spoiler visualizarThiago Barbosa Santos 01/06/2019
Os 20 contos de Truman Capote
Sou do meio jornalístico, estudo Truman Capote desde a universidade. Era um escritor e jornalista bem acima da média na arte de contar histórias, ficcionais ou reais. Consagrou-se com o livro-reportagem ‘A Sangue Frio’, sobre o brutal assassinato de uma família no Kansas. A obra de Capote se tornou um marco do jornalismo literário. Mostrou-se o autor também um exímio contista. Neste livro, foram selecionados 20 ótimos contos dele. Segue resumo de cada um.
As paredes são frias- conto sobre uma garota rica, a Louise, anfitriã entediada, que não vê a hora de os convidados se retirarem da sua casa, até que sua amiga leva um grupo de marinheiros para o local. Acostumada às convenções sociais, ela logo se interessa por conversar com um dos marinheiros, que demonstra deslumbramento por toda aquela riqueza da casa. Jake é um rapaz simples e, conversa vai...conversa vem, Louise sente-se interessada em conhecer mais o rapaz, que diz ter 16 anos. Ela o leva para conhecer as dependências da casa, inclusive o quarto dela. O marinheiro faz uma estranha observação: Não gosto das paredes...elas parecem muito frias”. Acontece um jogo de sedução e o rapaz, confiante, avança o sinal e é bruscamente repreendido pela garota, que resolve acabar com a brincadeira que até então havia lhe tirado do tédio que era aquela festa.
Um vison próprio- A sra. Munson está irritada com o barulho de criança brincando que invade seu apartamento. Parece estar cansada daquela vida, daquele lugar. Relembra com orgulho que, quando mais jovem, tinha uma amiga rica, a Vini Rondo, morava na Europa, casada com um barão. De repente, toca a campainha e quem é? Vini Rondo em pessoa. Achava que a amiga nem lembrava mais que ela existia. Mas o que fazia ali? O que a fez aparecer assim tão de repente? Não estava nada elegante, roupa desgastada, cabelo desgrenhado, rosto cansado. Sra. Munson tentou esconder a decepção. A visita trazia em uma caixa um casaco de vison que sempre atraiu a Sra. Munson e perguntou quanto a amiga poderia pagar por ele. Pediu um valor exorbitante, mas vendo que a outra não teria condições, aceitou um valor qualquer, para ela pouco, para a amiga, talvez muito. Em uma situação constrangedora, as duas se despediram e a visitante prometeu fazer contato no dia seguinte. Pouco tempo depois, ao experimentar a peça, ela se rasgou por completo, gasta que estava. Sra. Munson percebeu, espantada, que ficara no completo prejuízo e certamente não mais veria a amiga.
A forma das coisas- quatro desconhecidos sentam-se juntos no vagão restaurante de um trem. Um deles, soldado recém chegado do trauma de uma guerra, está voltando para casa, aliviado, ansioso para chegar. Finalmente estava livre de todo aquele tormento vivido, porém, os nervos estavam estraçalhados. Quando o quarteto estava fazendo a refeição, o soldado começou a ter uma de suas crises nervosas, em que a cabeça se contorcia de forma convulsa. Todos ficaram assustados, querendo ajudar sem saber como. O rapaz explicou o problema, falou que, antes de sair de onde estava, falaram que ele já estava bem, cem por cento, que em casa passaria tudo, mas vez ou outra aquelas crises nervosas voltavam. Minutos depois, retornou. A cena ficou um completo constrangimento para todos ali na mesa. Até que uma mulher ensaiou ir embora e o soldado não aguentou mais aquela situação. Ele mesmo partiu envergonhado.
O jarro de prata- um garoto trabalha, depois do colégio, ajudando o tio na loja dele, que é um verdadeiro sucesso. Com o tempo, aparece um forte concorrente do outro lado da rua. Os clientes se balançam, até que o dono da loja tradicional tem uma ideia após um porre com o melhor amigo. Ele pega um jarro vazio de vinho, vai ao banco e o enche de moedas, dos mais variados valores, e faz uma promoção. Quem adivinhar o valor exato que há no jarro até a véspera do Natal, fica com o dinheiro. Mas para apostar, era preciso consumir na loja ao menos 25 centavos. Os clientes entraram em alvoroço. A promoção resgatou a fidelidade ao estabelecimento, o bom movimento foi retomado. Um dia, apareceu um casal de irmãos na loja. Eles eram bem pobrezinhos, a menina não tinha um dente. O garoto olhava fissurando pelo jarro, disse que daria um palpite certeiro. O problema era ter o dinheiro para consumir e ter direito a tentar levar a bolada. Todos os dias o menino ia à loja e ficava contando o dinheiro do jarro de longe. Acabou virando motivo de chacota, mas não desistia, ia lá sempre contar. O irmão mais velho arrumou os 25 centavos para ele poder fazer a aposta. E não é que ele terminou de contar? Deu o palpite: U$77,25. Como ele teria chegado àquela conclusão? Até hoje é um mistério. Mas o fato é que ele acertou e ficou com a grana, que foi parar nas mãos de quem precisava muito. A história acabou se tornando uma lenda de Natal, repetida por anos pelo dono da loja.
Mirian- uma pensionista vive sozinha e praticamente reclusa em seu apartamento. A sra. Miller passa despercebida na vizinhança. Certo dia, foi ao cinema.
Na fila, encontrou uma garota que a abordou pedindo para que ela servisse-lhe de companhia, pois menores não poderiam entrar sozinhos. A senhora permitiu. A menina se chamava Mirian. Houve uma rápida conversa e depois se despediram. Durante uma madrugada, a campainha da casa da Sra. Miller tocou, assustada, atendeu. Quem seria àquela hora? A menina, que sem ser convidada, já foi entrando, de forma invasiva, como se fosse íntima. A presença dela era perturbadora. A velha chegou a se sentir amedrontada com aquele jeito intruso de Mirian. Ela pediu lanche e ainda tomou posse de uma joia da dona da casa antes de ir embora. Dona Miller ficou perturbada de vez quando a garota voltou em uma outra oportunidade levando um grande caixote com pertences, dizendo que havia chegado para ficar, iria morar com ela. Surtada, a senhora saiu correndo e bateu na porta de um casal de vizinhos. O rapaz foi ao apartamento enquanto a moça tentava acalmá-la. Voltou minutos depois dizendo não ter achado nada no local. Será que eu estou ficando louca, tendo alucinações? Pensou a Sra. Miller, que voltou e realmente não viu nada em um primeiro momento. Minutos depois, ouviu do quarto a voz assustadora da menina.
Meu lado da questão- o narrador do conto tenta dar o lado da versão dele sobre um episódio traumático vivido com as tias da esposa dele. O fato é que Eunice tentou matá-lo com a espada que foi do pai dela, dos tempos de Guerra Civil, e Olívia-Ann usou um facão de cortar porco. Como a situação chegou a esse ponto? O que na verdade aconteceu? O narrador inicia o conto supondo que quem observa de longe, pode dar razão às duas senhoras, porém, ele inicia todo um relato para expor a versão dele: “Eu sei o que andam falando de mim, e você pode ficar do meu lado ou do lado delas, é problema seu. É a minha palavra contra a da Eunice e a da Olívia-Ann, e só pode ficar muito claro pra quem quer que tenha um bom par de olhos quem de nós está com a razão. Eu só quero que os cidadãos dos Estados Unidos da América saibam dos fatos, só isso”. O protagonista casou-se com Marge em Mobile apenas quatro dias depois de tê-la conhecido. Os dois tinham 16 anos e mudaram de cidade para morar com as tias dela. Desde o primeiro encontro com as velhas percebeu que a convivência não seria nada saudável. Elas não faziam questão alguma de esconder a falta de apreço a ele, o pirraçavam, destratavam o rapaz, etc. Era uma relação altamente insalubre que culminou com o episódio narrador no início do conto. É um outro lado para a turbulenta história.
A lenda do Pregador- um senhor vive absolutamente sozinho em uma humilde casa isolada no mato. A esposa dele se foi, ficou a saudade e a ausência dela. As filhas dele foram morar longe e não aparecem mais. Ele claramente tem problemas psíquicos. Mantém uma fé fervorosa e só anda com a Bíblia na mão, mesmo mal sabendo ler, ou não sabe do de fato. O Pregador vive em suas andanças pelo meio do mato a invocar a presença de Jesus e de outros espíritos. Mesmo assim, tem muito medo de que algo apareça. Certo dia, se espantou com a presença de dois homens. Um tinha uma grande barba e cabeça crespa, o outro cabelo amarelo. Eles vinham caminhando trazendo um felino morto, fruto de uma caça. O velho saiu correndo e foi para casa, com medo. Pouco tempo depois, os dois apareceram com o intuito de pedir água e repousar um bocado antes de retomar a caminhada. O Pregador pensa que o barbudo é Jesus e o chama assim. Ainda chama de santo o barba amarela. Os caçadores percebem logo que se trata de um velho com o juízo meio afetado. Mesmo assim, vão conduzindo a história com até bom humor. No fim, ao se despedirem, um tanto já enfadados da loucura do velho, ele solta a seguinte frase: “Sinhô Jesus...Sinhô Jesus, quem sabe o senhor arranjasse um tempinho para achar minha velha...o nome dela é Evelina...e mandasse um abraço do Pregador para ela e contasse como sou um homem bom e feliz”. “Pode deixar que vou cuidar disse assim que chegar, vovô”, disse o barbudo, com bom humor, antes de se despedir”.
Uma árvore da noite- uma moça está na fria estação de trem, retornando para casa, após estar no enterro do tio dela, que lhe deixou como herança um violão. Ela entra no último vagão e vai para os fundos, onde acha um assento perto de um casal de idosos. A senhora está com os pés no banco, e a mulher pediu licença para se sentar. Começou a ler uma revista e logo foi interrompida pela velha, que disse precisar de alguém com quem conversar. No início, a conversa é até saudável, mas depois vai tomando caminhos estranhos. O senhor é surdo, mudo e aparente ter problemas. A fisionomia dele é assustadora. Com medo, a mulher tenta se livrar daquela situação e mudar de lugar, mas a senhora a impede, tem um olhar ameaçador e começa a falar coisas estranhas. A moça (o nome dela era Kay) virou quase que uma prisioneira. A pressão psicológica era intensa. A velha revelou que eles ganhavam dinheiro com um número macabro, e mostrou o anúncio: “LÁZARO, O HOMEM QUE ESTÁ ENTERRADO VIVO, VEJA POR SI MESMO, ADULTOS 25, CENTAVOS E CRIANÇAS, 10 CENTAVOS”. Isso mesmo, ela enterrava o velho para ganhar dinheiro. O senhor era uma figura perturbada, de repente, tirou um caroço do bolso e queria vendê-lo para Kay. Em princípio, ela se nega, o casal a deixa apavorada com a insistência, com a abordagem ameaçadora, no fim das contas, ela cede.
O falcão sem cabeça- Vincent trabalha em uma galeria de arte. Certo dia, ao sair do local, encontra uma garota que mexe verdadeiramente com ele. Tem um reencontro com ela quando a moça visita a galeria levando um quadro pintado por ela. Na tela, as asas de um falcão sem cabeça, de peito escarlate e garras de cobre. A cabeça jazia no chão, sangrando, o rosto era o da moça. Ao fundo, um céu crepuscular. Uma obra mal-acabada, mostrava força, de sentimento profundo, apesar da técnica pouco apurada. Vincent levou o quadro para casa. Depois propôs que a moça morasse junto com ele. Pouco tempo depois, ela fugiu misteriosamente. Na verdade, era uma mulher perturbada das ideias, parecia viver sempre em transe. Entrou na vida de Vincent para mexer de vez com ele, transformar-lhe a rotina.
Fechar a última porta- Walter era bem inescrupuloso. Terminou a amizade com Anna após ela falar algumas verdades para ele, que não se conformou e começou a inventar mentiras sobre ela. Ele traiu Irving ao se relacionar com Margaret em Nova York. A moça lhe arrumou um emprego em uma conceituada agência de publicidade onde trabalhava. Logo ele caiu nas graças de KK, o patrão. Mas essas relações do chefe com os subordinados eram sempre efêmeras, logo ele enjoava e demitia. Margaret tentou alertá-lo, mas o rapaz, ambicioso, se empolgou com aquela proximidade e passou a desprezá-la, até trapaceá-la. Logo ficou mal visto por ela e pelos demais colegas de trabalho. Os dois terminaram e, por intermédio de KK, Walter conheceu Rosa, moça rica. Aproximou-se dela por interesse, e depois da amiga dela. Walter mandou uma nota para um famoso colunista social insinuando que estava com Rosa, a moça não gostou, se afastou dele, achou a atitude mesquinha. Aconteceu o previsto, Walter foi chutado da agência, desprezado pelos colegas. Depois, começou a receber uns telefonemas misteriosos, uma voz firme, a pessoa dizendo conhecer Walter muito bem. Era algo perturbador para ele, mexeu com as estruturas do cara. O conto termina com ele, mais uma vez por conveniência, se envolvendo com uma mulher deficiente para ter onde dormir ao chegar em uma cidade e a porta do quarto de hotel onde estavam batendo, antes, o telefone já havia tocado, era aquela voz misteriosa, que tanto o perturbava. Mas como sabiam que estava ali? O texto mostra como sempre Walter agia com interesse. Será que aquela voz era a “culpa” por todas as suas atitudes repulsivas? Era ela a voz da consciência?
Crianças em seus aniversários- No ônibus das seis, desembarca em uma pequena cidade uma garota com a mãe. Logo as duas chamam a atenção de todos na localidade, que estavam em meio a uma festa de aniversário infantil. A menina se chamava Bobbit, era muito bonita, falante e cheia de personalidade. Mãe e filha foram morar em uma pensão ali das redondezas. Bobbit conquistou os meninos todos, principalmente Billy Bob, que tomou uma surra da mãe por ter colhido todas as rosas do jardim dela para presentear a amada. As duas foram morar na cidadezinha depois do pai de Bobbit, que não era boa peça, ter sido preso. Bobbit era talentosa, sabia dançar e cantar. Certo dia, uma companhia artística desembarcou na cidade e a menina venceu um concurso de canto e dança. Recebeu promessas de que seria levada para fazer testes em Hollywood. Mas o empresário, Manny Fox, fugiu, enrolando a todos. A garota, inconformada, escreveu para todos os xerifes das redondezas denunciando e passando informações, até que o golpista foi preso e se suicidou. Bobbit ficou com a ideia fixa de mudar-de dali para buscar a carreira artística. Conseguiu levantar o dinheiro com a ajuda dos amigos próximos. Billy Bob estava desolado com o fato de passar a viver longe da amada. Ela prometia que, quando ficasse famosa, levaria ele e os amigos para viver perto dela em Hollywood. No dia da viagem, o menino recebeu autorização da mãe para colher rosas no quintal e presentear Bobbit. Quando ela viu o presente, no calor da emoção, atravessou a rua de forma estabanada para pegar o buquê. O ônibus das seis a pegou em cheio e ela morreu na hora, atropelada pelo mesmo veículo que a deixou naquela cidade um ano antes.
Senhor desgraça- Um conto meio surreal, mas repleto de significados importantes. Traz uma angústia compartilhada por muitos, que é a sensação de que estão roubando os nossos sonhos. A personagem principal é Sylvia, que meio que joga tudo para o alto, se afasta das pessoas mais próximas e passa a se consultar com o sr. Revercomb, uma espécie de médium, para quem as pessoas relatam seus sonhos e a secretaria os anota e depois arquiva. Com o tempo, vamos percebendo que este senhor meio que explora os ‘pacientes’. Depois que saem de lá, as pessoas parecem sugadas e sem norte. É o caso de Oreilly, que diz não ter mais nada na vida, é impedido de aparecer novamente no local de atendimento de Revercomb e se entrega totalmente à bebida. Ele tem contato com Sylvia e os dois ficam bem próximos, enfrentando juntos toda aquela situação. O conto termina com a ideia fixa de Sylvia de querer recuperar os próprios sonhos: “Sabe o que ele disse quando pedi os meus sonhos”? Perguntou a moça para Oreilly, “Disse que eu não poderia tê-los de volta porque tinha gastado todos”. Os dois se despedem e ela sai sem rumo, sem medo, e sem esperança.
A pechincha- Sra. Chase recebe em casa a visita de uma antiga conhecida, uma vizinha dos tempos em que morava com o marido em uma cidadezinha do interior, da qual ela não sente saudades. Ao passo em que as duas vão conversando, ela vai descobrindo que muita coisa mudou na vida da moça, que também se mudou daquele lugar, foi largada pelo marido. Este se casou com outra e ficou com os filhos. A mulher morava sozinha em um acanhado apartamento, com um cachorro que era seu único companheiro. A visita passava por sérios problemas financeiros. Foi até a casa da Sra. Chase na verdade para tentar lhe vender um casaco velho. A dona da casa era uma senhora que não era muito de caridades, mas algo a tocou que acabou adquirindo a peça.
Um violão de diamante- em uma colônia penal bem distante, centenas de presos trabalhavam enquanto cumpriam pena. Entre eles estava o sr. Shaeffer. Ele tinha uma tremenda habilidade em fazer bonecas artesanais. Era respeitado (ou temido) por todos. Até mesmo o capitão gostava muito dele e tinha total confiança no homem. Certo dia apareceu na prisão um tal de Tico Feo, jovem espirituoso, meio falastrão, contador de causos e que tinha um violão de diamantes, que tocava com imensa habilidade. Logo os dois ficaram muito amigos. O sr. Shaeffer era resignado, havia se acostumado àquela vida na prisão, não tinha mais sonhos com o mundo lá fora. Mas com o passar do tempo, Tico Feo foi colocando na cabeça dele ideias de fuga. Eles armaram um plano e no dia em que agiram, somente Tico Feo conseguiu escapar da prisão. O outro pisou em falso, torceu o tornozelo e ficou pelo caminho. A vida do sr. Shaeffer não mudou em nada depois deste episódio. Seguiu respeitado na colônia penal, e para o capitão, o velho se machucou tentando impedir a fuga do outro. O violão de diamante acabou ficando, virou propriedade do sr. Shaeffer, outros na prisão tentaram tocá-lo, mas parecia que só Tico Feo conseguia tirar acordes dele.
Uma casa de flores- O conto se passa em Porto Príncipe. Ottilie é uma jovem bela, criada sem os pais, com pessoas que a maltratavam. Certo dia, em uma cidade próxima, teve a oportunidade de mudar de vida trabalhando em uma casa de prostituição. Era uma das mais requisitadas. Tinha duas amigas, Baby e Rosita. Tempos mais tarde, conheceu Royal. Os dois se apaixonam, foram morar na casa dele, onde também vivia a sogra de Ottilie. A Velha Bonaparte não gostou dela, foi ódio à primeira vista das duas partes. A sogra fazia de tudo para provocá-la e começou a colocar em uma sesta coisas como cabeça de bicho, cobra, etc. Como vingança, ela cozinhava tudo e dava para a velha, que a princípio gostou das iguarias, mas depois acabou morrendo. A Velha Bonaparte começou a assombrar a casa, até que Ottilie condessou tudo. Como castigo, o marido a deixou amarrada em uma árvore durante todo o dia e foi trabalhar. Neste meio tempo, as amigas a encontraram, foram lá buscá-la para fugir. Um pretendente ricão queria levar Ottilie embora. Porém, ela acabou não aceitando e, no fim das contas, ficou com o marido, contemplando as belas flores do jardim do quintal da casa.
Memória de Natal- história de uma linda amizade entre Buddy, de 7 anos, e uma prima distante, uma senhora de mais de sessenta. Estamos no mês de novembro, já nos preparativos para o Natal. Os dois preparam bolos e outros doces para os festejos natalinos. É bonito ver o quão importante tudo aquilo é para os dois, a total relação de cumplicidade entre ambos. A singeleza de tudo isso é tratada de forma magistral por Capote. O conto é basicamente as lembranças de Natal de Buddy, de tudo de especial que ele viveu nesse período. Ao ler, você meio que vai resgatando suas próprias lembranças de Natal.
Entre os caminhos para o Éden- Num sábado de março, dia de ventos amenos, o Sr. Belli comprou um buquê de junquilhos e cruzou a cidade para ir visitar o túmulo da esposa, que se chamava Esther, com quem ficou casado por 27 anos e teve duas filhas, já crescidas. Não havia sido exatamente feliz na relação. Não tinha grandes saudades da esposa, mas fez de qualquer forma a visita. No cemitério, próximo ao túmulo, foi abordado por uma mulher, a Mary O’Meaghan. Iniciaram uma conversa desinteressada, e depois o papo foi ganhando tons mais íntimos. Ela lhe ofereceu amendoins, cantou para ele e falou um pouco da própria vida. Nunca foi casada, buscava um grande amor, mas achava difícil encontrar àquela altura da vida. O sr. Belli poderia ser um pretendente? A princípio Mary pensou que sim, mas logo percebeu que o senhor não estava muito propenso a viver um novo romance, se prender a alguém. Na saída do cemitério, a senhora avistou um homenzinho cheio de vida, assobiando contente. Sr. Belli percebeu aliviado a mudança de foco, despediu-se dela agradecendo pelos amendoins e desejando boa sorte.
O convidado do Dia de Ação de Graças- Buddy era órfão e vivia com parentes, sendo muito bem tratado. A tia dele, a Srta. Sook, era a mais próxima do garoto. Ele a considerava sua melhor amiga. Somente um problema atormentava Buddy, era na escola. Odd Handerson, um garoto mal educado e valentão, o atormentava a ponto de ele perder totalmente a vontade de frequentar as aulas. Odd era de uma família grande, problemática, extremamente pobre e desestruturara. A Srta. Sook teve uma ideia para tentar quebrar o gelo entre os dois: convidar Odd para a sempre farta festa do Dia de Ação de Graças promovida pela família. Buddy, claro, odiou a ideia, mas acabou cedendo. No dia da recepção, Odd acabou furtando o camafeu, herança de família, da Srta. Sook. Buddy vou e resolveu se vingar. Com a mesa cheia de convidados, delatou seu oponente. A tia, tentando desfazer a situação constrangedora, disse, após retornar do banheiro e verificar a ausência do pertence, que não houve roubo algum. De nada adiantou. Odd, até de forma serena, confessou, devolveu o objeto e deixou a casa. A princípio, Buddy ficou com raiva da tia, porém, depois fizeram as pazes. Odd deixou de perturbá-lo, foi expulso pouco tempo depois. Cada um seguiu seu caminho. Até que um dia, Buddy e a tia estavam no quintal fazendo alguns serviços domésticos. Odd vinha passando, ofereceu ajuda e depois foi embora, sem dar tempo de eles falarem nada, sequer agradecer.
Mojave- um dos poucos contos do livro do qual não gostei muito. Talvez o enredo não tenha me cativado. Conta a história de uma moça que acabou tendo um envolvimento amoroso com o psicanalista dela. Por razões éticas, o Dr. Bentsen, já que a relação dos dois passou da profissional para a sentimental, decidiu não mais atendê-la. Ela era casada. O marido era rico e lhe dava uma boa mesada. Encontrava-se com o amante uma ou duas vezes por semana em um apartamento de propriedade do esposo. Ela começou a refletir e buscava entender por que estava tão envolvida com o Dr. Bentsen, pois não era um homem bonito, tinha um mau humor incorrigível e não dava tanta atenção para ela. Aliás, nunca recebera um presente sequer do amante. Apenas um, para ser mais exato, um vestido de pérolas antigo que pertenceu a mãe dele, uma preciosidade de família. Ela não tinha como usá-lo. Ele, não sabe-se por qual razão, tinha medo do marido, mas não tinha medo do amante.
Um Natal- Os pais de Buddy tiveram um casamento conturbado e de curta duração. Ao se separarem, cada um foi cuidar de suas prioridades e o garoto ficou de lado, foi morar longe com uns parentes. Apegou-se demais a uma tia com alma de criança, a Sook. Estava quase tudo pronto para o Natal quando chegou a notícia de que Buddy teria que passar o Natal com o pai na casa dele, em uma cidade distante. O genitor do menino era praticamente um desconhecido para ele, não havia intimidade alguma entre pai e filho. Obviamente, Buddy odiou a ideia. Neste encontro, o pai se esforçou para se aproximar do filho. Obteve algum sucesso, inegavelmente. Porém, acabou destruindo alguns sonhos do menino ao revelar que Papai Noel não existe. Acabou realizando o sonho de Buddy ao comprar um caríssimo avião, enorme. Ao se despedir do garoto, quis que ele ficasse, morasse com ele, chegou a ser uma situação constrangedora, mas o garoto voltou para o lar dos parentes, levando com ele o estiloso brinquedo que serviu como uma recompensa por aquele Natal indesejado.