Nuvens de Pássaros Brancos

Nuvens de Pássaros Brancos Yasunari Kawabata




Resenhas - Nuvens de Pássaros Brancos


9 encontrados | exibindo 1 a 9


LucasFaeru 03/11/2024

Meu primeiro Kawabata é um belo retrato das relações interpessoais em um país passando por transformações profundas. Curiosamente, muitos dos livros deste período com o qual me deparo tratam de temas semelhantes, uma espécie de Nelson Rodrigues sem a brasilidade. Recomendo demais pelas belíssimas construções poéticas.
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Julio.Argibay 17/09/2024

Chikako
Nuvens de pássaros brancos de Yasunari Kawabata. Ele é autor, também, de A casa das belas adormecidas. Vamos a estória. Um grupo participa de uma reunião de chá. A Sra Chikako, que possui uma mancha de nascença no peito, nunca se casou. Talvéz tenha sido por este motivo. Ela organizada reuniões de chá, asim como dá aula, e neste participaram a Sra. Ota, sua filha Fumiko, a Srta. Inamura, o Sr. Mitani, a Srta. Fumiko, a Sra Kurimoto e o Sr. Kikuji, o protagonista da estória, dentros outros conhecidos. A Sra. Chikako não gosta da Sra Ota, pois as duas senhoras já foram amantes do pai de Kikuji. Justificado né? A Sra. Chikako quer arrumar um casamento para o Sr. Kikuji. Na saida da reunião as Sras. e o Sr. Kikuji conversam sobre o pai, mas separadamente. Ele e a Sra Ota se beijam e ele comenta sobre a marca da Sra Chikako para tentar deprecia-la. O Sr. Mitani, certo dia, recebe a Sra Ota como visita e ela se sente mal, então ele a leva para casa. Mais tarde, a filha dela liga avisando que a mãe tinha morrido. Ela comovida informou que foi suicídio. O tempo passa e a Sra. Chikako inventa que Srta. Ota havia se casado, mas logo a mentira é descoberta. O casal se encontra e eles conversam. Ele pressente algo ruim. Mais tarde, ele procura por ela, mas a jovem já havia partido...
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Nati 27/10/2022

Eu senti pena de ler tão rápido esse livro. Kawabata possui uma das linguagens mais poéticas e singular que conheço.

Admito que não é meu livro favorito dele, mas em nenhum momento seu texto deixa de ser brilhante, belo, fluído e único. Muito interessante como a cultura japonesa e o próprio autor se fundem em algo novo sem contudo abrir mão das tradições e da história do próprio país.

Acho o título de "entendedor do universo feminino" vago e pobre. O autor é muito mais que isso. Lê com mestria a angústia humana, seja em face do amor, do desejo e da morte. Com palavras suaves consegue levar o leitor do ódio profundo a ternura mais doce, um feito inacreditável.

Foi nesse livro que conheci a personagem mais insuportável feito na humanidade. Leva consigo uma marca que mais parece a representação física dos seus sentimentos e sua maledicência. A marca a deixa em desgraça - ao mesmo tempo a torna necessária.

Os personagens são ótimos como sempre, a forma direta e abrupta como ocorre os fatos nos deixa por diversas vezes desnorteado e imerso, sem saber o que esperar da próxima página. Recomendo, aliás indico ler sem pressa.
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Renata.Borges 18/04/2022

Momentos de alegria, tristeza e dor
Normalmente os asiáticos são introspectivos, corretos e profundos, mesmo quando dizem/escrevem pouco. Kawabata não é diferente.

Nesta obra, o chá é o cerne da vida das personagens que se entrelaçam entre momentos de alegria, tristeza e dor. Na trama, uma mescla de intrigas femininas em torno de um jovem promissor ao casamento. O que mais sinto nos seus livros é uma profunda melancolia.

Nobel de Literatura em 1968, primeiro japonês a receber tal distinção, pela capacidade de iluminar o episódio erótico, pela capacidade de observação, pela rede de detalhes e os valores que ofuscavam a técnica narrativa européia; ou seja, ele combina o ascetismo japonês, com a beleza do seu País, através de uma narrativa modernista, com psicologia e erotismo. Sua linguagem, nós percebemos, é suave e subjetiva. Se não o conhece, vale a pena conhecê-lo!
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LER ETERNO PRAZER 16/02/2020

Nuvens de pássaros brancos, também editado como Mil tsurus. Nele vamos acompanhar os problemas de Kikuji Mitani, que depois da morte de seu pai acaba se encontrando durante uma cerimônia de chá com duas antigas amantes do falecido: a viúva Ota e Chikako Kurimoto. A partir daí então , Kikuji é um pequeno inseto preso nas teias que essas mulheres tecem à sua volta. Chikako luta por arranjar um casamento para Kikuji. E a senhora Ota, passa a ter um relacionamento amoroso com Kikuji, filho de seu antigo amante. Há ainda a bela e sedutora Fumiko, filha da Sra. Ota, que aos poucos cava um lugar para si própria no coração de Kikuji. As intrigas entre todas as mulheres são constantes e bastante malévolas.por toda sua narrativa podemos sentir uma linguagem extremamente poética e delicada, quase ritualística, um paralelo perfeito aos procedimentos da cerimônia do chá, que nesta novela(acho que estou correto em defini-lo assim)tem papel central no desenvolvimento da trama, servindo também de contraponto de beleza e serenidade a um mundo que apesar de dominado por gestos gentis, pela beleza das mulheres, é repleto de disse-me-disses, de alfinetadas, que criam distúrbios numa vida que poderia, ser tão bela e meticulosa quanto a cerimônia em questão.O que achei surpreendente, é ver este jovem,capaz de desfrutar dos prazeres sensuais mais diversos, capaz de imaginar prazeres e de se render ao desejo sexual, se deixar dominar não só pelos rituais e costumes da boa forma, como e principalmente pelas mulheres que o cercam.Kikuji é quase uma vítima de conjecturas femininas, de ações que por pouco não lhe destituem de todo, ou quase todo, o poder sobre sua vida. Aqui vai uma observação, diante do que percebi ao comcluir essa leitura,acho que para se absorve e aproveitar toda as nuance desse narrativa seria necessário, na minha opinião um conhecimento maior da cerimônia do chá, que uma tradição milenar no Japão! Estudiosos da obra de Kawabata dizem que há três assuntos que permeiam os romances do autor: o mundo feminino, a sexualidade humana e o tema da morte. Todos os três estão presentes neste romance.Um bom livro!
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Diogo 08/07/2015

fantástico
Esse é um livro excepcional. Recomendo a leitura. É de uma sensibilidade incrível, onde o autor demonstra profundo conhecimento das sensações humanas e, principalmente, femininas. Aborda temas pertinentes, que se encaixam não somente na cultura oriental, como na ocidental também.
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Cardoso 22/04/2015

Muito mais que um "especialista em mulheres", um analista do tempo.
Muito por acaso achei esse título ao observar, na biblioteca de minha universidade, as poucas prateleiras (duas ou três) dedicadas à literaturas menos famosas (japonesa, judaica, polaca, etc.): deparo-me com esse belo título, essa bela capa. Houve, sabe-se lá porque, alguma ligação entre eu, que estava, e este livro, que é, melancólico. Felizmente, as descrições da contra capa, das orelhas e da introdução se mostraram pequenas e simplórias diante a obra -- as mulheres são indubitavelmente personagens fortes e complexos, principalmente a Sra. Ota, mas não o destaque.

Minha intuição ao ler o título estava certa, pulando praticamente todas as observações do tradutor (autor da introdução), que não passaram de detalhes diante a longa e tranquila planagem que "Nuvens de Pássaros Brancos", que começou a ser escrito poucos anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. O livro é uma reflexão da vida e do próprio contexto do Japão depois do ocorrido, do que ainda estava por vir e, numa perspectiva mais ampla, de toda sua história, trabalhando o conflito entre um "antigo Japão" contra um "novo Japão".

O romance é centrado em lentas transformações ainda que rapidamente lidas; Kawabata é dono de uma narrativa languida, que escapa rapidamente de nossas mãos, impressionisticamente misturando a paisagem natural e cultural do Japão (os pássaros, o por do sol avermelhado, os utensílios da cerimônia do chá) ao descrição a tentativa de ruptura com um passado confuso, difícil de julgar mas que precisa ser esquecido. Mitani Kikuji, o protagonista, se vê enredeado na vida do pai falecido, se envolvendo com suas duas amantes.

O "antigo", alegorizado pela arte do chá e pelo passado paterno, se mostra, primeiramente, feio, constrangedor; depois, compreensivo, apesar de até que condenável; lentamente ele se transforma, é completamente apreciado, sentido para, só então, ser superado. Pura dialética. Kikuji se livra dos fantasmas do pai lidando com eles ao absorver e transformá-los em sua própria experiência viva.

O livro, entretanto, termina pessimista, perdido numa paranoia do protagonista: ainda que livre de fantasmas, em paz com os mortos (a vida e a morte é outra questão importantíssima do livro, que se absorve nas raízes de minha interpretação), o amargo do vivido ainda se sente na garganta.
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Samy 03/02/2010

Mergulho profundo na literatura japonesa
Esse livro foi onde toda minha história de longos anos com a literatura japonesa começou, em 1995. Foi pelo seu fascínio que fui "puxada" para um mundo paralelo de onde nunca fiz questão de sair.
Tudo começa como parecia dever começar, com calma e explicações tranquilas. Mas, sem mais, começam as reviravoltas e os mergulhos vertiginosos no interior dos personagens. Aparentemente você ainda não teve tempo de conhecê-los, mas já sabe mais deles do que imagina. Todas as leis da narrativa tradicional parecem ter sido quebradas, mas tudo funciona perfeitamente. Mentira, funciona ainda melhor.
O enredo não se desenvolve como o esperado e o final não é o que você espera de um final (mais tarde, estudando as técnicas criativas de Kawabata, ficou mais claro como isso acontecia e que não, não era culpa da tradução - ele jamais planejava os romances, deixava eles seguirem seu fluxo e irem acontecendo, o que explica a inconclusão de situações e até o sumiço de personagens no decorrer de várias de suas obras). Então, já foi fisgado. Ou não.
Ama ou odeia Kawabata, é fato.
Essa edição tem alguns erros de tradução localizados pela professora Shimon, mas vale a pena por manter a beleza do estilo original. Uma experiência de peso.
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Ladyce 03/01/2010

Uma teia feminina cuidadosamente construida
Foi durante o Carnaval de 2009 que encontrei a paz necessária para me dedicar à leitura de Nuvens de pássaros brancos [Nova Fronteira: 1969], meu primeiro livro do escritor japonês Yasunari Kawabata, ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1968 e considerado um dos maiores escritores do século XX no Japão.

Neste livro, que curiosamente também foi editado no Brasil, por outros editores, com um outro nome: Mil Tsurus, seguimos os problemas de Kikuji Mitani, que depois da morte de seu pai acaba se encontrando durante uma cerimônia de chá com duas antigas amantes do falecido: a viúva Ota e Chikako Kurimoto. A partir deste momento, Kikuji é um pequeno inseto preso nas teias que essas mulheres tecem à sua volta. Chikako luta por arranjar um casamento para Kikuji. E a senhora Ota, passa a ter um relacionamento amoroso com Kikuji, filho de seu antigo amante. Há ainda a bela e sedutora Fumiko, filha da Sra. Ota, que aos poucos cava um lugar para si própria no coração de Kikuji. As intrigas entre todas as mulheres são constantes e bastante malévolas. E mesmo sem ser uma conhecedora da literatura japonesa em geral elas me lembraram as intrigas da corte, tão bem retratadas nas histórias de Genji.

Mesmo através de tradução, neste caso feita por Paulo Hecker Filho, podemos sentir uma linguagem extremamente poética e delicada, quase ritualística, um paralelo perfeito aos procedimentos da cerimônia do chá, que neste romance tem papel central no desenvolvimento da trama, servindo também de contraponto de beleza e serenidade a um mundo que apesar de dominado por gestos gentis, pela beleza das mulheres, é repleto de disse-me-disses, de alfinetadas, que criam distúrbios numa vida que poderia, outrossim, ser tão bucólica e meticulosa quanto a cerimônia em questão.

Surpreendente, é ver este jovem, que capaz de desfrutar dos prazeres sensuais mais diversos, capaz de imaginar prazeres e de se render ao desejo sexual, se deixar dominar não só pelos rituais e costumes da boa forma, como e principalmente pelas mulheres que o cercam. Kikuji é quase uma vítima de conjecturas femininas, de ações que por pouco não lhe destituem de todo, ou quase todo, o poder sobre sua vida.

Reconheço que, provavelmente para apreciar devidamente, para saborear as descrições sensíveis dos personagens, deveria ser útil uma maior familiaridade com a cerimônia do chá no Japão. No entanto, mesmo sem este conhecimento, reconheço a felicidade de certas imagens que Kawabata seleciona no romance, como as marcas de batom da Sra. Ota no mizusachi , uma imagem belíssima, poética e representativa da presença permanente desta senhora em sua vida e na vida de sua filha.

Estudiosos da obra de Kawabata dizem que há três assuntos que permeiam os romances do autor: o mundo feminino, a sexualidade humana e o tema da morte. Todos os três estão presentes neste romance. Todos delicadamente manuseados, talhados, desenhados para que se incluam no romance com naturalidade e poesia. Com mestria.

Recomendo a leitura deste livro. É fascinante, mesmo que às vezes se tenha a noção de não se estar captando tudo, tudo que foi selecionado e representado pelo autor, por falta de familiaridade com a cultura japonesa. Não importa. Vale a pena.
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Rosa Santana 24/06/2010minha estante
Ladyce, Encantei-me com a personagem da senhora Ota: fugidia e intangível, como o vento!!

Gostei muito desse livro e gostei muito, também, da sua resenha.




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