@jaquepoesia 18/09/2023
Depois de ler "Ao sabor do tempo" (o qual já está resenhado aqui no feed) me apaixonei pela escrita da antropóloga e etnóloga Héritier. Destacando certos momentos que poderiam para muitos parecer triviais, a autora conseguiu através da simples descrição desses instantes vividos transmitir a poesia que há por trás das mais simples ações.
Celebrando a vida aqui lemos memórias que embora muitas vezes aparentemente comuns e corriqueiras, certas ações se tornam com o passar do tempo inesquecíveis, e acima de tudo farão parte de nós para sempre. Os lugares onde fomos, as pessoas que conhecemos, os sabores, as sensações, os cheiros, as nuances de cores, as temperaturas, as paisagens, as superfícies, os delírios, os sonhos, os caminhos, as escolhas... neste livro coube ao menos parte da grandiosidade do que é viver e isso foi suficiente para este se tornar um dos meus livros favorito da vida!
Leiam e repassem esse livro a todos que vocês amam! Este livro carrega a verdade da qual nunca podemos nos esquecer A VIDA É PRECIOSA!
Trechos:
" O que sou "eu" além das definições exteriores que podem dar de mim: a aparência física, o caráter exposto em linhas gerais, as relações mantidas com o outro, as ocupações profissionais e pessoais, os laços familiares e de amizade, a reputação, os engajamentos, as vinculações a organizações —, além das definições, sem dúvida justas, mas também artificialmente construídas e enganosas, quem, em um sentido mais profundo, sou eu? E esse "eu", que é a nossa riqueza, é construído quando nos abrimos para o mundo — a aptidão pelo observar, a empatia com o ser vivo, a necessidade de se incorporar ao real.
O "eu" não é somente aquele que pensa e que faz, mas aquele que sente e que experimenta, segundo as leis, uma energia interna subjacente, incessantemente renovada. Se fosse totalmente desprovido de curiosidade, de empatia, de desejo, da capacidade de sentir aflição e prazer, o que seria esse "eu" que, além do mais, pensa, fala e age?
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