Sara.Marques300 03/05/2020Contexto geográfico: Islândia (Vilarejo de pescadores)
Impressão: poético e profundo
A desumanização, conta a história de uma menina que aos 11 anos, a Eudora, perde a sua irmã gêmea (Sigridur). Desolada pela morte de sua mais fiel companheira, tem que aprender a lidar com a "morte", e o caos que ela causa. Esse é seu maior desafio.
"O meu pai, que era um nervoso sonhador, abraçou-me brevemente e sorriu. Um sorriso silencioso, o modo de revelar ser tão imprestável quanto eu para o exagero da morte. Comecei a sentir-me violentamente só". 344
Dentro de casa, sua mãe entra em um processo de negação tão grande, que encontra na mutilação um meio para lidar com a dor da perda da filha. O pai meio aéreo a isso tudo, tenta a sua maneira ajudar sua esposa e sua filha, mais fica nítido ao longo da história que ele também precisava de ajuda.
"Devias morrer, dizia ela ao deitar. A tua irmã está sozinha e não te pode vir acompanhar. Mas tu podes. Tu podes chegar à morte com tanta facilidade... Se não te acautelares, morres distraída. E eu respondia: não me peça para morrer mãe... O único longe para ti há de ser a morte. Perto da sua irmã".
Outros personagens compõem a história, alguns até desnecessários. E um deles, é o Einar, que com o decorrer do livro você percebe que apesar de ser bem mais velho que a personagem principal, quase da idade do pai dela. Ele tem comportamentos meio infantilizados. É juntamente com Einar, que umas das cenas mais impactantes é narrada. Dá uma boa reflexão/discussão.
"Einar dizia: a menos morta gosta de mim. Eu tinha pena do Einar".
"Menos morta", era como ela era conhecida. "Sofro por ti, e sofrer por ti ainda é a felicidade que me resta".
O processo de DESUMANIZAÇÃO, narrado.
"Desumanização, porque por muitas vezes para sermos considerados mais humanos, precisássemos ser menos humanos". (Valter Hugo Mãe).
Curiosidades: significado do nome das meninas
Eudora: resto.
Sigridur: esposa, ou a noiva, amada e bela.