigualdade social. O povo brasileiro, que sempre ficou a mercê dos que estão no poder, vez em outra têm sua história (parcialmente) contada, mas isso apenas quando não é a omitem por inteiro.

Na onda de protestos que invadiu o Brasil em 2015, muitos levantaram a bandeira da ditadura militar sob o pretexto de que naquela época é que se vivia bem, pois nada de mal acontecia ao bom cidadão cumpridor de seus deveres. No entanto, os anos da ditadura se descortinaram em tempos em que pobres e famintos foram todos silenciados ou, melhor dizendo, apagados da história. Assim, o argumento dos defensores da ditadura militar defende o regime como se pobres nunca tivessem existido, pois o que importa é que a classe média, alta e aculturada vivia bem. Em 21 anos, o governo ditatorial levou ao agravamento da pobreza e das desigualdades, sem levar em consideração a censura, torturas e negação a participação social, mas ainda assim, alguns fecham os olhos e apagam o povo brasileiro da sua própria história. O "cidadão de bem", abastado e morador de bairro nobre, vivia bem, o resto, bem, é melhor apagar o resto da história.

No filme "Histórias Cruzadas" (2011), que se passa durante a era dos direitos civis nos Estados Unidos de 1960, a jornalista Skeeter decide escrever um livro onde ela possa mostrar a perspectiva das empregadas domésticas vítimas de racismo nas casas onde trabalham. Em um dos melhores momentos do filme, a doméstica Aibileen Clark, emocionada com o resultado da iniciativa, desabafa: "Ninguém nunca tinha me perguntado como era ser eu, mas quando eu disse a verdade sobre isso, eu me senti livre." Em "Viva o Povo Brasileiro" de João Ubaldo Ribeiro, o baiano também dá voz aos oprimidos e finalmente tira as amarras que prendem o povo brasileiro ao esquecimento para enfim colocá-lo como protagonista da sua própria história, libertando-o do papel de mero personagem secundário que sempre exerceu e dando-lhe a voz do narrador.

Em "Viva o Povo Brasileiro", as vozes que foram silenciadas são ouvidas e a história, que sempre foi contada por aqueles que detinham o poder, é narrada por aqueles que se identificam como sendo o próprio povo brasileiro. Na obra, João Ubaldo Ribeiro mescla a realidade com a ficção para contar a história da construção da nação brasileira durante o século XIX e XX, utilizando-se de personagens de descendência africana, indígena e europeia e realizando uma análise minuciosa da formação do sentimento nacional, do sentir-se brasileiro. Ao percorrer várias etapas da construção da nação brasileira, o romance visita as lutas pela independência, a abolição da escravatura, a Guerra dos Farrapos, a Guerra do Paraguai, a campanha de Canudos e culmina com o questionamento da origem dos problemas que se perpetuam ao longo do processo de formação e afirmação da nação brasileira.

É interessante observar na obra personagens com linha de raciocínio similares a alguns que hoje encontramos ao redor de nós. O Nego Leléu, por exemplo, é um personagem que transita entre povo e civilização e, aculturado, conforma-se com a ideia de que o negro nunca vai conseguir deixar de ser escravo do branco. Do outro lado, Maria da Fé, neta do Nego Leléu, questiona-se sempre sobre a posição do negro na sociedade brasileira, criando em si um senso de justiça. Dafé, como depois ficou conhecida, acredita que a libertação só chega com conhecimento, mas não o conhecimento formal, o de escola, e sim o conhecimento da vida, do trabalho e o reconhecimento do valor da raça negra. Assim, os personagens de João Ubaldo Ribeiro dão voz a história dos oprimidos e suscitam o pensamento crítico nos outros personagens e no próprio leitor.

Dentre as diferentes vozes da narrativa, Amleto Ferreira chamou minha atenção, pois este esconde a todo custo a real identidade de sua mãe, negra, a fim de manter uma imagem de "europeu superior" e livrar-se da identidade mestiça. Ao renegar suas origens, Amleto sofre uma transformação, onde esconde sua brasilidade para se tornar o opressor, chegando até mesmo a falsificar papéis para alterar seu sobrenome para Ferreira-Dutton, que lembra lordes ingleses de renome e requinte, bem diferente do populacho que estava acostumado a lidar. As atitudes de Amleto lembram as palavras do educador brasileiro Paulo Freire: "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor." E nessa mesma vontade de oprimir, também surge a personagem D. Henriqueta Ferreira-Dutton, que muito se orgulha por falar como se fosse portuguesa, embora seja brasileiríssima.

D. Henriqueta Ferreira-Dutton se enerva, em um dado momento da história, quando sua criada Dadeca, ao invés de falar "madame", cai no erro de chamar Henriqueta de "madamezinha". Ao ouvir tamanho disparate, Henriqueta diz sobressaltada: "- E quantas vezes já te disse para não me chamares de madamezinha, madame é uma palavra francesa, madamezinha é um barbarismo, coisa de negro, será que não aprendes nada?" Na hora lembrei das inúmeras D. Henriquetas dos dias atuais que, ao ouvirem alguém falar "zap-zap", enchem-se de cóleras. Zap-zap? Mas que coisa horrenda, dizem, esse abrasileiramento do inglês WhatsApp, WhatsApp que soa natural, que faz a língua subir e descer e os lábios se fecharem e abrirem rapidamente no "P" mudo. "Zap-zap" é coisa de povão, de gente que não tem instrução, que não sabe o mínimo de inglês: um horror. E assim, o leitor percebe como costumes de séculos e séculos atrás ainda aparecem incutidos no nosso dia-a-dia.

A história de João Ubaldo Ribeiro, que considero sua obra-prima, deixa exposta a hipocrisia dos senhores de escravos, que queimam o peito de seus escravos mas tudo bem rápido que é pra dar tempo de chegar sem atraso na missa, mas que também dá voz a ira do homem subjugado e oprimido, que tem no peito as chagas de uma vida onde tudo lhe foi tirado, inclusive a liberdade. "Viva o Povo Brasileiro" retira das ruínas da nossa história a memória de um povo excluído e, mais do que tudo, desperta no leitor um sentimento de brasilidade e de identificação com o povo brasileiro. Ainda que a sociedade brasileira sempre tenha tido diferentes percepções sobre o que somos nós e o que é o povo, é indubitável que o ser brasileiro se mescla com o ser o povo. Nós somos o povo e viva o povo brasileiro!

site: http://www.oepitafio.com/2015/12/viva-o-povo-brasileiro-joao-ubaldo.html
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Nat 05/11/2015

É um romance histórico, cercado de fatos fictícios para ilustrar acontecimentos reais da nossa história, como a Guerra do Paraguai. O mais legal do livro é como João Ubaldo nos apresenta a formação do povo brasileiro, do herói que nunca foi herói até que a História precisasse assim o transforma-lo (pois um povo precisa de heróis). A narrativa do livro é muito gostosa e fluida. Tem algumas palavras bem regiões, então só conseguia imaginar os diálogos com sotaque nordestino. Há também partes falando de sexo, estupro, relações com escravas, etc. Assim que comecei a ler, me veio muito uma comparação com Pilares da Terra, porque é um livro nas mesmas medidas – séculos de história real trazidos com personagens fictícios. Contudo, conforme eu parava de ler, não me vinha aquela vontade louca de continuar lendo, e por isso levei muito tempo para finaliza-lo (sempre colocava outros livros na frente). Só por isso não dei cinco estrelas; mas o livro é muito bom e recomendo.
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TainA.Micaellen 04/09/2015

lí por necessidade e achei muito arrastado. Mas a literatura classica muitas vezez é assim, nem sempre funciona como entretenimento, é simplesmente a historia e a cultura do nosso pais.
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Wlianna 21/08/2015

Viva nós!
"Viva o Povo Brasileiro" é um dos melhores livros de João Ubaldo Ribeiro. Como o próprio título explica, a obra trata de uma exaltação ao povo brasileiro e seus costumes; não se trata de uma exaltação caricata dos brasileiros, mas da tentativa bem sucedida de mostrar a constução de uma nacionalidade do povo.
O autor iniciou o romance com um episódio de 1647, e trouxe durante todo o livro narrações da vida doméstica e política dos brasileiros desde essa data até a última que é 1977, mas apesar de associar-se aos acontecimentos no Brasil, como o decreto da Lei Áurea, a invasão dos holandeses, a passagem do país de monarquia para república, e a Ditadura, o foco não está nesses acontecimentos, mas sim em como as vidas das personagens do livro se relacionam com a história do Brasil.
Dessa forma, há na obra diversas personagens, e cada uma delas com seus próprios ideiais, problemas e história de vida, entre elas figuram o caboclo Capiroba, e sua filha Vú, Perilo Ambrósio (o Barão) a negra Naê (Vevé), o liberto Nego Leléu, Maria da fé (grande heroína), Amleto Ferreira, e Patrício Macário (militar). Ubaldo Ribeiro satiriza a elite, narra abusos sexuais sofridos pelas negras eacravizadas, narra batalhas, traz o misticismo das religiões africanas tão presentes na Bahia, entre muitos outros episódios, transportando o leitor por entre vários contextos, épocas, e núcleos, e ao mesmo tempo usa muita ironia, crítica e um tanto de humor ao recontar com ludicidade a história do Brasil e do seu povo.
É um livro que, definitivamente, deve ser lido por todos os brasileiros.
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Ana Paula 17/08/2015

Viva João Ubaldo Ribeiro
Personagens facinantes descurtinam a sociedade brasileira durante os séculos da nossa história. Um livro lindo, daqueles que eu não conseguia parar de pensar enquanto lia. Um livro obrigatório para todo brasileiro. Um livro eterno. Um livro único!
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Marques 23/06/2015

É muita responsabilidade falar como 'Viva o Povo Brasileiro', pois não há palavras suficientes para retratar a magnífica experiência que tive ao ler e reler inúmeras vezes essa obra-prima da literatura brasileiro.
João Ubaldo Ribeiro traz uma nova concepção de 'história alternativa' dando voz e vida àqueles que sempre foram marginalizados pelos estudiosos acadêmicos da história nacional e finalizando em brado de guerra uníssono com todos que leram essa maravilhosa história: Viva nós!
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Felipe - @livrografando 27/05/2015

Viva o Povo Brasileiro! Viva o Ribeiro!
João Ubaldo Ribeiro traz consigo em sua obra “Viva o Povo Brasileiro” as múltiplas visões da sociedade brasileira do século XVII até o final do XX, reconstruindo a história e dando aos negros e subalternos na História os “louros”, ou seja, voz a quem a História calou e vez para quem a História escamoteou. Por isso, o autor mergulha numa profunda reflexão logo no primeiro capítulo onde descreve de forma transgressora a morte e a elevação da alma do alferes Brandão ao chamado Poleiro das Almas. No primeiro capítulo já é possível perceber a pretensão de Ribeiro em ironizar a quem a História rotulou como “herói”, “benfeitor”. Da mesma forma ocorre com Perilo Ambrósio Góes Farinha, barão de Pirapuama. Na história, ele ajudou na Independência, porém o autor revela seu lado animalesco, selvagem para com os negros. Além disso, o autor aborda, sem ser anacrônico, as múltiplas visões que as classes dominantes tinham sobre o povo, o que até hoje se aplica na atual situação em que o país se encontra. Com seus personagens (alguns conservadores, outros idealistas, utópicos tais como Maria da Fé e Patrício Macário), Ribeiro corrobora a ideia de que o Brasil possui “anomalias”, ou seja que o país já nasceu “doente, mal-formado”. Portanto, é com muito prazer que encerro esta primeira leitura e com a sensação de que se depender do poder, nada irá mudar, como bem disse Bonifácio Odulfo a seu irmão Patrício Macário, por volta da página 680,690, não me recordo. Uma boa base para quem deseja entender o Brasil e as situações deploráveis pelos quais ele está passando e ajuda na construção de uma mentalidade de exaltação do povo brasileiro. Como diz o próprio título do livro: Viva o Povo Brasileiro!
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Deivison 21/04/2015

Essencial para nos entendermos
Viva o Povo Brasileiro é um romance que realmente nasceu clássico. O estilo inconfundível do baiano João Ubaldo Ribeiro, que se muniu de linguagem erudita e popular (muitas vezes carregada de expressões chulas), teceu uma narrativa muito original para nos contar a formação do povo brasileiro. Munido de grande conhecimento a respeito da história do Brasil, o autor criou personagens ausentes de estereótipos e de grande profundidade. Resumindo toscamente: é a história do Caboclo Capiroba, antropófago por opção e seus netos, bisnetos, trinetos, quadrinetos, pentanetos (e mais), do Barão de Pirapuma, Amleto e descendentes de ambos. O primeiro é o arquétipo do dominado e os dois últimos do dominante.
O triste da leitura é saber que mais de quinhentos anos depois do "Achamento do Brasil", muitos brasileiros ainda cultivam opiniões e preconceitos encontrados em personagens como Amleto, outrora um intelectual fajuto que enriquecera roubando o patrão e que após o ilícito, renegava praticamente tudo que fosse obra e cultura da “gentalha que aqui vive" (mesmo sendo descendente dos povos que tanto abominava). No passado, diversas vezes encontramos a contemporaneidade. Ora nas relações patriarcais mantidas pelo Barão de Pirapuama, pseudo-herói nacional que nunca lutou pela pátria, mas mesmo assim, através de uma farsa, conseguiu as mais altas condecorações do exército brasileiro; ora na criatividade, astúcia, e força dos africanos e descendentes escravizados que não podiam exercer suas crenças livremente.
Os oprimidos perpetuam-se por gerações, em maior número quando comparados aos opressores (claro). Os poderes instituídos se renovam e buscam a equidade, mas será que um dia haverá reparação do tamanho das injustiças praticadas ontem? E NÓS, estamos lutando por uma sociedade justa e alicerçada nas liberdades individuais? Ou apenas reproduzindo com nova roupagem as barbáries de outrora? E VIVA O POVO BRASILEIRO!
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Marcus 01/01/2015

Viva nós
Vez ou outra me dou conta de estar em falta com algum autor ou obra importante. Aconteceu em julho, por ocasião da morte de João Ubaldo Ribeiro. Apesar de ter algumas obras suas na estante e ter lido várias crônicas em jornais, ainda não havia lido um livro seu. Viva o povo brasileiro foi eleito para corrigir essa falta.
A minha foi uma viagem no tempo de 30 anos, pois o livro foi publicado em 1984. Já a obra de João Ubaldo cobre mais de 400 anos da história do Brasil com seus personagens "fictícios" que você a cada página vai reconhecendo nas esquinas ou noticiários dos jornais e TV.
Viva o povo brasileiro faz uso de uma sutil ironia para expor como era o relacionamento entre proprietários de terras e escravos, políticos e empresários, polícia e cidadãos. Eu disse era? Ao fim da leitura, a sensação que fica é de que pouco ou quase nada mudou no país. E é possível entender um pouco melhor o que somos e porque somos como somos, e as razões do "debate" que começou durante a campanha eleitoral e continua nas chamadas redes sociais.
Encerrei as leituras de 2014 com chave de ouro com Viva o povo brasileiro. São quase 700 páginas, mas sua leitura deveria ser obrigatória, ao menos como reflexão, antes de fazer ou postar um comentário sobre o povo brasileiro.

site: blogbeatnik.blogspot.com
JPrates 08/11/2020minha estante
É muito verdadeira essa sensação de encontrar os personagens, não só de Viva o Povo Brasileiro, mas das obras de João Ubaldo em geral, nos noticiários e no dia a dia.




anna v. 21/09/2014

Clássico, no bom sentido
Fui levada a reler este livro movida pela emoção com a morte do autor, e não me arrependi. Que beleza essa obra do velho JU. Um romanção cujo protagonista é, de fato, o povo brasileiro, em suas diversas encarnações ao longo dos anos e dos extratos sociais. Demora-se um pouco para entrar no ritmo do livro -- e arrisco dizer que o primeiro capítulo é particularmente "difícil", mas não esmoreçam! -- mas depois é uma delícia ser embalado pela prosa rebuscada e saborosa de João Ubaldo.
Merece ser tratado como clássico, todos deveriam ler.
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Fábio 07/09/2014

Viva o Povo Brasileiro
Apesar do fato sinistro de ter começado a ler esse livro uma semana antes da morte de João Ubaldo Ribeiro - e após mais de uma década desde que o ignorei solenemente durante o período escolar -, pude notar que, muito longe de ser um livro ufanista, temos nele uma crítica que, com o perdão do paradoxo, é sutilmente feroz.

Não apenas o "jeitinho brasileiro" é abordado com maestria em suas histórias fictícias cheias de possibilidades reais, como também há uma crítica contundente ao pensamento direitista de que qualquer brasileiro - para não dizer "brasileiro" - que conseguiu atingir um certo status na vida, seja por sorte ou mesmo por um admirável esforço na vida, pode se dar ao luxo de, não apenas ignorar a população pobre (sempre chamada de "ignorante demais para ser levada a sério nas questões importantes e construtivas do país"), como também achar que essa mesma parcela da sociedade está na merda porque "não se esforçou tanto para evoluir quanto os vencedores".

Após 30 anos da sua publicação, João Ubaldo Ribeiro morreu sem receber um contra-argumento à altura daquele que pode ser encontrado espalhado ao longo das quase 700 páginas - algumas delas meio chatas e arrastadas, diga-se de passagem - e dos vários personagens divertidos dessa "pequena" obra cheia de acidez e ironia. Vale dar uma lida!
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MVGiga 23/04/2014

Viva!!!
Não é a toa que idolatro o João Ubaldo Ribeiro, esse escritor que foi capaz de descrever, poetizar e traduzir o povo baiano e brasileiro neste romance que já se tornou o meu favorito. Indo do período da colonização, passando pela época insana da escravidão e terminando no golpe militar que ainda existia na década de 70. Fazemos uma viagem na história do povo que batalha por uma vida digna diante de tanta maldade pincelada pelos sistemas políticos. O interesse socioeconômico que sempre que dá poder e privilégio para uma minoria em degradação da maioria está presente em toda obra. Mas também temos o prestigio de conhecer personagens (que podem não ser apenas ficções) que batalha contra essas opressões em diferentes períodos da história. Mais do que um livro de contos brasileiros, isto é uma lição de vida.
Paulinho 27/11/2014minha estante
Eu Quero!




augucto 11/01/2014

Feliciano
Muito irônico João Ubaldo trazer um personagem chamado Feliciano que tenha a língua cortada por ~ter dito muita bobagem~.
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