Ana 24/02/2021A sensibilidade característica de Valter Hugo Mae mais uma vez nos encanta nesse romance curto de 160 páginas. Porém, não é um livro fácil. É forte, melancólico, por vezes cruel.
A narradora, Halla, é uma menina de 11 anos que sofre após a morte de sua irmã gêmea Sigridur. Passa a ser chamada de “a irmã menos morta”. Ao tentar fazer sentido de toda a confusão que esse luto lhe causa e buscar sua própria individualidade, não encontra todo o apoio que precisa. Tem uma relação mais próxima com o pai, poeta, que pela literatura lhe oferece algum consolo. Já a mãe só consegue pensar na gêmea morta e negligencia a que permanece viva.
É um livro que fala sobre luto, relações familiares, perda da infância e da inocência. Halla é apenas uma criança, forçada a amadurecer muito rápido e lidar com situações inesperadas.
A história tem como pano de fundo a Islândia. Esse lugar frio, de natureza implacável, solitária e bela em toda sua magnitude reflete tais características na história e nos personagens. Tudo isso abre espaço para uma leitura muito reflexiva e tocante.
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“O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa.”
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